Capítulo 33

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Anahí: Igualmente. – Respondeu, neutra – Tenho a impressão de já conhecê-la, de tanto ouvir falar. – Concluiu, mantendo o clima ameno.


Leila: Não imagina o quanto essa reciproca é verdadeira. – Disse, sorrindo de canto pela primeira vez. Tinha a agenda de Alfonso na mão. – Por tanto ter ouvido falar, tinha entendido que você possuía certa resistência em procurar auxilio com um profissional, mesmo sendo uma colega e assim sabendo a importância. Mas é compreensível, na nossa área. Acreditamos termos as respostas para darmos a nós mesmos. – Assentiu.


Anahí: Acreditei nisso, e até então estava convicta em estar certa. – Admitiu, respirando fundo – Mas cheguei a um ponto onde não consigo mais me ajudar. – Leila assentiu novamente.


Alfonso: Isso um tanto que altera as coisas, não? – Perguntou, parecendo pensativo. As duas o olharam – Digo, se uma pessoa está com problemas pessoais a esse nível, ela não pode servir de psicóloga pra ninguém, ou não? – Anahí ergueu as sobrancelhas, quieta.


Leila: Você ser bombeiro torna sua casa imune a incêndios? – Perguntou, balançando uma caneta na mão.


Alfonso: Bem, não. – Respondeu, dando de ombros.


Leila: Te torna um bombeiro menos capaz sua casa ter sido incendiada? – Seguiu, os olhos críticos por cima dos óculos. Anahí olhava de um pro outro.


Alfonso: Não. – Dispensou, reconhecendo aquele tom de voz.


Leila: Então não, uma coisa não tem nada a ver com a outra. O fato dela estar com problemas e precisar de auxilio não a torna menos capaz como uma profissional. – Distinguiu. Anahí observou. O tom era meio... Ácido – Pelo contrário, é um denominador humano que é mais fácil entender e resolver os problemas alheios que os nossos próprios. – Concluiu. Alfonso suspirou.


Alfonso: Certo, despeja. – Aceitou, e Anahí seguiu observando.


Leila: Alfonso, eu não ia te deixar entrar aqui hoje. Quero deixar isso bem claro antes de começarmos. – Avisou, e ele esperou, olhando o carpete – A ética profissional me impede de simplesmente me recusar a receber você, mas como estamos em janeiro eu estava decidida a só ter uma vaga pra você em dezembro. – Apontou, dura, os cabelos claros presos em um coque rígido – E nós dois sabemos que daqui até lá você já teria mudado de opinião pelo menos 6 vezes.


Anahí: O que houve? – Perguntou, sem entender o motivo da abordagem. Alfonso só escutava.


Leila: Eu preciso perguntar porque você parou de vir as consultas? – Perguntou, parecendo irritada.


Alfonso: Eu estava bem. – Respondeu, como uma criança recebendo um puxão de orelha.


Anahí: Você parou a terapia? – Ele coçou a sobrancelha.


Leila: Você estava feliz. – Ele a olhou, como quem diz "é óbvio" – E você parou de vir. De novo. Eu disse a você da ultima vez que eu não aceitaria recomeçar o tratamento com você se dando alta quando bem entende, e eu falei sério. Não é assim que funciona. – Avisou – Só o adverti aqui hoje porque você insistiu que ela precisava de ajuda. Mas estou sinceramente farta dos seus caprichos. – Alfonso a olhou.

Ainda Sou EuOnde histórias criam vida. Descubra agora