14°- CAPÍTULO ✝

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Me remexo sobre a cama e coloco a mão para fora das cobertas, tateando o chão com a ponta dos dedos até encostar no meu celular. Preguiçosamente, puxo o aparelho para debaixo das cobertas, abrindo os olhos e encarando o visor luminoso que marcava onze e cinquenta da manhã.

Esperando toda a preguiça deixar o meu corpo, checo as mensagens do meu celular e, ao tentar responder as mensagens da minha mãe, percebo a falta de sinal no aparelho - marcado no topo do visor.

Escuto um forte trovão soar do lado fora e logo entendo o motivo da falta de sinal. Retiro a coberta e me levanto, arrumando rapidamente a cama para depois ir espiar a janela, vendo o tempo fechado e chuvoso através dos vidros limpos.

O quarto parecia mais escuro do que de costume.

Espreguiço meu corpo, enquanto respiro fundo, inspirando o aroma doce das tulipas que estavam na cômoda. O cheiro parecia mais intenso hoje, muito mais que ontem.

Com os pés cobertos por meias quentinhas, vou até o banheiro para poder lavar o rosto e escovar os dentes, sem me dar ao trabalho de trocar de roupa. Vovó nos acordou cedo e disse que não precisávamos ir para a loja hoje, porque ela e Sebastian iriam trabalhar no jardim da loja, plantando e ajeitando as novas mudas que trouxeram. Não sei se seria possível fazer isso com um temporal desses.

Me sentindo mais acordada, saio do banheiro e depois do quarto, e caminho pelo corredor que estava bem escuro. Desço os degraus de madeira e escuto a televisão ligada e a chuva de fora como segundo plano.

— Bom dia. — Wendy, sentada no sofá usando pijama, vira sua cabeça para me olhar do encosto do sofá.

— Bom dia. — Paro atrás do sofá e atrás dela. — O que está assistindo? — Pergunto, mas logo noto o símbolo do Discovery no canto da tela, sabendo que tipo de programa era. — Sobre o que eles estão falando hoje? Lobisomens?

— Na verdade, eu não estou assistindo. Só ligue a tv para não me sentir sozinha, já que você não acordava logo para fazer o nosso café. — Ela sorri cinicamente, mexendo em seu celular.

Eu estreito os olhos, enquanto rio. Me afasto do sofá e da Wendy.

— O seu celular tem sinal?

— Não. — Respondo, já entrando na cozinha. — Deve ser por conta do tempo.

Sem pressa, e escutando a chuva forte e a televisão, caminho até à geladeira, retirando de lá alguns ovos e uma caixa de leite que deixo sobre a pia. Em seguida, retiro do armário tudo que precisaria para fazer um café da manhã - quase almoço.

Preparo os ovos, alguns pãezinhos e frutas, e esquento um caneco com pouco leite. Reparo no pequeno pote que vovó deixou na pequena muretinha da janela, e quando o abro, sinto o cheiro familiar, Erva-Verde. Penso em colocar um pouco nos ovos, mas acabo desistindo.

Quando termino tudo, chamo Wendy. E assim, nós duas tomamos nosso café em meio ao som dos trovões.

— O que vamos fazer hoje? — Ela pergunta antes de tomar um pouco do leite.

— Eu não sei. — Dou de ombros, colocando meu garfo no prato vazio.

— Nós podíamos buscar a vovó na loja mais tarde. — Wendy sugere.

— Com essa chuva?

— Exatamente por conta da chuva, Eleninha. — Wendy coloca os pés para cima do assento da cadeira, apoiando o queixo entre os joelhos. — Quando a vovó saiu, não estava chovendo. Acho que ela não levou guarda-chuva.

— Tudo bem. Vamos esperar para ver se a chuva diminui até o final da tarde. — Digo e Wendy assente. — A propósito, a louça é sua. — Me levanto da cadeira e Wendy faz uma careta, se levantando também.

DRÁCUS DEMENTER || KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora