Me remexo sobre a cama e coloco a mão para fora das cobertas, tateando o chão com a ponta dos dedos até encostar no meu celular. Preguiçosamente, puxo o aparelho para debaixo das cobertas, abrindo os olhos e encarando o visor luminoso que marcava onze e cinquenta da manhã.
Esperando toda a preguiça deixar o meu corpo, checo as mensagens do meu celular e, ao tentar responder as mensagens da minha mãe, percebo a falta de sinal no aparelho - marcado no topo do visor.
Escuto um forte trovão soar do lado fora e logo entendo o motivo da falta de sinal. Retiro a coberta e me levanto, arrumando rapidamente a cama para depois ir espiar a janela, vendo o tempo fechado e chuvoso através dos vidros limpos.
O quarto parecia mais escuro do que de costume.
Espreguiço meu corpo, enquanto respiro fundo, inspirando o aroma doce das tulipas que estavam na cômoda. O cheiro parecia mais intenso hoje, muito mais que ontem.
Com os pés cobertos por meias quentinhas, vou até o banheiro para poder lavar o rosto e escovar os dentes, sem me dar ao trabalho de trocar de roupa. Vovó nos acordou cedo e disse que não precisávamos ir para a loja hoje, porque ela e Sebastian iriam trabalhar no jardim da loja, plantando e ajeitando as novas mudas que trouxeram. Não sei se seria possível fazer isso com um temporal desses.
Me sentindo mais acordada, saio do banheiro e depois do quarto, e caminho pelo corredor que estava bem escuro. Desço os degraus de madeira e escuto a televisão ligada e a chuva de fora como segundo plano.
— Bom dia. — Wendy, sentada no sofá usando pijama, vira sua cabeça para me olhar do encosto do sofá.
— Bom dia. — Paro atrás do sofá e atrás dela. — O que está assistindo? — Pergunto, mas logo noto o símbolo do Discovery no canto da tela, sabendo que tipo de programa era. — Sobre o que eles estão falando hoje? Lobisomens?
— Na verdade, eu não estou assistindo. Só ligue a tv para não me sentir sozinha, já que você não acordava logo para fazer o nosso café. — Ela sorri cinicamente, mexendo em seu celular.
Eu estreito os olhos, enquanto rio. Me afasto do sofá e da Wendy.
— O seu celular tem sinal?
— Não. — Respondo, já entrando na cozinha. — Deve ser por conta do tempo.
Sem pressa, e escutando a chuva forte e a televisão, caminho até à geladeira, retirando de lá alguns ovos e uma caixa de leite que deixo sobre a pia. Em seguida, retiro do armário tudo que precisaria para fazer um café da manhã - quase almoço.
Preparo os ovos, alguns pãezinhos e frutas, e esquento um caneco com pouco leite. Reparo no pequeno pote que vovó deixou na pequena muretinha da janela, e quando o abro, sinto o cheiro familiar, Erva-Verde. Penso em colocar um pouco nos ovos, mas acabo desistindo.
Quando termino tudo, chamo Wendy. E assim, nós duas tomamos nosso café em meio ao som dos trovões.
— O que vamos fazer hoje? — Ela pergunta antes de tomar um pouco do leite.
— Eu não sei. — Dou de ombros, colocando meu garfo no prato vazio.
— Nós podíamos buscar a vovó na loja mais tarde. — Wendy sugere.
— Com essa chuva?
— Exatamente por conta da chuva, Eleninha. — Wendy coloca os pés para cima do assento da cadeira, apoiando o queixo entre os joelhos. — Quando a vovó saiu, não estava chovendo. Acho que ela não levou guarda-chuva.
— Tudo bem. Vamos esperar para ver se a chuva diminui até o final da tarde. — Digo e Wendy assente. — A propósito, a louça é sua. — Me levanto da cadeira e Wendy faz uma careta, se levantando também.
VOCÊ ESTÁ LENDO
DRÁCUS DEMENTER || KTH
Fanfiction❝Em minhas costas, respirando pesado, olhando a luz, rezando, isso aqui não é o fim, mas é claro que poderia ser. Em minhas costas, o coração batendo fora do meu peito. Eu nunca pensei, não posso acreditar que eu partirei assim.❞ Nunca condene algué...