Capítulo 41

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Em um panorama geral, olhando pra trás, aquela boate sempre teve algo. Anahí sempre culpou os pássaros e os segredos, mas mesmo agora, sentada no balcão de madeira, as pernas cruzadas, observando o espetáculo, ainda sentia no ar. Talvez fosse Los Angeles no fundo, ou as barras de Pole Dance, a escadaria, as luzes perfeitas, ela não sabia dizer. Mas mesmo agora, depois dos pássaros terem voado, ainda havia algo.


Talvez fosse sobre o sangue no chão.


Na primeira vez que ela viu Madison, ela se atentou a beleza. Natural, ela era jovem, inocente, os olhos buscaram o físico. Se tivesse prestado atenção aos olhos, veria que havia muito mais que só aquilo. Veria a dor em fogo brando, no que levaria anos pra se tornar o ódio liberto agora. Era algo... Perturbador e ao mesmo tempo intrigante de se assistir.


No começo, ela pareceu querer fazer durar. Uma briga normal, com murros e todo o resto. Ela não se deixava acertar: Apenas batia, e cobrava. Cobrava por Brianna, cobrava pelo que lhe foi roubado. Foi quando Anahí se sentou. Madison perdeu a infância da filha, tinha direito de fazer aquilo durar.


Porém quando Lívia começou a sangrar, quando Madison viu o vermelho do sangue, algo mudou. Talvez a paciência tenha se perdido, o foco inicial. A primeira pancada que fez sangrar foi um murro que lhe partiu a boca, o sangue manchando a mão de Madison, fazendo o diamante da aliança reluzir em um tom rosado. Aquilo pareceu desencadear um frenesi, algo descontrolado, e não importava quantas vezes Lívia caísse, Madison a esperava levantar pra atacar de novo. Ela não parecia se cansar, não importava quanto machucasse, não importa quanto a quantidade de sangue aumentasse (e aumentou potencialmente quando uma garrafa de bebida foi estourada na nuca da outra, os cacos correndo pelo chão polido). Anahí esperou até Lívia estar com a cara toda arrebentada pra interferir.


Madison: ELA TE CHAMAVA DE MÃE! – Rugiu, levando Lívia ao chão de novo, e ofegava, as camadas do cabelo totalmente desalinhadas.


Anahí: Madison! – A outra ergueu o rosto por instinto, vendo-a descer do balcão. As duas se encararam por um momento, então Madison assentiu, recuando um passo, ofegando.


Madison: Ok. – Aceitou, tirando o cabelo do rosto. Só então percebeu que haviam manchas de sangue por todo o chão da boate, mas não importava. Anahí se agachou perto de onde Lívia ofegava, amparada nos braços.


Anahí: Ei. – A outra ergueu o rosto, agora lavado em sangue – Vem aqui com tia. – Chamou, sutil, com um sorriso afetado.


Lívia: Vocês são doentes. – Murmurou. Madison parecia inquieta, esperando.


Anahí: Vem aqui, que eu te ajudo a levantar. – Ela pegou Lívia pelos braços, ajudando-a a ficar de pé – Firme? – Perguntou, ainda com aquele sorriso.


Lívia: Saia de perto de mim. – Rosnou, soltando o braço.


Anahí: Minha bebê? – Perguntou, o olhar gelado – Você queria minha bebê? – Ela riu de leve – Pobre da sua alma. – Comentou, antes do sorriso se fechar. O joelho acertou a barriga da outra em uma pancada particularmente dolorosa, que a fez arquear na direção do chão.

Ainda Sou EuOnde histórias criam vida. Descubra agora