24°- CAPÍTULO ✝

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O tempo não era muito bom, a temperatura dentro de casa era de resmungar quando se saia debaixo das cobertas. Não quero nem imaginar como está lá fora, apenas o céu cinza já me faz relutar de ir na loja.

Enrolei na cama e demorei algum tempo para levantar.

— Bom dia, bela adormecida. — Wendy me saúda quando abro a porta do banheiro.

Ela estava sentada na ponta da cama recém arrumada.

— Bom dia. — Espreguiço meu corpo pela terceira vez desde que acordei.

— A vovó me mandou mensagem. Ela já chegou, mas disse que passaria na loja antes de vir para casa.

Eu estava prestes a responder um simples "tá bom", quando o barulho da porta abrindo no primeiro andar, seguido de vozes, me interrompe.

— Acho que ela chegou. Só estava esperando você acordar. — Wendy ri e se levanta. Ela espera até que eu calce meus chinelos para que nós duas descêssemos para o primeiro andar.

A voz de Sebastian facilmente é identificada junto com a de vovó que estava falando alto, diferente do de costume.

Fomos para à cozinha, encontrando ambos com expressões sérias e, aparentemente, preocupadas.

— Bem-vinda, vovó. — Wendy fala animada, indo abraçar vovó, que retribui, mas mantém a feição.

— Aconteceu alguma coisa? — Pergunto e me aproximo dela, que troca um olhar estranho com Sebastian.

Ela suspira alto.

— Um garoto do vilarejo desapareceu.

Franzo o cenho e olho para minha irmã.

— Que garoto? — Wendy pergunta, enquanto segura no braço da vovó.

— O garoto que trabalhava na loja onde vocês tinham comprado aqueles colares vermelhos.

Meus olhos se arregalam.

— Caleb? — Pergunto temente e, para minha infelicidade, vovó assente.

— Ficamos sabendo agora de manhã, quando chegamos na loja. — Sebastian tira o boné da cabeça, coçando os fios brancos.

— A mãe dele disse que há uns quatro dias atrás ele foi jantar na casa de um amigo e não voltou mais. — Vovó explica.

Olho outra vez para Wendy, pedindo silenciosamente para que ela não diga nada.

***

Espero Wendy terminar de colar o cartaz no poste de luz, para que seguíssemos para o próximo local.

Depois que vovó nos contou sobre Caleb, um pequeno grupo de busca formado por moradores do vilarejo, começou a vasculhar. Wendy e eu estávamos responsáveis por espalharmos cartazes feitos em folhas de sulfite - com a foto de Caleb. Por mais que Upiór fosse pequeno, às vezes, como eu e Wendy, sempre tem alguém de fora e, até mesmo, sei que nem todos são amigos próximos, por isso, era importante divulgar o sumiço do Caleb.

Ainda não posso acreditar, se Caleb sumiu há quatro dias, tudo que penso é no jantar na casa da vovó. Mas eu me lembro bem de acompanhá-lo até à sua loja, então como isso aconteceu? Ele sumiu assim que o deixei lá?

Talvez, seja porque estou tentando descobrir tudo agora, mas a mansão e os irmãos sempre acabam parecendo culpados para mim.

Respiro fundo e encaro o céu de fim de tarde que mais parecia o começo da noite, já que o cinza fechou o tempo. O vento era forte e balançava os meus cabelos e os cartazes, me fazendo segurá-los com força, caso contrário, seriam levados para longe.

DRÁCUS DEMENTER || KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora