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P.O.V.'S JACK GILINSKY • CALIFÓRNIA

Novamente a minha discussão com a Beatrice no carro vem na minha mente. Infelizmente ela tem razão, eu deveria dar mais atenção aos meninos.

Sobre pedir desculpas ao Alex, não sei se vou conseguir, porque pedir desculpas é meio chato e difícil pra mim.

Sobre o Isaac, não quero que ele tenha a mesma infância que eu tive, por isso pedi a ajuda da Beatrice.

- Pensando em? - A Beatrice pergunta, me tirando dos pensamentos.

- No que você me falou. Não quero que o Isaac tenha a mesma infância que a minha. - Falo e ela me olha, querendo que eu continue o assunto. - Não quero ser o pai que o meu pai foi quando eu era criança.

- Desculpa ser invasiva, mas, para eu entender melhor, poderia me contar a sua história? - Ela pergunta.

- É um pouco difícil, mas... eu posso tentar. Bom, morava eu, minha mãe e meu pai numa casa muito simples. Meu pai era quem trabalhava, fazendo minha mãe depender dele. Meu pai passava o dia inteiro fora, depois do trabalho, ele ia beber, às vezes voltava bêbado e batia em mim e na minha mãe. Quando ele batia ou fazia coisas piores com ela, ela me mandava ir pro quarto pra eu não presenciar as situações. No dia seguinte, minha mãe conversava comigo, pra quando meu pai viesse encostar um dedo em mim, pra eu me defender. Até que um dia, meu pai nos machucou com ferro quente. No dia seguinte, minha mãe pediu o divórcio, ele não gostou nada, à noite, depois da minha mãe me colocar pra dormir, eu escutei seus gritos, ele estava batendo nela e mais uma vez usando ferro quente. - Tento o máximo segurar as lágrimas. Não posso chorar aqui na frente da Beatrice. - Até que ela fugiu de casa comigo. Fomos para a casa de uma tia, que nos acolheu sem problema nenhum. Meu pai achou a gente, e... ele matou a minha mãe na minha frente. Minha mãe morreu na minha frente, eu vi meu pai matando a minha mãe. Tem noção do que é isso? Depois, voltamos para a nossa casa antiga e eu cresci com ele, apanhando dele e brigando com ele. Não tinha um dia que a gente não brigava. Aí meu pai foi demitido do trabalho e passou a ficar em casa, todos os dias. Eu quando saía da escola, não ia direto pra casa, eu ia pra casa da minha tia que me dava dinheiro pra comprar algo pra comer ou eu ficava na rua mesmo, brincando com os meus amigos ou ficava andando por aí. Bem tarde da noite eu voltava pra casa, quando meu pai já estivesse dormindo. Quando eu voltava ele ainda estava acordado, eu não ia pra escola no dia seguinte, de tanta dor que eu sentia. - É muito difícil lembrar dessa história e contar assim. - Desculpa, não quero mais falar sobre isso.

- Nossa Jack. - Ela fala. - Não sabia que havia passado por tudo isso.

- Se você quiser, hoje eu termino de contar, depois de colocarmos os meninos pra dormir. - Falo. - Quer ir pra casa agora?

- Pode ser. Minha bunda está dormente de tanto tempo que estou sentada. - Ela ri.

- Posso fazer você voltar a sentí-la rapidinho. - Falo e ela me dá um tapa no braço. - Precisava disso?

- Precisava. Vamos logo. - Ela fala já indo à caminho da escada.

- Quer que eu saia sem pagar amor? - Falo enquanto pegava a carteira. O garçom já estava ali, pago a conta e guardo de volta a carteira no bolso.

...

Abro a porta de casa, vendo que os meninos estavam na sala jogando videogame. O Isaac vem correndo abraçar a Beatrice, a mesma se abaixa para conseguir abraçá-lo. O Alex apenas olha pra trás e depois volta a olhar a TV.

ᴍᴀғɪᴀ ✦ ᴊᴀᴄᴋ ɢɪʟɪɴsᴋʏ  [ᴄᴏɴᴄʟᴜɪᴅᴀ]Onde histórias criam vida. Descubra agora