DRÁCUS DEMENTER || KTH

9°- CAPÍTULO ✝

Durante todo o caminho, Jimin não falou comigo, tentando não me deixar mais chateada do que eu já estava. Eu posso muito bem tomar as minhas próprias decisões e se eu disse que não viria, tudo que ele deveria fazer era aceitar. Não sei qual o seu problema em sempre querer me manter por perto dessa maneira. Wendy seria alguém muito mais divertida do que eu e sei que não se incomodaria em fazer isso.

Guiados pela luz da lua, saímos do vilarejo e entramos na floresta. Quando chegamos a mansão, haviam poucas janelas iluminadas. Jimin carregou minha mala até o segundo andar. Ao contrário do que pensei, ele seguiu pela direita e parou na primeira porta da parede do lado direito. Quando a abriu, revelou um quarto quase inteiramente coberto pela cor vermelha, desde os lençóis da cama até as cortinas das janelas e do tapete.

— Esse é o quarto da Amia. Ela está viajando, então você pode ficar aqui. Tem outros quartos no andar de cima, mas acho que você não vai querer ficar sozinha por lá. — Jimin coloca minha mala para dentro do quarto, meio sem jeito. — Qualquer coisa, é só atravessar o corredor e me chamar. — Ele aponta para fora.

Assinto em silêncio e ainda mais sem jeito, ele sai do quarto, fechando a porta.

Sozinha, solto um longo suspiro, me sentindo completamente cansada em todos os sentidos possíveis dessa palavra.

Encaro a mala deixada do lado da porta e penso que não devo arrumar minhas coisas nesse quarto se tenho planos de ir embora amanhã mesmo. Sendo assim, caminho até à cama e me sento na ponta, observando o quarto em que eu passaria a noite. Tudo era realmente excêntrico e extravagante demais, e todo esse vermelho vibrante deixava o cômodo menos confortável.

Perco uns bons minutos encarando um ponto qualquer do quarto, e sem muitas opções, acabo me levanto e indo para perto da minha mala outra vez. Vasculho tudo que Wendy separou para mim, mas não acho nada além de roupas. Nem mesmo o meu celular ela colocou aqui. Bufo e me afasto com uma muda de roupas qualquer que peguei para dormir. Vou até o banheiro e me troco, depois deixo as roupas antigas em cima da mala e me aproximo da janela. Afasto as cortinas vermelhas e espio o lado de fora, tendo uma vista completa do quintal dos fundos da mansão e do caminho de árvores que levava para o lago. E, em meio a imensidão do gramado bem aparado, uma única pessoa estava parada no centro do jardim, com as mãos para dentro dos bolsos. O vento do lado de fora balançava seus cabelos acinzentados e sua camisa. O longo brinco na orelha, cintilava de longe.

Era Taehyung.

Certamente, era ele parado ali encarando as árvores ao redor da mansão. Eu não tenho noção das horas agora, mas, com certeza, já está tarde, então, me pergunto o que ele pode estar fazendo ali a essa hora.

Como se pudesse sentir que estava sendo espiado, ele vira parte de seu corpo, mostrando o brilho diferente que havia nos seus olhos, algo como um vermelho cintilante. Ele olha diretamente para a janela do quarto em que eu estava e, por um momento, parece que o vidro limpo que me separava do lado de fora, havia sumido, me deixando em um estado de vulnerabilidade e nervosismo. Me afasto da janela e coloco a cortina de volta no lugar, sabendo que não adiantaria torcer para que ele não tenha me visto, porque sei que ele viu.

Suspiro.

Eu deveria dormir, descansar e esquecer tudo isso. Não acho que ficar espiando Taehyung da janela, seja uma coisa boa, ele pode se irritar e sei muito bem que não gosto dele quando está assim.

Respiro fundo e procuro pelo interruptor de luz, deixando o quarto imerso na escuridão da noite, antes de ir para a cama.

***

— Acorde!

Escuto minha própria voz sussurrar dentro da minha cabeça, similar a um eco.