LIII

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Não damos certo!

Assim que eu acordei, eu estava literalmente em cima do Adam, com os braços e pernas em volta dele. Ele já estava acordado, encarando o teto — informação dele —, e quando eu me sentei assustada, ele começou a rir do meu rosto amaçado e o cabelo desgrenhado. Ele ficou uns 20 minutos tentando me convencer de tomar banho com o mesmo, mas eu recusei, dizendo que iríamos nos atrasar, porque acabaríamos transando no box e Adam protestou, óbvio, dizendo que sexo matinal era a melhor coisa. E mesmo se eu quisesse, não poderia, pois eu estava muito dolorida da noite anterior e minha intimidade estava toda vermelha.

        Descemos para tomar café e minha mãe tinha caprichado dizendo que tinha que agradar o genro dela, e eu tive que revirar os olhos com seu comentário. Meu pai por sua vez, estava nos olhando desconfiado e eu até pensei que ele tinha ouvido alguma coisa, mas logo perdeu a pose de durão quando Adam puxou assunto sobre advocacia.

       — Você não vai passar em casa, não? — perguntei olhando para ele, que virava o volante.

        — Se você quiser dar uma rapidinha, é só falar, que eu te fodo aqui no carro. — ele olhou para mim com um sorriso malicioso e eu revirei os olhos.

        — Adam, o mundo não se resume a sexo não, está bem? — digo encarando o mesmo.

        — Você deveria experimentar se foder, aí você me entenderia. — ele riu e eu dei um soco em seu braço.

       — Se eu soubesse que ficaria assim, nunca teria dormido com você. — olhei para a estrada.

       — Eu daria um jeito. Nunca que eu iria perder a chance de te sentir, baby. — Adam mordeu os lábios distraídos e eu ri, negando com a cabeça.

        — Tem algum carregador aqui? — perguntei aleatoriamente olhando para o meu celular com 2% de bateria

       — Vê no porta luvas, sempre tem algum aqui  que eu deixo aqui. — Adam disse e eu ameacei abrir o porta luvas, mas ele me impediu antes. — Acho que não tem! — respondeu rapidamente, guiando o volante com um braço e o outro segurou o meu braço.

       — Se não tiver, tudo bem! — digo me soltando de sua mão e sorrindo para ele. Abri o compartimento e olhei para dentro e meu queixo caiu — Que porra é essa?

        Eu fiquei sem reação na mesma hora e perdi o fôlego. Ali dentro tinha vários saquinhos transparente, com drogas dentro. Peguei um saquinho na mão e levantei, olhando o pó da cocaína. Então era por isso que Adam me impediu! Revirei um pouco mais e tinha maconha, heroína e outras drogas com seus nomes escritos na embalagens.

         — Isso... — digo assustada. — Para que tudo isso? — peguei alguns sacos na mão e os encarei. — Me responde, Adam! — esbravejei com raiva.

        — Coloca isso de volta onde encontrou que eu te explico. — ele me olhou rapidamente e eu neguei com a cabeça.

         Sem pensar duas vezes, apertei o botão que abria a janela e joguei os saquinhos na minha mão por ela.

        — Está maluca? Para com isso, Mary! — gritou, mas eu fingi que não ouvi.

       Apanhei mais saquinhos com drogas e atirei pela janela, até o vidro subir novamente e apenas a minha raiva tomar o carro.

      — Porra! Você vai me dar um prejuízo de mil dólares! Está achando que é quem? — ele perguntou nervoso, parando o carro na hora.

       — Eu sou a sua namorada, Adam. — digo o olhando irritada

       — Não, você não é. A Hanna é a minha namorada. — disse soltando o ar pelo nariz fortemente e retirou os dois saquinhos da minha mão.

        Suas palavras me acertaram em cheio e meus olhos arderam instantaneamente. Ele estava certo! A Hanna era a sua namorada e não eu. Eu estava tentando ser algo que não era, e tinha falhado miseravelmente.

       — Quer saber? Você está certo! Eu não sou nada sua mesmo, além de um passa tempo... — minha voz falhou na última palavra e eu olhei para a frente.

       — Você sabe que não é verdade, olha... — ele tocou o meu braço, mas desviei do seu toque.

        — Não! Para de tentar consertar as coisas, Adam! Você sempre fala as coisas certas, mas logo me ilude dizendo que não era o que quis dizer. — após dito, senti um peso saindo das minhas costas. — E fora que tem essas porcarias, eu não quero um cara na minha vida que anda com uma quantidade absurda de drogas no carro! — não me permiti chorar, estava irritada demais para isso.

       — Quer saber a verdade? Eu vou te contar. — gritou e eu me encolhi. — Eu sou um fodido, Mary, um fodido! — disse pausadamente. — Meu pai parou de me dar dinheiro desde que descobriu que eu era um usuário. Eu tive que me virar, porque ele não me dava um centavo. Então, o cara que me vendia, fez uma proposta para mim, era só eu vender as drogas para ele que eu ganhava a metade da grana. E sim, eu vendo drogas! — ele gritava cada palavra, mas eu estava em estado de choque. — Meu pai voltou a me dar dinheiro assim que eu comecei a namorar com a Hanna, por isso que eu realmente aceitei a proposta de namorar com ela, porque eu estou pouco me fodendo para a empresa dele. — Adam respirou fundo e relaxou as costas no banco.

      Ele vendia drogas... Adam vendia drogas... Ele vendia... Por que ele estava fazendo isso? Adam não poderia fazer isso... Ele corria mais risco do que eu pensava. Ele não tinha salvação. Adam nunca teria salvação daquele mundo, ele já estava envolvido demais e eu não podia ficar com um cara daqueles. Ou eu me afundaria junto. Cada vez que eu mexia nas coisas para saber sobre ele, mais eu me decepcionava, mais eu me quebrava por dentro e eu começava a entender que não éramos feitos um para ou outro. Adam e eu éramos diferente demais, eu só queria ter uma vida normal, com um cara normal, para viver em paz, mas a única coisa que eu consegui foi um ex-namorado agressivo, um seja-lá-o-que-Adam-era que era um usuário e vendedor de drogas.

      — Eu entendo que não queira mais ficar comigo. Acho que não damos certo, não é? — concordei com a cabeça derramando as lágrimas que tanto segurei. — Me desculpe por ter feito você perder tempo. Mas saiba que eu vou tentar parar de usar, por você, eu vou tentar. — e então, ele disse algo que acabou comigo:— Porque é isso que se faz quando ama alguém...

Fechei os olhos respirando fundo e mordi os lábios.

— Acho que você disse isso tarde demais, Adam. — me virei para a janela e olhei a rua, totalmente deserta.

Ele insinuou que me amava... Adam disse que me amava! Meu coração estava quase saindo pela boca de tão feliz, mas ao mesmo tempo, ele estava tão triste que parecia estar morrendo. Por que nós nunca damos certo? Qual era porra do problema? Nos amamos na noite passada e agora voltamos para o início novamente que talvez nunca tivesse um recomeço.

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