20 - No Final Tudo Sempre Se Resolve

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A pouca iluminação do quarto fazia as pálpebras cansadas pesarem. Após deixar para trás as fotos de Willian, Ethan caminhou calmamente até a cama do garoto e sentou-se timidamente, assim que mexeu nos lençóis, o perfume dele invadiu suas narinas e ele não conseguiu evitar deitar-se para tentar senti-lo mais de perto.

Ethan finalmente descansara seu corpo, nem mesmo se preocupara em vestir alguma roupa, apenas permaneceu ali, só de roupão, deitado confortavelmente na cama de Willian, sentindo seu agradável aroma; fechou os olhos sentindo-os arder pelo choro de mais cedo e suspirou ainda pensando naquela situação toda em que se encontrava. Ainda lhe parecia irreal toda aquela bagunça, levando em consideração o fato de que antes sua vida era a mais comum e monótona possível. Estava mesmo começando a achar que seu dia não poderia piorar, mas o destino, como sempre, lhe mostrou que ele estava redondamente enganado.

O quarto ainda estava no silêncio confortável quando a porta se abriu, Ethan, porém, não se deu ao trabalho de erguer-se, afinal em sua mente, só poderia ser Willian com a comida, porém a voz que chegou aos seus ouvidos não foi a do garoto, mas sim uma voz feminina. Érika Sherrer, a ex-namorada de Willian, estava ali, à sua frente.

A garota apareceu do nada, lhe acusando de roubar seu namorado e lhe jogando um milhão de informações, uma mais difícil que a outra de processar. Willian tinha visto os dois juntos, mas como toda aquela merda de situação ainda podia piorar, então, obviamente pioraria e o universo, que conspirava contra ele, com certeza estava rindo quando o garoto explodiu em uma discussão acirrada com sua ex sobre amor, felicidade, passado e futuro.

Depois Willian tinha descido as escadas parecendo com pressa, sua calça de moletom cinza pendendo em seus quadris, balançando de acordo com o que ele andava. O garoto o seguiu rapidamente e conseguiu agarrá-lo pelo braço, sua pele estava fria ao toque e talvez fosse por ele estar vestindo roupas inadequadas para a baixa temperatura. Não conseguia acreditar que em apenas um dia sua vida estava ruindo ao seu redor e bem diante de seus olhos, lhe deixando sem chão para se manter de pé.

Sem aceitar aquela atitude, fez mais força em seu aperto e Will finalmente olhou para trás e quando aqueles olhos encontraram os seus, a expressão de seu rosto suavizou, o dourado de sua íris tornando a ficar quente e aconchegante, deixando de lado a frieza e o ar ameaçador, e seus músculos relaxaram visivelmente.

Ele lhe olhava de cima e Ethan se agarrou a seu braço ainda mais forte, ignorando a voz em sua cabeça que o mandava sair dali, não se meter naquilo tudo. Continuou segurando como se a qualquer momento alguém pudesse arrancá-lo dele.

Ele pensava que o garoto iria lhe mandar embora ou simplesmente lhe ignoraria e trataria friamente por ele ter descoberto tanta coisa sobre sua vida, mas pelo contrário, Will lhe pediu para ficar ao seu lado. Pela primeira vez em muito tempo, Ethan se sentiu necessário. Enquanto lhe olhava, Willian não demonstrou qualquer nota de desconfiança ou pareceu estar mentindo, na verdade seus olhos estavam tão intensamente dourados que chegava a doer; estavam calmos, mas dançavam com um brilho perigoso. Passavam um sereno aviso, afinal só porque era calmo não significava que era passivo e aquilo era muito ruim. Eram os mesmos olhos da primeira vez que eles transaram, os olhos de um felino prestes a atacar sua presa. Aquilo definitivamente não era uma boa notícia, Ethan sabia o que aquele olhar significava e sabia que não conseguia nem queria resistir.

Olhando para aquelas íris, era como se o olhasse pela primeira vez, mas ainda assim havia uma familiaridade quase insana naquele olhar, aquelas pupilas que lhe observavam com tanta intensidade que pareciam ver até sua alma e talvez além. Elas lhe faziam queimar, lhe tiravam os sentidos o impedindo de se mexer e secando sua boca como se estivesse sendo queimado em fogo brando. Willian se aproximou e lhe abraçou, uma mão apertando sua cintura deixando bem claro que não havia espaço para desistência ou covardia, simplesmente não haviam aberturas.

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