Capítulo 32 - Perdão

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O dia do casamento começou com sol e um céu límpido, uma linda manhã de Primavera.

Rin acordou tranquila, sentindo-se revigorada, mas, ao perceber a intensa claridade no quarto, ela se ergueu do futon num impulso atribulado.

– Meu Deus! Por que ninguém veio me acordar? Já deve ser muito tarde!

Ajeitando displicentemente um kimono no corpo, ela deixou o quarto, praguejando contra si mesma, porém, assim que chegou ao corredor, estranhou a quietude na casa.

– Mas cadê todo mundo?

Foi então que ela escutou vozes vindas de algum cômodo próximo e logo seguia em direção a elas. Próxima à entrada do cômodo, mas ainda sem adentrá-lo, Rin reconheceu a voz de Yeda.

Espiando pela abertura do cômodo, mesmo ciente de que logo seria descoberta, em função do faro aguçado dos youkais, Rin avistou Kanna sentada em um banquinho de madeira e Yeda postada atrás dela, penteando-lhe os cabelos. Ficou ali, observando as duas e logo constatava aquilo que a youkai lobo lhe dissera naquela noite, sobre a boa relação que ela vinha mantendo com a pequena albina. O carinho com que Yeda alisava as madeixas de fios brancos era notório. Diante da cena, Rin se lembrou de si mesma anos atrás, desfrutando do mesmo cuidado.

Alisando uma mecha dos próprios cabelos, Rin pensou no quanto sentia falta da youkai lobo. Sabia que a estada de Yeda ali era temporária e que passado o casamento, ela partiria novamente com sua nova família youkai. O inconformismo a invadiu, mas ela tratou de expurgar esse sentimento. Meteu um sorriso nos lábios e ia entrando no cômodo, na intenção de saber se podia ajudar as visitantes com alguma coisa, mas no mesmo instante, Kagura, que ela não tinha reparado também estava no cômodo, se aproximou da youkai lobo e disse, em tom de reclamação:

– Mas por que toda essa demora? Naraku já deve estar cansado de nos esperar lá fora.

– Não seja tão impaciente, Kagura - retrucou Yeda calmamente.

– Não seja você tão sossegada. Eu não quero aparecer em um casamento, ainda mais de um youkai como o Sesshoumaru, mal vestida desse jeito! - exclamou, apontando as próprias vestes.

– Quanto a isso não precisa se preocupar. Eu vou arranjar bons kimonos para todos nós. Estamos sem ouro, mas eu tenho muitos amigos por aqui.

– Mas e quanto ao presente, Yeda? - perguntou Kanna. – Não temos que trazer um?

– Claro que sim, Kanna. Também vamos providenciar isso. Ainda é cedo e a cerimônia será só à tarde. Temos tempo.

Rin se sobressaltou ao ouvir aquilo e quis entrar ali para dizer a Yeda que não precisava se incomodar com um presente, mas antes que o fizesse foi abordada por Jaken.

– Bom dia, minha menina! Já acordada tão cedo? Deve estar mesmo ansiosa.

Um tanto alarmada com a possibilidade de ser flagrada espionando, Rin se afastou alguns passos da entrada do cômodo, aproximando-se mais do youkai sapo.

– Senhor Jaken, bom dia. Eu não achei que fosse cedo assim.

– Logo as outras mulheres estarão aqui para te arrumar.

– Sim, eu sei. Mas e quanto ao senhor Sesshoumaru? Ele já acordou?

– Ah, sim. E como ele ficou cismado com a aquilo que a senhorita Kagome comentou de que não traz boa sorte que o noivo veja a noiva antes da cerimônia, ele achou melhor ir se arrumar lá na casa do senhor Inuyasha.

– Que estranho... O senhor Sesshoumaru nunca foi supersticioso.

– É verdade, mas você sabe o quanto ele tem se esforçado para que tudo corra bem hoje.

As Crônicas de SesshoumaruOnde histórias criam vida. Descubra agora