XLV

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Eu amo você!

Eu passei um bom tempo observando a casa. Era enorme! A sala de estar era maior do que eu poderia imaginar. Um sofá enorme e duas poltronas ocupavam um canto, logo a sua frente uma mesinha e uma TV enorme, uma prateleira embaixo da televisão tinha um videogame e alguns outros aparelhos. Atrás do sofá, tinha uma mesinha com muitas bebidas alcoólicas, principalmente Whisky e vinho. No outro lado da sala, tinha uma lareira, o que eu achei bem interessante para uma casa como está, em frente a mesma, continha mais duas poltronas em cima de um tapete azul. A casa não tinha carpete, por motivos mais óbvios: festas! O que eu mais vejo são pessoas derramando bebidas em carpetes.

        O que mais me impressionou na sala, foi que eu não vi roupas sujas ou bagunça. Obviamente, aqueles garotos ricos não limpam a própria bagunça e pagam alguém para fazer isso.

         Eu tinha seguido Lyan até a cozinha — depois de Adam desaparecer nas escadas — e gostei muito do jeito simples e organizado do lugar. Tinha um balcão bem no centro, onde tinha um fogão cooktop e a pia com alguns copos sujos. Continha alguns armários ao redor e um balcão, além da geladeira.

          Lyan me disse a seguinte frase "fique a vontade, gata. A minha casa é sua também!". Ele disse a mesma coisa do quarto dele quando entramos. E uau! Tinha gostado muito do quarto dele. A cama king estava desarrumada, mas não tirava o charme do quarto em tons cinza e creme. Ele tinha várias prateleiras com alguns livros e bonecos Funko pop. Alem de uma escrivaninha parecida com a minha: bagunçada e com livros de medicina.

          O bom da casa é que estava um completo silêncio, já que os outros garotos estavam na faculdade.

          Me aconcheguei no peito do Lyan e suspirei fundo, curtindo o maravilhoso silêncio. Estávamos deitados naquela enorme cama, aconchegados e quietos. Eu estava com a cabeça no peito dele e a mãos do mesmo estava em volta da minha cintura.

         — O que quer fazer depois da faculdade? — ele perguntou quebrando o clima silencioso.

         — Bom, pretendo fazer alguns plantões para juntar dinheiro. Quero sair da casa dos meus pais assim que começar a residência em psiquiatria. E vou conforme as ondas, seguindo a direção do vento. Quem sabe depois, me caso e tenho filhos. — suspiro e levanto a cabeça, o olhando. — E você?

          — Não faço a mínima ideia... — mordeu os lábios pensativo. — Não tenho muitos planos.

          E mais uma vez, ficamos em um completo silêncio. Meus pensamentos se voltaram para Adam, que estava no seu quarto, no fim do corredor — informação do Lyan. Eu queria ter confirmado que o amava, mas nessa altura, eu já estaria arrependida por alimentar o ego dele. Sem pensar duas vezes, inclinei o meu corpo, e juntei os meus lábios com o do Lyan, sem cerimônia alguma. Rapidamente, nossas línguas se entrelaçaram, começando um ritmo rápido, porém gostoso. Quando eu percebi, eu estava montada em Lyan, com uma perna de cada lado, enquanto suas mãos passeavam pela minha cintura. Arfei baixo assim que suas mãos pararam em minha bunda, apertando minha carne coberta pela calça. Um barulho tomou os meus ouvidos e constatei que era um celular tocando, mas não era o meu.

        — Seu celular... — sussurrei contra seus lábios.

        — Deixa tocar! — respondeu prendendo o meu lábio inferior com os seus dentes.

        O meu corpo estava começando a esquentar e todos os pelos estavam arrepiados, indicando que eu estava a beira da excitação.

          Separei nossos lábios e ergui o corpo, pegando a barra do moletom e a levantando, e com a ajuda do Lyan, consegui tirá-lo, jogando em algum canto da cama. Como eu estava sem blusa por baixo, Lyan teve a visão do meu sutiã branco de renda e seus olhos se prenderam ali, em meus seios cheios e cobertos. Voltei a beija-lo, porém com mais desejo e luxúria, sem nem pensar direito. As mãos dele voltaram para as nádegas, diferindo um tapa em uma delas.

            — Lyan, a sua mãe... — a voz do Adam nos interrompeu e eu quase morri de susto.

           O meu "namorado"  se sentou rapidamente, comigo ainda no colo e eu virei o rosto assustada, e pude ver a pior expressão no rosto do Adam. Suas sobrancelhas estavam caídas, seus olhos sem o brilho que eu amava e seus lábios estavam em uma linha reta. Eu podia notar a decepção em seu rosto. Ele estava desapontado comigo e meu peito doeu com aquilo.

             — Eu não cheguei em uma boa hora, né... — comentou com a voz arrastada. — Mas a sua mãe ligou, e eu disse que você estava em casa. Bom, ela quer que você vá imediatamente para a casa dela.

           Desci do colo de Lyan que me olhou sem muita reação, dei de ombros e procurei pelo meu moletom, que estava na ponta da cama. O peguei e passei pela minha cabeça, o vestindo. Lyan endireitou as roupas e me olhou, indo até mim e me dando um selinho demorado.

             — Quando eu voltar, continuamos. — disse apenas para que pudesse ouvir e eu dei um meio sorriso em resposta.

            Depois que Lyan passou pela porta do quarto, Adam continuou parado no mesmo lugar, me olhando, com a mesma decepção. Ele negou com a cabeça e se virou para sair, mas eu o interrompi.

         — Adam, olha, eu posso explicar... — sai da cama e senti a madeira do chão gelar meus pés.

         — Explicar, o que? O Lyan é o seu namorado, você não tem nada para explicar para mim. Você não me deve nada, Mary Angel. — e então, ele virou para mim, e eu me surpreendi. Seus olhos estavam um pouco marejados e aquilo foi como um soco no meu estômago.

         — Eu queria que as coisas fossem diferente.

         — Mas elas não são, Mary, e nunca serão. Eu já me conformei em o Lyan ter tudo, e nunca vai mudar. Ele conseguiu roubar tudo de mim, e com você não seria diferente. — suas palavras me cortaram em pedaços e me tornou muito vulnerável, mas do que eu era.

          Ele se virou novamente para o corredor, me deixando sozinha, parada na porta do quarto sem saber o que fazer. Eu queria ir até ele, e dizer que tudo ficaria bem, e que eu... e que eu o amava. Dizer que eu sempre seria dele, porque ele estava sendo o meu primeiro amor de verdade. Mas eu não podia, isso acabaria com nós dois, mostrando que não poderíamos ficar juntos.

           Mas tinha uma coisa em jogo, o meu amor por ele e bom, o amor dele por mim. E eu não poderia desperdiçar isso. Se fosse para eu me arrepender, que fosse por ter feito e não por ter apenas pensado. Sai do quarto e caminhei pelo corredor, parando em frente a porta do quarto dele e respirei fundo. A porta estava entreaberta, e eu tomei a liberdade para abri-la.

            Adam estava sentado na beira da cama, e me olhou rapidamente. Seus olhos estavam vermelhos, indicando que ele havia deixado algumas lágrimas rolarem, mas não tinha vestígios delas por seus rosto.

            — Sai daqui! — esbravejou.

             Entrei em seu quarto e fechei a porta atrás de mim.

             — Que merda, garota. Eu não te... — o interrompi.

             — Eu amo você! — eu disse o mais rápido que eu pude e respirei fundo.

             — O que você disse? — sua expressão de suavizou.

             — Que eu amo você, Adam. — repeti mais devagar.

             Era como se um peso tivesse saído da minhas costas. Eu tinha acabado de descobrir que meus sentimentos por ele iam além do que alguém poderia alcançar e eu tinha que dizer isso para ele, e mostrar que sim, ele pode ser algo mais para alguém.

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