11 - O Homem Por Trás das Máscaras

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Sim, isso mesmo, Ethan de novo tinha dado uma de idiota para cima de Willian. O pobre garoto sempre tentava lhe ajudar e ele sempre o dispensava grosseiramente, dizendo que não precisava da sua ajuda; nem mesmo ele entendia o porquê de fazer aquilo ou o porquê de o garoto o deixar tão ridiculamente nervoso. Talvez o fato de Willian ser sempre tão prestativo com todos lhe irritava tanto, pois o garoto tinha uma paciência impressionante e nunca se alterava e ele acabava não sabendo lidar com aquilo. Era meio que inconsciente, mas parecia que tudo que ele fazia era para provocar o garoto e ter o prazer de ver a reação dele ao ficar com raiva, mas quem estava ficando cada vez mais frustrado e com raiva era ele mesmo. Afinal, como era possível alguém ser sempre tão calmo daquele jeito ou nunca perder a paciência por nada?

Ele ia andando e pensando naquilo e entrou em um atalho para a estação de metrô, uma ruazinha deserta e maltrapilha que fazia parte de um bairro meio abandonado, onde o que predominava eram as fábricas e quase não se via movimento de pessoas. Ele mesmo só conhecia aquele lugar porque no primeiro dia que chegara a cidade, resolveu dar uma volta e acabara por se perder ao voltar para casa, ficou andando sem rumo até quase o anoitecer e só quando já estava ficando sem esperanças ouviu o barulho do trem passando por perto, então seguiu o som e entrou naquele beco, saindo quase na porta da estação de metrô.

Desde então aquele era o caminho que ele sempre percorria quando precisava escapar da correria e fugir do inferno que era aquele colégio. Sabia que não devia estar ali, pois tinha prometido a Willian que iria lhe encontrar para fazer aquele trabalho de merda, mas precisava ver como sua mãe estava antes, a preocupação com ela só aumentava e não tinha notícias há dias e ela não era do tipo que ficava sem ligar, mesmo assim, seria apenas por uma hora, não iria fazer diferença alguma, tinham o final de semana inteiro para fazer aquilo e precisava pegar seu carro, era muito incoveniente ter que andar todo aquele caminho de terra a pé para o ponto de ônibus mais próximo, isso ou chamar um táxi, mas esta última opção chamava muita atenção.

Ele entrou na rua como de costume, mas parecia ter algo errado, talvez fosse o fato de que era proibido sair do colégio durante as atividades extracurriculares, mas seu coração batia muito rápido, como se fazer aquilo fosse algo muito errado, o que de fato era, porém não era como se ele nunca tivesse feito coisas até piores que aquilo.

Ethan começou a ouvir passos atrás de si na metade do caminho e se pôs a andar mais rápido, mas os passos o acompanhavam e ele achou que não era coincidência, afinal quem andava por uma rua daquelas, àquela hora a não ser ele? Já era por volta das 17:30 e começava a ficar escuro, principalmente por causa do tempo de chuva, que estava se formando novamente; o garoto olhou para trás e quase caiu quando viu quem estava lhe seguindo. Sebastian vinha com as mãos nos bolsos da calça e com o capuz meio colocado na cabeça, seus olhos estavam com um estranho brilho alucinado e sua expressão era gélida quando se aproximou.

A conversa que se seguiu não foi uma das mais agradáveis da vida de Ethan, na verdade foi uma das mais assustadoras, principalmente porque o garoto o mantinha encostado na parede com um braço pressionando seu peito com força. Ethan queria machucá-lo também, de alguma forma, por fazê-lo se sentir tão horrível, queria vê-lo sofrer por causa daquilo, tentou de tudo, se sacudiu, esperneou e xingou tentando se soltar, mas o garoto era obviamente mais forte que ele e todas as suas tentativas eram visivelmente em vão. Ele se amaldiçoou por nunca ter tentado ficar mais forte enquanto pensava desesperado em uma solução rápida que lhe tirasse dali; sentiu as lágrimas queimando a garganta, mas engoliu de volta e se forçou a manter a calma, afinal sabia que parte daquilo tudo era mesmo sua culpa por ter atormentado o garoto no fundamental.

Sebastian lhe encarava com nítido desgosto e sua expressão era de nojo. Ethan contraiu o rosto e seus músculos ficaram tensos ao sentir o hálito do garoto tão próximo a seu rosto, estava com tanto medo e repugnância que não conseguia parar de tremer e ainda assim, em algum lugar em sua cabeça, se perguntava o porquê do garoto parecer tão enojado quanto ele. Ethan se deu conta de que se deixasse, Sebastian faria uma loucura ali, naquela rua deserta e nem fudendo que ia deixá-lo bater nele de novo.

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