Capítulo 20 - Herança - Parte 1

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Seguindo um rastro de Amanuma que fora deixado por certo intencionalmente, Sesshoumaru e Inuyasha caminhavam por entre as árvores da floresta na fronteira com o vilarejo, enquanto Jaken, Miroku e Miuga foram atrás de aliados do clã do Oeste para tentar descobrir algo sobre as intenções de Amanuma.

– Mas, Sesshoumaru - dizia Inuyasha –, se Tessaiga e Tenseiga virarem uma espada só, qual de nós dois vai ficar com ela?

– O mais forte, obviamente. Iremos decidir isso numa luta.

– Ah, ótimo! Eu vou adorar brigar com você só pra ficar com o que já é meu.

– Também vou achar ótimo te dar uma surra.

– Vai sonhando... Mas me diga: o que se ganha com isso? Por mais que eu pense a respeito, não percebo nada.

– Não se esforce tanto, pensar nunca foi seu forte. Mas, você tem razão, aparentemente não há vantagem alguma. O problema é que Toutousai deu a entender que a coisa não só é viável como necessária. Meu palpite é que, como das outras vezes, isso tudo deve ser mais um teste confiado a ele pelo nosso pai.

– Um teste?

– É o que eu acho. E também acho que Amanuma pode estar envolvido.

– Quanto a isso vai ser fácil descobrir. Já estou sentindo o cheiro desse desgraçado!

Dentro de algum tempo, os dois estavam em uma clareira e diante do youkai cachorro Amanuma. Encontraram-no sentado numa pedra rente ao chão. Os cabelos compridos de um lilás suave, emoldurando um rosto bastante andrógino, esvoaçavam pela ação do vento noturno e também ocultavam a bainha amarrada em suas costas. Os olhos violáceos, soturnos, exibiam um brilho inumano.

– Então você me poupou o trabalho de ir caçá-lo e veio até mim, Inuyasha.

– Para o seu azar.

– Tenta passar valentia, mas chega acompanhado de seu irmão?

– Não seja idiota, ele só está aqui para testemunhar sua morte.

Amanuma riu ruidosamente e, claro, nada intimidado com a ameaça. Pouco depois ele se levantou, ficando a alguns passos dos irmãos.

Sesshoumaru deu uma boa olhada nele. Comparado a si, ele era mais alto, porém menos robusto. Não exibia a austeridade e a imponência dos youkais do Oeste, mas transmitia a maturidade pertinente a sua idade. Ainda não conseguia captar a real dimensão da energia sinistra dele, mas já aprendera a lição de que youkais poderosos costumavam ocultar a própria força para despistar seus muitos inimigos. Não tinha certeza ainda se este era o caso, mas não tardaria a descobrir.

– Já sabe que não é páreo pra mim. Portanto, facilite as coisas e me entregue Tessaiga. Se entregá-la, eu deixo você viver.

– Seu sem vergonha duma figa! Nem em mil anos eu entregaria Tessaiga pra você! Nem pra você, nem pra ninguém! - disse, lançando um olhar hostil ao irmão.

– Amanuma - começou Sesshoumaru –, vejo que você também carrega uma espada forjada por Toutousai. Então por que quer Tessaiga? Caso não saiba, ela só pode ser usada por alguém que possua sangue humano nas veias.

– Sim, eu sei desse pequeno inconveniente. Mas quem quer que for comprá-la de mim não precisa saber disso.

– Como é que é? - exclamou Inuyasha. – Você pensa em levar Tessaiga apenas para vendê-la? Como se ela fosse uma quinquilharia qualquer? - a indignação em sua voz era absoluta.

– E que outra serventia uma espada incompleta como essa teria para alguém do meu nível, além de me trazer lucro? - desdenhou Amanuma e exibiu um riso zombeteiro.

As Crônicas de SesshoumaruOnde histórias criam vida. Descubra agora