Capítulo 36

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Ella saiu devagar me dando as costas como se não tivesse jogado uma bomba em meu colo, seria ela uma traidora ou um dos maus? Não demorou para o seu marido aparecer de outra porta e me encarar com uma enorme confusão estampada na testa?

- Viu a Ella? - suspirei olhando para a porta fechada da sala de interrogatório onde tinha um homem desacordado perdendo sangue pelo nariz.

- Acabou de sair. - respondi tentando expulsar os pensamentos sobre o ocorrido, ele assentiu.

- Vou procura-la, deveria ir no centro médico. Rage ja destruiu metade do lugar. - me avisou antes de sair a procura da sua esposa.

Xinguei o ar e o acompanhei para fora do centro de segurança, não imaginava que Rage ficaria tão irritado com o curto espaço de tempo que passei longe. Praticamente corri até o centro médico sem prestar atenção em nada a minha volta, me esforcei para esquecer as palavras de Ella, as palavras do hacker e principalmente todas as teorias absurdas que minha cabeça projetava.

Ao entrar no centro e invadir alguns corredores me deparo com um Rage tremendamente furioso segurando uma maca sobre a cabeça, parecia uma criança irritada. Gross o confrontava com rosnados e não demonstrava querer abaixar a guarda ou sair do caminho do felino raivoso. Foi quando seus olhos alaranjados focaram em mim que ele jogou a maca longe, Gross seguiu sua visão e só então saiu da sua frente.

- Cos, eu fiquei louco sem saber onde você estava. - ainda estava um pouco chocada com a cena, mas ele me esmagou contra o seu peito me trazendo de volta a realidade.

- Mas eu avisei que tinha saído em missão, na verdade nem eu sabia para onde ia... Rage, está me esmagando. Preciso de ar. - ele rosnou e me afastou do seu corpo segurando apenas o meu rosto em suas mãos.

- Não quero que saia em missão. Você pode se machucar, prometi cuidar de você!  - ele reclamou, não estava com um olhar romântico no momento. Mesmo achando sua frase um tanto possessiva batia exatamente com os meus pensamentos, não quero me tornar o que Ella se tornou, seja lá o que for. Amo minha profissão, mas se o fim for esse não adianta continuar, esse não é o caminho que eu quero para mim.

- Tudo bem. - respondi somente, ele pareceu se espantar com minha reação.

- Não vai dizer mais nada? - aquilo chocou até Gross e Trisha que estava escondida dentro de um dos quartos evitando provavelmente ser atingida pelo estouro de Rage.

- Eu concordo com você, de agora em diante vou seguir a profissão em que me formei. Tenho meus motivos... - dei de ombros ocultando meus pensamentos, talvez voltar a ser enfermeira não seja tão ruim assim, eu gostava dessa profissão.

- Fico feliz que não discorde. Agora vamos para casa, eu preciso urgentemente estar dentro de você. - aquilo me fez ruborizar, e lembrar de ontem pela manhã quando me acharam praticamente semi nua sobre a maca onde ele deveria estar descansando.

- Nada disso, você precisa de cuidados! - reclamou Trisha interrompendo-o sem um pingo de remorso.

- Cosima é enfermeira, pode cuidar de mim. - rosnou para a doutora que deu um passo atrás, Gross rosnou de volta não gostando da sua atitude, afinal Trisha só estava tentando ajudar e acima de tudo fazer o seu trabalho.

- É verdade, Cosima? - assenti, ela suspirou colocando a mão na testa e revirou os olhos. - Está bem, está bem. Eu definitivamente desisto de você Rage, podem ir.

Não foi exatamente uma desistência, Rage não ficaria aqui de jeito algum, ele não parecia nenhum pouco feliz até finalmente sair de dentro do hospital apertando o passo em direção ao heliporto.

- Porque a pressa? - perguntei quando ele apertou minha cintura para que eu o acompanhasse.

- Já disse, quero estar dentro de você. Preciso de você. - aquilo me parecia mais um pedido. Sorri acariciando sua mão, não posso ficar tão distante dele, Rage parece tão necessitado de mim e eu estava definitivamente necessitada dele, em todos os sentidos.

Rage - Novas Espécies [L6]Onde histórias criam vida. Descubra agora