II

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Engoli em seco enquanto o encarava ainda

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Engoli em seco enquanto o encarava ainda. Seus olhos eram realmente muito lindos, admiráveis, eram azuis, porém intensos.

     — Eu quero passar e acho que ficar me olhando não vai fazer com que eu atravesse você. — sua voz rouca e com um tom arrogante tomou o meu ar por alguns segundos, me fazendo continuar parada em sua frente.

Seu sotaque não era americano, tinha as palavras meio enroladas quase não me deixando entender. Provavelmente, era britânico, tinha quase certeza.

Assim que meus olhos piscaram, eu percebi onde eu estava e quem era a pessoa parada em minha frente. Meus lábios se abriram para lhe dar uma resposta feia, mas eu os contive, dando uma última olhada rude para o garoto à minha frente e me virei de costas para ele, o xingando mentalmente de todos os nomes possíveis. Respirei fundo e fiquei ereta novamente, olhando algumas pessoas presentes ali na sala e a maioria delas encaravam à mim e o babaca atrás de mim, parado.

Agradeci quando vi um rosto conhecido entre aquelas pessoas. Aysha tentava prender os lábios para que não risse, mas parecia meio impossível para ela, já que estava sentada na segunda fileira de cadeiras, com as pernas cruzadas e o rosto apoiado nas mãos, assistindo camarote.

Caminhei até ela com os passos rápidos, tirando toda atenção do "público" de mim. A sorte era que Aysha estava sentada na ponta da fileira e evitou que eu atravessasse meio mar de pessoas como o habitual. Tirei a mochila das costas e a coloquei no chão apoiada na cadeira da frente e me sentei na cadeira estofada azul.

     — Sem comentários, por favor! — pedi cruzando as pernas e fechando os olhos, já podia sentir minhas bochechas corarem violentamente.

     — Você viu o jeito que ele te olhou? — perguntou virando o rosto para mim.  Sua expressão era maliciosa, o que me deixou com mais vergonha ainda.

— Aysha! Estamos falando do Senhor "arruma problema".— digo revirando os olhos disfarçadamente e neguei com a cabeça.

— Tá legal, Mary. Ele te olhou de um jeito... — gesticulou com as mãos tentando achar a palavra certa para se encaixar em sua frase.

— Ele me olhou com raiva, já que eu sou tonta o suficiente para ficar parada na frente dele — comentei me curvando para abrir a mochila, e estiquei mais os braços tirando meu notebook dali de dentro — E aliás, eu mal sei o nome dele...

— Adam Ashworth, 19 anos, britânico... — ela tirou minha dúvida secreta — Gostoso, tatuado e milionário — falou como fosse uma fã dele que o perseguia 24 horas para saber a vida do cara.

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