Capítulo 59

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Anahí assistia uma palestra na sala de TV, Blair com ela. Joseph estava na fisioterapia, então a casa estava quieta. Estava na ultima etapa do estágio, e tinha essa ultima prova pra fazer. Não havia risco de deixar a menina na sala de TV, porque a garota simplesmente não dava bola pra palestra chata. Fica indo e vindo, entediada.


Anahí tomava algumas notas, coisa pouca, mas prestava muita atenção. A base da psicologia ainda era a mesma, mas houveram alterações em algumas técnicas de abordagem durante os anos em que ela não se aproximou da profissão. Ela percebeu o quanto amava aquela profissão durante a reciclagem, e realmente mergulhava naquilo quando conseguia quietude pra estudar. Blair indo e vindo ainda era algo pra prestar atenção, mas a sala estava fechada e a menina não tinha como se machucar ali. Estava segura.


Gostava de ver as novas abordagens adotadas durante os últimos anos. Taxara algumas como pouco eficazes, colocando a si mesma como paciente e imaginando como reagiria ao ser abordada assim, mas algumas eram realmente promissoras. Podiam ajudar, fazer o paciente se sentir seguro, confiante, se abrir, caso aplicadas direitas. A chave era fazê-los se sentir bem, em um ambiente confiável, e o resto fluiria com o tempo.


Estava absorta na palestra na TV quando ouviu a filha dar um risinho engraçado. Só ria daquele jeito quando ficava curiosa. Desviou os olhos lentamente, sem querer perder o fio do que via, só pra tomar um choque em seguida: Blair se sentara do seu lado do sofá e encontrara algo com que se distrair. Estava do lado dela, e tinha sua mão no colo, os dedinhos passando pela cicatriz. Ela arregalou os olhos, prendendo a respiração. Pela expressão risonha da menina, já estava "brincando" há algum tempo, mas é claro que ela não sentiu. Mesmo agora, vendo os dedinhos passando pela cicatriz grosseira, não os sentia.


Anahí: Okay. – Disse, procurando manter a voz calma. Alarde não seria seu amigo agora. Ela tentou recolher a mão, mas Blair a manteve. Podia recolher a força, mas assustaria a menina – Ham. Que tal se a gente parar de ver esse filme chato e ver desenho? – Propôs, usando do que tinha em mãos.


Blair: Não quero. – Dispensou, entusiasmada. Ela viu a menina virar a mão dela entre as mãozinhas, divertida em encontrar uma cicatriz igual a da palma nas costas da mão.


Anahí: Não quer. Ok. – Aceitou, vendo a menina olhar de um lado pro outro da mão. Aquilo precisava parar, precisava parar agora, Cristo! – Okay, vamos ver sua tia Kristen! E você pode brincar com Eve! – Decidiu, se levantando, e a mão finalmente se soltou da garota, que protestou. Ela respirou fundo, se acalmando.


No final, todo o estresse causou dores em Kristen, que estava no segundo mês, o que significava que ainda estavam na fase mais delicada da gravidez, e isso deixou Ian em pânico. A levou pro hospital as pressas, e ela ficou em observação por 48h, mas no final ela e o bebê voltaram pra casa, ambos bem, só com recomendação de repouso e calma. Isso fez Ian só deixar Kristen sair da cama pro banheiro, e pro banho ele a carregava, e a mimava de tudo.


Kristen estava aprendendo a lidar com a verdade. Com o tempo, aprendeu a lidar com a verdade, e o principal: Entender o gesto que significou ele ter optado por contar aquilo para que pudessem ter uma vida debaixo apenas da verdade, do que manter aquilo pra ele, sabendo que ela nunca saberia. Significou muito pra ela. Estava entediada, de molho na cama, mas se divertia vendo Ian e Eve entrando e saindo do quarto o tempo todo com bandejas, mimando-a de tudo. Passado o susto, sabendo que seu bebê estava bem, ela estava se recuperando bem: Fisica e emocionalmente. Sempre que se sentia vacilar, ou o marido ou a filha estava lá, e não houveram mais pesadelos.

Ainda Sou EuOnde histórias criam vida. Descubra agora