Capítulo 18 - Longevidade

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Apenas três dias haviam se passado desde a conversa na qual Sesshoumaru e Rin confirmaram um ao outro o desejo pela união. Era uma noite chuvosa e o youkai branco se achava recolhido em um salão reservado - um recinto similar aos escritórios domiciliares dos dias atuais. Acomodado a uma mesa baixa, ele lia um pergaminho que relatava crônicas do legendário clã dos youkaiscachorros; não que apreciasse tanto assim o assunto, simplesmente pegou o primeiro rolo ao alcance da única mão. Foi então que Jaken apareceu ali e logo se achegou a ele, cabisbaixo.

– Qual o problema, Jaken?

– Senhor Sesshoumaru, estive pensando naquilo que o senhor comentou hoje mais cedo. O senhor disse que intenta enviar uma carta à sua estimada mãe, para comunicá-la acerca do casamento.

O youkai fez um gesto em assentimento.

– Mas, senhor Sesshoumaru, não seria melhor se nós fossemos lá anunciar a nova? Rin iria adorar visitar novamente o Castelo das Terras do Oeste. Ela sempre comenta isso comigo. Quando fomos lá tratar do assunto da herança, ela era tão criança e ficou maravilhada.

– Entendo que seria um passeio divertido para ela, mas prefiro evitar isso, Jaken. Imagino que minha mãe será contra a minha união com Rin, por isso comunicá-la já é o bastante, para que ela não me venha exigir depois que eu despose alguma fêmea do clã.

– Mas é justamente pensando na situação do senhor com o clã que eu digo que não convém apenas mandar uma carta. Embora os anciãos tenham concordado em dar ao senhor a parte que decidiram lhe cabia na herança, o senhor deve se recordar das palavras de sua mãe naquele dia...

Sesshoumaru trouxe a lembrança à mente numa imagem vívida: "Quando enjoar dessa patética travessura, Sesshoumaru, volte para assumir suas responsabilidades e tomar posse de sua real herança.", foram as palavras que a mãe lhe dissera na ocasião.

– É evidente que sua honorável mãe acredita que o senhor ainda retornará ao clã. E o senhor há de convir que isso não estará assim tão fora de cogitação depois que Rin... Bem, o senhor sabe.

O semblante do youkai branco exibiu uma contundente perturbação.

– Depois que ela morrer, você quer dizer.

Jaken confirmou, quebrantado.

– Não se inquiete com isso, Jaken. Tenseiga cuidará para que Rin viva tanto quanto eu - decretou ele.

– Mas, senhor Sesshoumaru, Tenseiga pode realmente prolongar a vida de Rin? Se o poder de Tenseiga só funciona em cadáveres, não será preciso encerrar a vida de Rin repetidas vezes para então revivê-la? Eu, sinceramente, não consigo acreditar que exista um poder capaz de trazer uma mesma pessoa de volta à vida mais de uma vez - Jaken se sentou no chão, com ar muito compenetrado, praticamente falando sozinho. – Além do mais, não vejo como isso poderá impedir que Rin envelheça. Não que seja ruim ela envelhecer, mas se ela envelhecer tão rápido como todos os humanos... - angustiado, Jaken se calou, mas sabia que o mestre, astuto que era, compreenderia logo o que deixara nas entrelinhas.

– Ora, você me faz perceber a seriedade do problema, Jaken. Devo pensar em algo para solucionar isso.

– É por isso que insisto que devemos ir à fortaleza das Terras do Oeste pedir conselhos a sua honorável mãe. E, com todo o respeito, senhor Sesshoumaru, já considerou a possibilidade de sua mãe não se opor ao casamento? Talvez nossa Rin consiga cativá-la, do mesmo modo que nos cativou a nós! - entusiasmou-se o sapo.

– Não, Jaken, levar Rin à fortaleza dos youkais cachorros agora que estou desligado do clã, seria uma insensatez. Será a oportunidade perfeita para os anciões darem cabo da vida dela. Aqueles velhos podem até ser honrados, mas sabem ser impiedosos, sobretudo com humanos. É certo que estou bem mais forte, mas ainda assim eu não poderia dar conta de todos eles e protegê-la. Se for pra ir até lá, deverei ir sozinho.

As Crônicas de SesshoumaruOnde histórias criam vida. Descubra agora