ÚLTIMO CAPÍTULO✝

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Assim que nossos pés tocam o chão lamacento da floresta, ficamos em completo silêncio, deixando apenas a chuva e os pequenos animais, preencherem a atmosfera ao nosso redor. Nossos olhos precisavam ser tão bons quantos os de um falcão, porque acabamos de entrar no território inimigo e eu podia sentir o ar tão gelado que quase tremia.

Com o rifle apostos rente ao rosto, eu mirava em todas as direções, andando como se a qualquer momento alguma coisa fosse saltar sobre mim. Eu não podia errar, eu sabia disso. Os meus olhos tentam enxergar entre as grosas fileiras de água que caiam do céu e os relâmpagos que surgiam junto da tempestade nos deixavam espiar por meros segundos tudo que estava escondido por entre as sombras das altas e largas árvores.

— INFERNO! — Escuto a voz de Lilu gritar e me viro apressada em direção a ela, vendo-a caída no chão apontando seu fuzil para cima. — Maldito inferno! Eu odeio barro! — Resmungando, Lilu se levanta com metade do corpo coberto pelo barro que a chuva formou na terra da floresta. — Agora estou toda suja. — Irritada, ela sacode um dos braços, tentando se livrar da sujeira.

— Pare de blasfemar e de gritar, você quer que eles nos encontrem? — Sally a repreende, tendo um olhar sério.

— Tarde demais. — Alguém ri atrás de mim, fazendo todos os pelos do meu corpo se arrepiarem por debaixo do sobretudo preto.

Apressada, me viro para trás, vendo um garoto alto surgir por entre as sombras das árvores. Seus olhos vermelhos podiam ser vistos antes mesmo de seu corpo deixar as sombras.

— Quatro porquinhos indefesos. Acho que vou soprar, e soprar, e soprar, até derrubar sua casinha. — Ele caçoa, enquanto passa sua língua pelas presas longas.

— Vá em frente, lobo mau. — Meg o provoca, fazendo um grande sorriso perverso surgir em seus lábios, antes que ele corra em nossa direção. — NÃO TE MOVA. AMARRO-TE AGORA, IMMUNDA SPIRITUS! — Meg grita, fazendo o corpo do vampiro ficar imóvel. — Agora, a água benta!

Sally se apressa e retira de dentro do seu casaco preto, um pequeno frasco com água benta, que ela usa para fazer um círculo desajeitado e apressado, em volta do vampiro, o fazendo rugir como se fosse um leão quando o fogo de labaredas altas, o rodeia.

— Eu, Margareta Sena, condeno a tua alma ao sofrimento eterno. — Meg dá um passo para trás quando o vampiro ruge furiosamente. Percebo que uma de suas pernas falham. — Queima-te eternamente, criatura imunda. Os teus dias... — Mais um passo para trás e o vampiro mexe quase que imperceptivelmente um dos braços. — Os teus dias... — Meg cai de joelhos no barro e o vampiro consegue mexer com mais força um dos braços.

— Meg. — Corro até ela e me agacho para ajudá-la a levantar, percebendo que seu nariz estava sangrando. — Meg, você precisa parar, ele é muito forte. — Encaro o círculo de fogo, vendo que o vampiro conseguia se mexer mais, se desprendendo de algo invisível.

— Eu consigo... consigo. — De pé, ela limpa o nariz e segura no crucifixo em volta do seu pescoço. — Quero que vocês três sigam em frente.

— O quê?! Não vamos fazer isso! — Lilu diz apreensiva e Sally concorda.

— Vou estar bem atrás de vocês, vou cuidar do jardim. Agora, por favor, vão de uma vez, não podemos perder tempo, só temos uma chance. — Ela diz e seu nariz volta a sangrar à medida que o vampiro rugia e gritava de raiva dentro do círculo de fogo.

Meg retira do cinto, uma pequena faca e me entrega.

— Pegue, você vai precisar dela mais que eu. — Quando pego a faca e a guardo no cós detrás das calças, o exaspero toma conta do meu corpo, mesmo sabendo que Meg estava certa. Não podemos perder tempo.

DRÁCUS DEMENTER || KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora