No dia anterior, após passar algum tempo com Jimin e seus irmãos, quando cheguei em casa acabei dando falta do meu celular. Sei que antes de ir, o coloquei dentro do bolso da minha saia e, provavelmente, ele deve ter caído quando eu me sentei na tolha quadriculada durante o piquenique, na verdade, é o que eu espero.
Essa manhã quando cheguei na loja, procurei o celular por todos os cantos para me certificar de que não o perdi aqui. Eu disse para Wendy que precisaria passar na mansão para pegá-lo de volta e minha irmã sugeriu que eu fizesse isso depois que arrumássemos algumas ervas em seus devidos potes de vidro, dessa forma, vovó não suspeitaria de nada.
A manhã parecia um pouco mais lenta do que eu gostaria, mas, ainda sim, foi agradável. Ajeitar as ervas que seriam vendidas era, de certa forma, relaxante. Cada uma delas tinha um aroma único que parecia me acalmar como uma conexão suave entre o cheiro e o meu corpo. Wendy e eu separamos as folhas moídas em potes com etiquetas mesmo que não houvesse qualquer explicação de uso. Já durante a tarde, menos flores e mais ervas foram vendidas. As encomendas desse dia pareciam numerosas, o que deixou vovó feliz. Nós trabalhamos como nunca. Quando cada um dos potes de ervas e buquês de flores em vasos com água, já estavam devidamente ajeitados nas prateleiras, estico os braços para cima, estalando alguns ossos das costas. Suspiro em alívio, retirando meu avental florido. Espio vovó de relance, ela foi ajeitar seu jardim, então aproveito do momento para ir falar com Wendy que tirava o pó das prateleiras do outro lado da loja.
— Preciso ir agora, antes que fique tarde. — Digo baixo, tocando seu ombro.
Wendy para de espanar os pequenos potes de vidro e me olha.
— Tudo bem, vou terminar aqui e depois distraio a vovó. Mas não se esqueça de ser rápida, Elena. Hoje vamos fechar mais cedo porque a vovó quer nos levar na capela. — Wendy alerta, em tom baixo, e eu assinto.
— Não vou demorar. Eu prometo — Aceno com a cabeça e me afasto com cuidado, sendo silenciosa para que vovó não escute nada.
Prendo a respiração enquanto ando na ponta dos pés até à porta de entrada, e assim que meus pés tocam o chão fora da loja, volto a respirar. Espio o interior da loja, vendo Wendy ir até os fundos, e essa era a minha deixa, então corro para a entrada da floresta, passando com pressa pelo caminho que já decorei. Apenas acalmo meus passos quando chego perto da grande macieira, pois, sei que aqui já estava um pouco longo e ninguém me veria. Como sempre, algumas maçãs e folhas estavam espalhadas pela grama e terra seca, acompanhando a grande sombra da árvore. Procuro o lugar onde ajudei Jimin e percebo que a marca de sangue que ele deixou, já não estava mais ali, decerto, algum dos irmãos deve ter limpado para não assustar quem entrasse na floresta. Saio apressa e entro no caminho fechado de arbustos, sempre seguindo reto. Olho para cima, contemplando o céu ensolarado - nem tanto quanto nos dias anteriores. Os raios de sol brigavam por um lugar em meio as nuvens que chegavam silenciosamente. Meus olhos ficam como imãs na bela pintura de manchas brancas e, por isso, mal percebo quando chego em frente aos altos portões da mansão. Passo por eles, entrando no grande jardim da frente, e não posso deixar de continuar me sentindo surpresa toda vez que vejo a magnitude desse lugar. Tudo aqui trazia uma sensação de ser levada para outro mundo dentro de uma história mágica e antiga.
— Procurando alguém, Venator? — Uma voz calma e feminina soa a minha direita, atraindo minha atenção como um entoar do canto de uma sereia.
Pelo canto de olho, vejo uma garota de cabelos em tom púrpura com camadas claras e algumas mais escuras, um harmonioso degrade de tons. Ela estava sentada sobre a grama bem aparada com os braços apoiados para atrás, enquanto se banhava nos raios de sol. Seu pequeno corpo era coberto por um longo vestido preto de alças finas, deixando os ombros estreitos e clavículas fundas, a amostra. Seu rosto era desenhado por traços suaves e delicados como se fosse uma boneca de porcelana com os lábios pintados de vermelho.
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DRÁCUS DEMENTER || KTH
Fanfic❝Em minhas costas, respirando pesado, olhando a luz, rezando, isso aqui não é o fim, mas é claro que poderia ser. Em minhas costas, o coração batendo fora do meu peito. Eu nunca pensei, não posso acreditar que eu partirei assim.❞ Nunca condene algué...