3°- CAPÍTULO ✝

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Na manhã seguinte, vovó não precisou nos chamar mais que três vezes, conseguimos nos arrumar antes que ela se irritasse. Wendy é ainda mais preguiçosa do que eu, mas até ela se esforçou um pouco mais.

Vovó tinha que levar algumas das suas ervas para a loja e, por isso, as colocou em uma cesta de vime. Eu aproveitei e enrolei um pedaço de torta em um pano de prato limpo e coloquei na cesta também, me oferecendo para carregá-la.

Hoje também estava ensolarado, mas, menos quente que ontem. Vesti outra saia e a mesma blusa de mangas caídas. Já na loja, a manhã correu lenta e sem muita movimentação e, dessa vez, vovó passou a maior parte do tempo atrás do balcão, ajeitando cada uma das ervas em potes específicos, enquanto Wendy estava nos fundos, jogada no jardim em algum canto que tivesse sol.

Quando fui atrás dela, a encontrei sentada do lado de algumas mudas que indicavam "lírios rosas".

— Eu acho que estou derretendo, Elena. — Wendy resmunga.

— Então saia do sol.

— Eu não posso, estou com muita preguiça. — Wendy fala arrastadamente, me fazendo revirar os olhos.

— Preciso de um favor.

— Um favor? — Seu corpo preguiçoso logo se mexe e ela me olha curiosa.

— Sem que a vovó percebesse, guardei um pedaço de torta na cesta. Hm... bem — Olho para o lado, meio sem jeito de falar. —, eu gostaria de levar esse pedaço de torta para o Jimin, apenas para agradecer pelas maçãs.

Um grande sorriso malicioso se abre nos lábios de Wendy.

— Jimin, é?! — Ela cruza os braços, esticando suas pernas na grama cortada.

— Não seja besta, eu já disse que só quero agradecer. — Bufo, um pouco incomodada com sua infantilidade.

— Tudo bem, tudo bem. Então, em que posso te ajudar, Eleninha?

Meus olhos se estreitam e Wendy encolhe os ombros com falsa inocência.

— Distraia a vovó, não deixe que ela perceba que eu vou sair, não demorarei. E se ela der minha falta, diga que fui conversar com algum mercador.

— Ok. — Wendy se levanta, espreguiçando o corpo. — Vamos entrar, eu vou trazer ela para o jardim e você vai.

Assinto.

Como o combinado, entramos de volta na loja e Wendy sugeriu que nossa avó a ensinasse a plantar flores. E vovó não poderia ter ficado mais animada com o pedido.

Esperei algum tempo até me certificar que nenhuma das duas voltaria para o interior da loja e quando tive a minha confirmação, peguei a cesta de vime e saí, sempre olhando para trás. Quando os meus pés tocaram a entrada de terra seca do caminho da floresta, olhei uma última vez para a loja. Com tudo calmo, comecei a adentrar. Mantive minha concentração alta, tentando me recordar de cada passo que dei, afinal, tudo aqui dentro era igual: árvores, mato, folhas e insetos, às vezes, algum animalzinho pequeno, como, coelhos brancos.

Os passarinhos ainda cantavam e o sol era aconchegante, iluminando o caminho que eu fiz até a grande e larga macieira.

Paro de frente para a árvore, pensando se deveria ou não continuar, já que não conhecia a floresta além deste ponto.

— Procurando alguém?

Salto em meu lugar, deixando escapar um pequeno grito agudo. Aperto com força a cesta de vime e me viro lentamente, encontrando o dono da voz que fez meu coração quase sair pela boca.

DRÁCUS DEMENTER || KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora