39°- CAPÍTULO ✝

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Bato duas vezes na porta da biblioteca e só entro quando escuto a voz suave do lado de dentro dizer "entre".

Lentamente empurro a porta e sou surpreendida ao ver que a biblioteca estava um pouco diferente do que eu conhecia.

As duas poltronas e o carpete não estavam mais aqui, apenas as estantes se permaneceram no lugar.

O chão de cimento estava molhado no certo, em um formato de círculo e, ao redor deste círculo, haviam algumas velas acesas.

— Preparada para aprender um pouco sobre exorcismo? — Meg me olha animada assim que fecho a porta da biblioteca.

Ela segurava um pequeno livro de capa preta com uma cruz na frente.

— Não acho que tenho certeza. — Admito, sentindo meu corpo inteiro se arrepiar ao pensar em como seria esse dia.

Confesso que de todas as coisas que eu deveria aprender, exorcismo é o que mais está me deixando temente. Sei que a vida não é como nos filmes, mas é impossível não lembrar de cenas como a do "O Exorcista" e isso já era o suficiente para não me fazer dormir à noite.

— Não se preocupe, vai dar tudo certo. — Meg faz um gesto de mão para que eu me aproxime dela.

Ansiosa, de certa forma, fico do seu lado a vendo abrir o livro que era escrito em latim.

— Pelo jeito, Lilu não pegou leve com você. — Meg comenta, encarando o meu rosto que ainda tinha alguns cortes. Eles não doíam mais, mas ainda estavam ali. — Acredite, ela fez isso conosco também. — Meg ri. — Bom, vamos começar então? — ela pergunta e eu assinto. — Dentro da nossa prática, os exorcismos têm mais de uma utilidade e podem ser usados em qualquer criatura.

— Você quer dizer que existem outras além dos vampiros? — Pergunto e ela assente.

— Mas é claro que sim: vampiros, lobisomens, bruxas e por aí vai, a lista é enorme.

— Sereias também? — Automaticamente acabo me lembrando dos documentários que Wendy costumava assistir no Discovery.

— Eu nunca vi, mas quem sabe. Se existe uma criatura que rouba almas, por que não existiria uma sereia? — Ela arregala seus olhos levemente, tentando descontrair o clima.

Acho que ela seria a mais fácil de se lidar da minha equipe. Minha equipe... isso ainda soava um pouco estranho.

— Voltando ao que eu estava falando, um exorcismo tem muitas utilidades. E nós vamos começar pelo exorcismo clássico, aquele que todo mundo conhece um pouco. — Meg dá alguns passos para frente, se aproximando do círculo e das velas. — Para realizar esse tipo de exorcismo, é preciso colocar a criatura dentro desse círculo que foi feito com água benta. Isso serve para que ele não consiga sair daqui.

Me aproximo do círculo - também.

— Mas as criaturas não podem simplesmente passar por cima? Os vampiros podem virar morcegos e voar. — Digo, ficando curiosa a respeito disso.

— E é por isso que nós precisamos dizer a palavrinha mágica. — Meg gesticula com seu dedo indicador, me olhando ardilosa.

— Que palavra? — Me sinto ainda mais curiosa que segundos atrás.

Ignis. — Suas palavras fazem enormes e quentes labaredas surgirem, onde, antes, estava desenhado o círculo com água benta.

Em reação natural ao susto que levei, dou vários passos para trás.

— A biblioteca vai pegar fogo. — Olho incrédula para Meg.

— Não vai. — ela ri. — Isso é fogo sagrado, ele só queima aqueles que ficarem dentro do círculo, e como não tem ninguém, ele vai apagar sozinho. Veja. — Ela apontada para as labaredas de fogo que, aos poucos, iam perdendo intensidade, diminuindo cada vez mais. — Esse fogo sagrado vai impedir que a criatura dentro dele saia ou ataque alguém, e uma vez presa aí dentro, nós podemos fazer o exorcismo.

DRÁCUS DEMENTER || KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora