Capítulo 27 - Lua crescente - Parte 2

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Amanuma soltou um assobio quando os guardas o empurraram para dentro de um ostentoso salão.

– Impressionante! Dentre os castelos dos quatro grandes clãs, o Castelo do Oeste é com certeza o mais impressionante.

– Fico feliz que tenha gostado.

– Satori! - exclamou Amanuma e precisou esfregar os olhos para se certificar de que aquilo não era alguma alucinação. Ele pensava que estivesse sendo levado à presença do chefe de segurança, não imaginava que a regente em pessoa fosse estar ali.

– Tenha respeito! - exigiu um dos guardas e desferiu um safanão no cativo. – Você deve ser referir à regente como honorável senhora Satori.

Amanuma se condoeu.

– Honorável senhora Satori - começou o outro guarda -, encontramos esse vagabundo espreitando o salão de relíquias. O que devemos fazer com ele?

– No salão de relíquias? Quanta ousadia... Muito bem, eu mesma vou cuidar disso, vocês podem nos deixar a sós.

Tão inusitada foi a ordem da regente que os guardas nem souberam como reagir e apenas permaneceram parados no lugar, estáticos. Amanuma, por sua vez, abriu um enorme sorriso.

– Posso saber o que estão esperando? - questionou a regente.

Feito dois bobos, os guardas endireitaram suas posturas e em seguida se retiraram.

Garbosa e altiva, em seus trajes alvos e opulentos, de pé ao lado de um ornado trono, Satori ficou a encarar o cativo.

Amanuma vestia um kimono cinza, muito gasto e cheio de remendos, uma calça clara na mesma condição e tinha pendurado nas costas um arruinado chapéu de palha. Sob o chapéu e os longos cabelos, que estavam soltos, ele carregava sua bainha e a espada. Olhares desatentos, o tomariam por um youkai ordinário, mas aquele simulacro não ludibriava Satori, que conhecia muito bem a proporção do poder dele.

Ainda com o largo sorriso nos lábios, Amanuma liberou uma pequena parcela de seu youki, pelo tempo de um piscar de olhos, e assim se libertou das vigorosas correntes de ferro que o prendiam, as quais caíram no chão de mármore causando um baque alto.

– Há quanto tempo, Amanuma.

– É verdade...

– É impressão minha ou você está ainda mais miserável do que na última vez que nos vimos?

– Devo admitir que a sorte não tem estado a meu lado. Sem falar que são tempos difíceis para andarilhos desgarrados como eu - respondeu ele, olhando para a regente sem esconder seu fascínio. – A senhora, por sua vez, a cada dia fica mais linda - e depois de circular as vistas ao redor do salão, ele acrescentou: – e mais rica.

Satori deu um risinho charmoso.

– Algumas gaiolas são mais bonitas que outras - ela comentou com simplicidade.

Compreendendo bem a dimensão do comentário, Amanuma fitou a regente nos olhos intensamente.

Satori sustentou o olhar perscrutador dele por algum tempo e então disse:

– Duvido muito que o que realmente o trouxe aqui estivesse no salão de relíquias, mas devo dizer que sua vinda me é bastante oportuna.

– É mesmo, minha senhora? E por quê?

Sem desviar seus olhos dourados dos olhos violáceos do youkai cachorro, Satori tirou de dentro do forro de seu kimono um pequenino rolo amarrado por uma estreita fita vermelha.

Intrigado, Amanuma ficou apenas acompanhando os gestos da regente, até que ela estendeu a ele aquele rolo. Ele pegou o objeto, com um ar curioso, e quando tocou na fita no sentido de desatá-la, para conhecer seu conteúdo, a regente deu um tapinha na mão dele.

As Crônicas de SesshoumaruOnde histórias criam vida. Descubra agora