DRÁCUS DEMENTER || KTH

20°- CAPÍTULO ✝

Com todos os meus sentidos em fervor, me levanto de uma vez só, respirando de forma ofegante e alta. Meus dedos agarram com força o lençol branco que cobria minhas pernas. Pisco os olhos freneticamente, tentado afastar todas as imagens ruins que passavam como flashes em minha mente.

— Até que enfim você acordou, já estava na hora. — Olho assustada para o meu lado direito, vendo Amia sentada na ponta da grande cama. Ela estava muito bem arrumada - como sempre.

— Amia? O que você está fazendo aqui? — Confusa, tento estabilizar minha respiração.

— Estou cuidado de você, querida. — Ela sorri, antes de tocar brevemente o meu queixo.

Sem entender o que estava acontecendo, apalpo algumas partes da minha cabeça, a procura de algum machucado, mas tudo estava em ordem. Depois, levanto o lençol vendo que a pele de minha coxa estava em perfeitas condições. Eu não tenho uma explicação para isso, mas a dor era tão real.

Sinto o colchão macio em que estava, se mexer e, ao finalmente olhar prestar atenção ao meu redor, percebo uma terceira pessoa no quarto. Sentado em uma cadeira almofadada vermelha e dourada, com os braços sobre o colchão e a cabeça sobre os braços, Jimin parecia dormir, pelo menos, até aquele momento. Seus olhos pequenos se abrem lentamente e, aos poucos, ele levanta o tronco, espreguiçando o corpo. Quando me vê, seus olhos se arregalam, e como o vento, ele vem para perto, segurando minhas mãos com força, enquanto me olha da maneira mais preocupada que já vi.

— Ainda bem! Eu estou tão aliviado em te ver acordada. — Ele quase suspira e sua feição era completamente emotiva.

— Jimin... O que aconteceu? — Pergunto.

— Não sei, mas Taehyung te encontrou na floresta. Você estava desmaiada debaixo da macieira. Ele te trouxe para cá.

— O-O Taehyung? — Incredulidade e surpresa me atingem em cheio.

— Sim. — Jimin assente.

— E a outra garota, Jimin? Como ela está? — Pergunto assim que um flash ruim do corpo ensanguentado e sem movimento, retorna parecendo um pesadelo.

— Que outra garota? — Jimin me olha confuso.

— Não sabemos o que ela passou, então acho que é normal que ela fique um pouco confusa. O que devemos fazer agora, é não a importunar. — Amia diz do meu lado direito, enquanto cruza as pernas.

— Que horas são? — Pergunto.

— Dez. — Jimin responde.

— Dez da manhã? — Pergunto novamente, surpresa.

— Sim. Você dormiu a noite toda e a madrugada também.

Praticamente salto da cama, percebendo só agora que uma camisola branca vestia o meu corpo. Jimin nota minha confusão e, por isso, se afasta da cama e caminha até o seu guarda-roupa, pegando de lá de dentro algumas roupas dobradas e limpas que identifico como sendo as que usei noite passada.

— Não se preocupe, pedi que Amia te trocasse. — Jimin me entrega.

Em silêncio, pego minhas roupas e vou para o banheiro, onde, perco alguns bons minutos para tentar assimilar tudo. Quando termino, aviso que preciso ir embora, mesmo com Jimin insistindo para que eu fique mais um pouco e descanse. Eu não posso, Wendy e vovó devem estar preocupadas e nem sei como irei explicar isso.

Jimin me acompanha até à porta e agradeço por tudo, antes de praticamente fugir dali. Eu não sei o que aconteceu, mas sinto que as pessoas daquela mansão têm algo a haver com tudo isso. Eu me machuquei, eu lembro, posso lembrar perfeitamente da dor, mas agora acordei sem nenhum machucado.