4°- CAPÍTULO ✝

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Mais um dia e mais uma manhã trabalhando na loja da vovó. Hoje o movimento parecia melhor e eu até tive conversas agradáveis com alguns clientes. Também aprendi mais sobre flores e ervas depois de uma árdua explicação de Wendy, que quis me contar cada detalhe do que aprendeu com vovó. E claro, não posso esquecer que Wendy não perdeu nenhuma oportunidade de tirar sarro sobre o que contei noite passada, ela dizia que eu deveria ficar longe da cozinha de agora em diante ou acabaria matando alguém.

O grande inevitável de toda minha manhã e começo de tarde foi espiar, sempre que podia, a entrada da floresta através da janela, imaginando como Jimin deveria estar. O sentimento de culpa ainda me incomodava e eu tentava a todo custo encontrar alguma explicação para o que aconteceu, mas nunca chegava a uma resposta que fizesse sentido.

Sebastian, o vizinho da vovó, acabou passando por aqui e a convidou para ir até à capela de Upiór. Dessa vez, vovó aceito sem pestanejar, dizendo que nós também deveríamos visitar a capela qualquer dia, e com a nossa palavra de que iriamos, vovó nos deixou cuidando da sua loja mais uma vez.

Atrás do balcão amarelo, vestindo meu avental florido, vejo quando uma adorável senhora entra na loja.

— Você não acha que Sebastian anda muito interessado na vovó? — Wendy pergunta em tom baixo, quando se aproxima.

— Não diga besteiras agora. — A repreendo baixo para que a senhora não escute. — Boa tarde. — Cumprimento e ela me dá um sutil aceno de cabeça.

— Vim buscar minha encomenda de orquídeas azuis. — A senhora de cabelos brancos e pele enrugada para em frente ao balcão.

— Vou pegar. — Wendy se voluntaria, animada, e sai de perto. Ela caminha até uma das prateleiras e pega um grande arranjo muito bem feito. — Vovó já havia deixado pronto. Aqui está. — Ela entrega para a senhora, que antes de pegar, abre sua pequena bolsa de mão, retirando o dinheiro da compra.

— Veja se está certo, por favor. — Ela deixa três notas sobre o balcão.

Confiro o valor na pequena tabela ao lado da caixa registradora.

— Está tudo certo. — Sorrio. — Eu acompanho a senhora até à porta.

Saio de trás do balcão e passo por Wendy, caminhando até à porta com a senhora que parecia ainda menor com o arranjo nas mãos. Paro na entrada e a senhora se curva rapidamente para mim, acenando um tchau.

— Tenha uma boa tarde. — Aceno de volta, enquanto a observo ir embora pela rua de ladrilhos.

— Elena!

Olho para meu lado direito assim que escuto alguém chamando por meu nome, penso ser a senhora que acabou de sair, mas ela ainda caminhava pelos ladrilhos.

— Elena!

Me viro, encarando o interior da loja onde Wendy ajeitava alguma coisa nas prateleiras de flores.

— Aqui na floresta!

Espio sobre os ombros, encontrando Jimin parado na entrada da floresta. Receosa, olho para todos os lados antes de me aproximar dele

— O que você está fazendo aqui? — Pergunto assim que paro perto da linha branca que separava o vilarejo da floresta. Eu de um lado e Jimin do outro.

Sua expressão se torna um pouco decepcionada.

— Poxa, você não foi me visitar hoje, por isso, vim atrás de você.

Nós mal nos conhecemos, não é como se eu fosse atrás dele todos os dias, ontem eu apenas quis agradecê-lo. É o que penso, mas não digo.

Aperto os lábios em uma linha fina, pensando mais um pouco sobre o que deveria dizer.

DRÁCUS DEMENTER || KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora