A porta velha é aberta pelo padre Albert, que arrastava para dentro do quarto, malas que reconheço como sendo minhas, as que estavam na casa da vovó.
Retiro a coberta do meu corpo e me sento sobre a pequena cama.
— Essas são as minhas malas. — Digo assim que o padre fecha a porta e deixa as malas em um canto do quarto.
— Sim, fui até à casa da sua avó pegá-las. — Ele vem se sentar do meu lado.
— Por quê?
— Porque você vai ficar aqui, por enquanto.
Franzo o cenho.
— Não posso ir embora?
— Claro que pode, mas antes temos que conversar. — Mesmo que seu semblante fosse sério, sua voz soava amena.
Fico em silêncio por um tempo e o padre suspira, antes de estender sua mão e tocar minha bochecha.
— Como você está hoje? Dormiu bem? Ainda parece um pouco avermelhado. — Ele passa suavemente seus dedos sobre o local atingido.
Não dormi nenhum pouco bem, longe disso, na verdade, nem dormi, passei a noite inteira acordada nesse quarto, pensando e revivendo dentro da minha cabeça tudo que aconteceu nas últimas horas.
Apenas aceno em concordância para o padre, que percebe que não estou falando a verdade.
Ele suspira, outra vez.
— Antes de te explicar, gostaria de saber tudo que aconteceu até o momento em que essa marca apareceu em você. — O padre coloca as mãos sobre as pernas cobertas pela batina preta, me observando com paciência.
Respiro fundo, olhando para qualquer outro lugar do pequeno quarto de paredes acinzentadas de concreto.
— Vovó estava certa... eu conheço alguns vampiros. — Meu lábio inferior treme e quase não consigo continuar. — Não descobri de imediato que eram vampiros, mas quando isso aconteceu, quis ir atrás da verdade já que ninguém nunca me contou. Um vampiro que eu nunca tinha visto antes... ele me atacou... — Engulo em seco e depois aperto os dentes, enquanto mexo os dedos de maneira nervosa. — Mas eu havia levado uma seringa cheia de Erva-Verde, eu pensei que esse tipo de coisa poderia acontecer, então eu injetei nele e depois voltei para casa, e foi quando eu senti essa dor horrível nas costas e a marca apareceu.
— Provavelmente, você matou esse vampiro, por isso, ganhou essa marca, Elena. — ele suspira pela terceira vez.
Um pouco espantada, encaro o padre - com meus os olhos arregalados.
— E-Eu o matei...? — minha voz sai trêmula.
— Você estava apenas se defendendo, não estava? — Ele repousa sua mão sobre o meu ombro e aperta suavemente.
De maneira fraca e sutil, assinto.
— Nesse caso, ninguém pode te julgar por ter feito isso. — Ele sorri compreensível, tentando me confortar, mas meus olhos marejam do mesmo jeito.
Outra vez, respiro fundo, puxando todo o ar pelo nariz e soltando pela boca.
— Elena, preciso que preste atenção em tudo que eu vou te contar agora, tudo bem? — O padre afasta sua mão do meu ombro.
Assinto, limpando o nariz com as costas de uma das mãos.
— Para que você entenda tudo, vou precisar falar sobre Vlad III, O Empalador. — ele fica alguns segundos em silêncio. — Esse homem foi um príncipe muito cruel, que tinha um desrespeito muito grande pela vida humana. Ele não se importava em matar, torturar ou empalar quem quer que fosse. E acredite quando digo, esse homem deve ter sido uma das coisas mais perversas que já existiu nessa terra. — O padre levanta o dedo indicador no ar, expondo algo de extrema importância. — Por ser tão ruim, ele ganhou a maldição de Draculea, sendo obrigado a vagar pela eternidade como uma criatura nem viva e nem morta. E seu maior castigo seria se tornar escravo de todo o sangue que já havia derramado.
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DRÁCUS DEMENTER || KTH
Fanfiction❝Em minhas costas, respirando pesado, olhando a luz, rezando, isso aqui não é o fim, mas é claro que poderia ser. Em minhas costas, o coração batendo fora do meu peito. Eu nunca pensei, não posso acreditar que eu partirei assim.❞ Nunca condene algué...