08 - Promessa Quebrada

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Infinito, era assim que parecia ser aqueles dias para Willian; cada aula parecia interminável e mais cansativa que a anterior, mesmo que tentasse, ele não conseguia se concentrar e seus pensamentos continuavam vagando para o dia do incidente de Ethan e para a conversa que eles haviam tido antes de o garoto desaparecer.

Contando com aquele dia, já faziam exatamente vinte e três dias que ele não ia as aulas, seu quarto estava vazio e ninguém tinha notícias, até os professores se recusavam a falar sobre aquilo, mesmo quando alguém perguntava e aquilo começava a lhe perturbar.

Will suspirou exasperado, ele se encontrava na sala de aula, a quarta daquele dia e olhava para o professor a sua frente entediado. Mesmo que o outro continuasse falando, ele não ouvia uma única palavra que saía de sua boca; honestamente, já fazia muito tempo que ele não se sentia tão inquieto daquela forma por alguém, não ao ponto de lhe fazer se desconcentrar de uma de suas aulas favoritas.

Para dizer a verdade, nunca havia se preocupado tanto com alguém ao ponto de perder seu sono e concentração, até mesmo sua calma e paciência inabaláveis, imagina então por um desconhecido, que aparentemente nem gostava dele, se fosse alguns meses antes, aquilo estaria totalmente fora de cogitação na sua cabeça. Nunca iria entender toda aquela preocupação que surgira de repente em seu ser por aquele garoto novato, mas não aguentava mais aqueles dias sem notícias.

Depois de tantos dias sem aparecer na escola e sem notícia, Ethan passou a ser como uma sombra, quase como um fantasma, totalmente inalcançável e quase irreal. Willian ainda se lembrava do dia do acidente com detalhes e muitas vezes já havia se pegado pensando se fora mesmo algo tão sério ao ponto de ele precisar de tanto tempo de descanso ou se ele havia simplesmente decidido deixar aquela escola depois do que acontecera. Pensar naquilo lhe deixava ainda mais inquieto, pois odiava imaginar que não o veria novamente.

Ele tentou se lembrar de algo fora do comum, na verdade havia achado muito estranho a multidão que havia se aglomerado na quadra quando saira do banheiro com Gabriel lhe enchendo o saco naquele dia, mesmo não sendo curioso, era seu dever manter a ordem no colégio, então se aproximou e para a sua surpresa, ao passar pela multidão, se deparou com a Sra. Fitzgerald abaixada, segurando a cabeça de um Ethan inerte e sangrando, caído no chão.

Ele se lembrava de ter perdido a fala por um momento, mas Gabriel o trouxera de volta com um tapa nos ombros e ele ajudou a mulher a levar o filho até o carro, se surpreendendo no caminho ao perceber o quanto ele era leve. A Sra. Fitzgerald lhe agradeceu - ele se impressionou em como Ethan se assemelhava a mãe também, ela era uma mulher realmente incrível e talentosa, ainda por cima muito bonita.

Juntos, mãe e filho partiram dali e então o garoto desapareceu, não voltara ao colégio e obviamente também não estava frequentando as aulas, não se ouvia uma notícia sequer sobre ele ou seu estado e aquilo começava a se tornar preocupante, afinal para ele estar a tantos dias assim no hospital ou descansando em casa, a coisa devia ser mais grave do que aparentava ser e se tivesse acontecido algo de pior com ele, Willian jamais perdoaria Sebastian, definitivamente faria de sua vida um inferno, nem que afundasse junto com ele.

No dia seguinte ao acontecido, ele criou coragem para ir ao hospital, mas ao chegar lá não teve coragem de dizer que estava ali para visitá-lo e acabou não conseguindo vê-lo. Ainda deu uma espiada e o viu deitado na maca, inconsciente, mas só conseguira permanecer ali por alguns segundos antes da enfermeira lhe encontrar e ele se desesperar e fugir como se estivesse cometendo um crime.

Ele não sabia ao certo o porquê de ter fugido, mas realmente não tinha lógica ir visitá-lo, afinal eles não se conheciam e não eram amigos, na verdade nem sequer colegas eram, pois não eram nem de mesmas séries nem salas, porém sua preocupação era tanta que ele não conseguiu evitar, e até mesmo inventou uma desculpa boa o suficiente para si mesmo para criar coragem de ir ao hospital, como o estado acadêmico do garoto, que já não era dos melhores por ter entrado no meio do ano letivo, e as provas, que começariam em alguns dias e ele não tinha ido a nem uma das aulas de revisão nem pegado o conteúdo dos trabalhos que valiam pontos.

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