Capítulo 28

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O helicóptero dos paramédicos chegou rápido, evitei olhar em direção a Rage, me sentia culpada e o pior de tudo certa. Embora eu soubesse que estava fazendo a coisa certa a dor no peito ainda estava ali. Fui o tempo todo segurando a mão de Lucca, pedindo para Deus que ele não ficasse com sequelas, que meu irmão ficasse bem. Quando descemos no hospital eu fui obrigada a ficar na sala de espera, Gross entrou junto a Rage e Lucca.

- Cosima, eu fiquei sabendo o que aconteceu. - era Light, ele sentou ao meu lado no banco de espera. Eu estava como sempre apoiada com os cotovelos apoiados sobre os joelhos, as costas curvadas e os cabelos bagunçados.

- Não diga que foi culpa dele... - murmurei, era o único tom te voz que eu tinha no momento, como se a capacidade de falar tivesse se perdido.

- E de quem foi? - ele perguntou me fitando, seu olhar estava cheio de certezas próprias. Respirei fundo olhando para a porta do hospital onde Sky entrava angustiada.

- Minhas. Totalmente minha. - o deixei ali e levantei indo ao encontro de Sky. - Hei, ele está bem.

- Oh Cosima, eu tentei impedi-lo de ir mas ele estava tão preocupado. O Lucca quando coloca uma coisa na cabeça... - ela chorava, a abracei em conforto por mais que no momento eu não tivesse muito a oferecer. - Tive medo de perde-lo... Tanto medo...

- Vai ficar tudo bem Sky, não se preocupe. Não vamos perde-lo. - apertei o abraço e em seguida me afastei para enxugar suas lágrimas insistentes. - Vem, vamos sentar um pouco e esperar Trisha.

Ela assentiu e sentou ao meu lado, Light permaneceu ali calado o tempo todo, eu sabia que ele queria dizer o quanto Rage é perigoso e que eu sou uma louca em ter ficado com ele, mesmo assim evitou falar qualquer coisa na presença de Sky. A tarde passou e nenhuma notícia dos dois, estava ficando difícil manter Sky controlada.

- Light, poderia buscar um café? Com a enfermeira por favor? -completei, algumas enfermeiras sabiam o que isso queria dizer, alguém precisa ser acalmado. Ele assentiu e se levantou saindo da sala de espera.

- Porque não dizem nada? Porque? - Sky me apertou contra ela, o amor deles dois era muito lindo, era doce e puro, eu estava tão feliz por ele.

- Eu pedi café e ela me deu isso, disse que era café. - Light voltou trazendo dois copos, um pequeno com o comprimido e o outro com água. - Nunca vi café transparente.

- Obrigada Light. - agradeci sorrindo, e entreguei a Sky. - Beba isso, vai se sentir melhor. - ela não hesitou, tomou o remédio rapidamente sem questionamentos e em poucos minutos ele começou a fazer o efeito desejado. Apoiei ela sobre o banco para que dormisse melhor.

- Ainda acha que ele é o melhor para você?  - Light perguntou, não parecia irritado ou triste. Foi apenas uma pergunta seca.

- Eu não sou o melhor para ele. - suspirei, antes que ele pudesse dizer alguma coisa Trisha entrou na sala.

- Boas notícias, Rage está bem mesmo tendo perdido muito sangue, Gross está doando para ele. Lucca já acordou e está se recuperando, podem entrar se quiser. - eu nem sabia que estava prendendo o ar enquanto ela falava, ao notar o soltei com força como um alívio. Eles estavam bem.

- Eu fico com a Sky, pode ir primeiro. - assenti para ele e com passos apressados entrei no quarto onde Lucca estava deitado, ligado a diversos fios e um soro.

Não pude evitar chorar, eu nunca quis vê-lo assim. Tentei secar as lágrimas mas era impossível impedir que elas caíssem novamente.

- Foi ele não foi? Eu vi em seu olhar. Foi ele quem te atacou da primeira vez, quem quase tirou você de mim. - sua voz estava rouca e estrangulada, provavelmente seu pescoço doía muito. Assenti, não tinha motivos para mentir. - Meu desejo é de mata-lo. Como conseguiu perdoa-lo?

Me aproximei da maca e segurei sua mão gelada, os lábios ainda estavam um pouco roxos pela falta de ar, mas não parecia ter ficado com sequelas. Acariciei seu rosto, sua barba e sorri para ele.

- Nunca tive ódio dele, nunca... eu sempre o amei, acho que isso foi o bastante. - ele riu levando sua mão ao meu rosto e acariciando minhas bochechas.

- Você sempre teve uma chama para encrenca, não é?  - gargalhamos.

- Mas agora eu vou tomar a decisão mais difícil da minha vida. Eu sei que o que eu fiz foi certo, mas a culpa dói e eu não suporto olhar pra ele sabendo o que eu fiz. - seu sorriso morreu aos poucos, ele sabia o que eu estava fazendo.

- Fugir nem sempre é a solução. - mas era a minha, apenas a minha e eu tinha que aproveita-la.

- Eu não vou fugir, eu vou voltar. Voltar para casa. - ele soltouno ar com força desviando o olhar para os cantos das paredes.

- Não vai nem tentar? - mexi em seu casaco e tirei de lá a chave do mustang.

- Não sou forte como você. -

Rage - Novas Espécies [L6]Onde histórias criam vida. Descubra agora