18°- CAPÍTULO ✝

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Balançando as mãos de um lado para o outro, de forma automática, enquanto seguro o cabo da vassoura. Percebo que já estou fazendo isso tempo demais e apenas em um ponto específico. No final das contas, não estou limpando nada.

Minha cabeça parece estar distante demais hoje, e mal posso me concentrar em coisas simples, como varrer o chão da loja.

Respiro alto, sentindo todo o meu corpo cansado como se eu não dormisse há muito tempo, isso era realmente ruim. Tudo o que eu tenho feito nessas férias se resumia a cuidar da loja e, às vezes, ir na mansão, mas, mesmo assim, sinto como se toda minha vitalidade estivesse sumindo lentamente.

Paro de varrer e retiro uma das mãos do cabo da vassoura e a levo até o pescoço, fazendo uma pequena massagem no local.

— Você vai sair hoje? — Sobressalto em meu lugar quando escuto a voz de Wendy. Olho para minha esquerda, a encontrando apoiada contra o balcão amarelo.

— Você me assustou. — Afasto a vassoura, colocando-a apoiada na parede atrás de mim.

— Eu já estou aqui há um bom tempo, mas você parecia em outro mundo e nem me notou. — Wendy ri e depois aponta para algo além de mim, e quando me viro, percebo que ela estava apontando para o casaco dobrado e escondido entre umas das partes do balcão.

— Acho que vou devolver para o Jimin logo, antes que a vovó veja. — Digo.

— Então faça isso agora e quando você voltar nós podemos ir embora. Hoje eu estou morrendo de fome, aqueles bolinhos de arroz que compramos mais cedo, não fizeram um bom trabalho. — Wendy se desencosta do balcão, levando uma mão até à barriga.

Assinto e desato o nó que dei no meu avental florido, o dobrando e colocando sobre o balcão.

— Estou indo. — Aviso e passo do lado de Wendy, saindo de trás do balcão.

— Não está esquecendo nada?

Sobre os ombros, a fito confusa e Wendy estende o casaco de Jimin.

— Está muito distraída hoje, cuidado para não se perder. — Ela me entrega e tudo que faço é acenar com a cabeça, antes de deixar a loja e caminhar para a entrada da floresta, debaixo do dia ensolarado que deixava o ar seco.

Passando por entre as árvores altas e sobre a terra seca, escuto as cigarras me rodearem, anunciando o dia quente. Sigo o seu barulho como se fosse um cântico que me guiaria até meu o destino, tendo o vento nos acompanhando, balançando meu vestido e os meus cabelos para trás. Por um momento, fecho os olhos na tentativa de molhá-los, pois, sinto-os ficarem secos pela falta de umidade no ar.

Algumas folhas secas caídas no chão, esbarram nos dedos dos meus pés, levantando uma pequena e fina camada de poeira seca. O vento passa de maneira mais forte e abro os braços para recebê-lo melhor, me refrescando.

Observo cada arbusto grande e robusto, quando entro no caminho que logo me levaria até à mansão e, por alguns instantes, me concentro em toda beleza natural que essa floresta exibia. Não importa se é a primeira ou a décima vez, todas elas sempre parecem mágicas quando trilho esse caminho. Tudo aqui parece mais vivo que o normal, mais brilhante e bonito, era como estar andando pelo jardim de um conto de fadas.

Sem delongas, os traços gloriosos da mansão começam a surgir como linhas traçadas em uma folha branca. Sua construção é sempre a mesma, ela nunca muda e, mesmo assim, é sempre surpreendente vê-la escondida dentro dessa floresta.

Passo ao centro dos portões abertos, caminhando para dentro do jardim bem cuidado, vendo o vento balançar cada tulipa ou pequeno ramo de folha. A fonte de gárgula funcionada perfeitamente no centro do jardim, jorrando uma pequena quantidade de água de sua boca de pedra. E ao passar do lado dela, toco a ponta dos dedos na água caída da parte inferior, sentindo meus dedos quentes se refrescarem com a temperatura da água. Balanço minha mão e a seco no vestido, saindo de perto da fonte e indo até os degraus que me levariam para a mansão.

DRÁCUS DEMENTER || KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora