As coisas têm estado tensas por aqui, o clima está longe de ser o melhor, mas penso que todos entendem o porquê disso.
Acabei não dormindo noite passada, pois, passei a madrugada inteira pensando sobre tudo, tentando juntar mais alguns pontos sobre essa bagunça, e me pergunto se Wendy foi mesmo hipnotizada, quando exatamente isso aconteceu?
Se vovó vai nos mandar para casa quando voltar de viagem, então não tenho muito tempo parar descobrir como, de fato, quando tudo isso começou. Mas sei que as minhas respostas não estão aqui, e sim, na grande mansão que fica dentro da floresta, por isso, é para lá que vou mais tarde.
Precisei de uma boa desculpa, já que vovó não viajou hoje e, pelo que nos contou, demoraria ao menos um dia até que Sebastian preparasse sua carroça, então só iriam amanhã.
Mas, o mais importante, foi que eu consegui convencer vovó a me deixar ir para a loja sozinha, com a desculpa de que eu queria ajudá-la, pois, sabia que por lá deveria estar uma bagunçada. E como vovó já está cheia de coisas para resolver sobre sua viagem, ela não acabou desconfiando das minhas reais intenções quanto.
Wendy permaneceria em casa, usando a mentira sobre o resfriado. Era o melhor a se fazer, não podemos correr o risco dela, supostamente, ser hipnotizada outra vez.
Depois de me arrumar e esperar a garoa fina passar, vou para loja de vovó, tendo a impressão que o clima tenso não estava limitado apenas a casa da vovó. Parecia que Upiór estava imerso nesse sentimento desagradável e, não sei ao certo, talvez o tempo cinza esteja contribuindo, ou apenas a falta de pessoas nas ruas. Com as mãos para dentro dos bolsos da blusa de moletom, caminhei pelas ruas de ladrilhos até que estivesse de frente para a fachada rosa com placa de madeira. Por um momento, olho em direção a entrada da floresta, fazendo meu estômago se revirar ao imaginar como seria a minha visita de hoje. Mas, antes, eu realmente preciso ajeitar a loja para que vovó não desconfie.
Puxo para fora do meu bolso a chave da loja e destranco a porta que, uma vez aberta, mostra o caos que estava do lado de dentro. Não parecia a mesma loja. Era como se um furacão tivesse passado por esse lugar.
Suspiro alto e entro na loja, andando pelo chão sujo de terra e restos de fuligem trazidos do jardim, pelo vento.
O jardim...
Com passos rápidos caminho até à porta aberta do jardim, ou, nesse caso, o que um dia foi um jardim, já que as únicas cores que cobriam a terra e os restos de ervas e flores, era o preto e o cinza. Até mesmo a pequena cerca branca que separava o jardim da floresta estava queimada.
— Wendy fez isso? — Era difícil de acreditar.
Quando os pequenos pingos da garoa retornarem, saio do jardim e volto ao interior da loja, indo em busca de um avental e alguns produtos de limpeza que me ajudassem a dar um jeito nessa bagunça. Dessa maneira, passei o restante da manhã varrendo o chão, limpando as prateleiras e colocando em sacos de lixo tudo que estava queimado, como, restos da madeira dos caixotes.
A garoa alternava, hora forte, hora fraca, e isso me impossibilitava de limpar o jardim.
— Eleninha! — Parada atrás do balcão e perto da porta, encarando o jardim, viro minha cabeça para trás, espiando sobre os meus ombros.
Wendy e Jimin entravam juntos na loja, ambos com guarda-chuvas e minha irmã segurando uma sacola a parte.
— Vim trazer seu almoço. — Wendy ergue a sacola no ar, depois de fechar seu guarda-chuva e colocá-lo escorado contra a porta aberta da loja. Jimin faz o mesmo.
Meu corpo fica tenso com a presença do Jimin, pela primeira vez, desconfortável por ele estar no mesmo ambiente que eu.
Os dois caminham para perto, parando do outro lado do balcão amarelo. Fico em silêncio, encarando Wendy de maneira séria.
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DRÁCUS DEMENTER || KTH
Fanfiction❝Em minhas costas, respirando pesado, olhando a luz, rezando, isso aqui não é o fim, mas é claro que poderia ser. Em minhas costas, o coração batendo fora do meu peito. Eu nunca pensei, não posso acreditar que eu partirei assim.❞ Nunca condene algué...