Já tem algum tempo que estou sentada na ponta da cama, encarando um ponto qualquer e pensando em como seria meu último dia nessa mansão. Pelas minhas contas e memória, vovó deve voltar amanhã, por isso, irei embora ao amanhecer.
Quando tenho a oportunidade de ficar sozinha nesse quarto coberto pelo vermelho, tento colocar todas as minhas ideias em ordem. Não fui capaz de descobrir grandes coisas, mas passei a reparar melhor nos hábitos estranhos dessa família e já posso dizer que estou formulando uma hipótese para tudo isso. Ela parece louca quando penso, mas preciso tentar, nem que seja para ter uma resposta que desmentirá minha hipótese. Por isso, assim que eu sair dessa mansão, já sei onde devo ir e a quem procurar.
Acho que durante esses dois dias e três noites que estive aqui, tentei a tudo custo reprimir esse tipo de pensamento, afinal, não seria possível que fosse real, essas coisas não existem, não é? Na verdade, eu não sei, talvez as loucuras de Wendy finalmente estejam me afetando.
Desconstruir toda uma verdade e passar a acreditar em um mito, isso não era uma tarefa fácil, já que nossa primeira saída é sempre buscar uma resposta lógica, era mais fácil e confortável. Para uma criança, não seria tão difícil acreditar em histórias como essas, então, por que para os adultos tinha que ser?
Cansada de embolar meus pensamentos, decido que tratarei disso depois, quando for embora, por agora, eu apenas seguirei com o meu dia.
Vou para fora do quarto e depois para ao primeiro andar. Estranho o silêncio absoluto, mas sigo para a cozinha, não encontrando ninguém. Então decido procurar na sala de estar e na sala de jantar, e ainda sem vestígios.
Não sabendo mais onde procurar, retorno para a sala de jantar e me sento em uma das inúmeras cadeiras ao redor da grande mesa forrada por diferentes tipos de comida. Observo por alguns segundos o que pegar, antes de escolher uma redonda e vermelha maçã. Puxo para perto uma faca próxima e começo a cortar a maçã em pequenos pedaços que facilitassem meu café da manhã. Com a mão esquerda, apoio a metade da maçã entre os dedos, e com a mão direita, posiciono a faca na base da fruta, fazendo um pequeno corte que, lentamente, desço pela extensão até alcançar a parte baixa. E sem conseguir conter a pressão que fiz na faca, acabo por acertar a ponta do meu dedo polegar.
Solto a faca, que ganhou uma coloração de vermelho vibrante. Uma gorda gota de sangue ameaça escorrer.
— Arg! — Examino meu dedo, vendo que o corte não era grande e nem profundo.
Deixo a maçã sobre a mesa e olho em volta, em busca de algum guardanapo ou algo que me ajude a estancar o corte.
— Elena! Você está bem?! — Sobressalto na cadeira, e olho assustada para a porta de entrada da sala de jantar, vendo Jimin parado, enquanto me olha com preocupação.
Atrás dele, seus irmãos e Blarie, com exceção de Hyun, Taehyung e Jin, espreitavam para tentar entender o pequeno alvoroço que Jimin causou.
— Não é nada, eu só cortei o meu dedo. — Quando respondo, todos me olham de forma estranha, com mais preocupação do que um corte deveria ter.
Jimin sai de perto da porta e se aproxima, mantendo seus olhos presos em meu dedo machucado. Os que ficaram para trás, encaram a cena com ânsia de espectadores concentrados.
Um arrepio corre minha espinha, me fazendo desconfortável sobre o olhar de Jimin, que parecia bastante interessado em me ajudar.
— Não é nada. — Escondo minha mão atrás do corpo. — É sério, Jimin. Eu estou bem. — Tento soar firme e convincente.
— Se ela disse que está bem, é porque está. — Blarie entra na sala de jantar e caminha até Jimin, o puxando pelo braço e o arrastando para a porta antes de enxotar todos os outros.
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DRÁCUS DEMENTER || KTH
Fanfiction❝Em minhas costas, respirando pesado, olhando a luz, rezando, isso aqui não é o fim, mas é claro que poderia ser. Em minhas costas, o coração batendo fora do meu peito. Eu nunca pensei, não posso acreditar que eu partirei assim.❞ Nunca condene algué...