Pequenas mentiras

Bônus

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Por Adam:

Seu eu dissesse o quanto eu fiquei arrasado, as pessoas teriam pena de mim? As coisas aconteceram tão rápido que quando eu pisquei, já tinha perdido ela de novo, mais uma vez. Eu precisava da Mary, e ela não tinha ideia do quanto. Nunca tive tanta certeza na vida que eu estava apaixonado e domado por um garota. Ela era carinhosa, sabia sorrir e me fazer sorrir, tinha um jeito meio persistente quando colocava uma coisa na cabeça, era difícil ela esquecer.

       Eu tive certeza que a amava no momento que ela estava tomando a decisão de me deixar novamente e eu não podia perdê-la, mas fui fraco demais e não lutei o suficiente para existir um "nós". Eu queria ser uma nova pessoa por ela, queria ser um bom garoto na qual a mesma olhasse e pensasse que estava certa do queria. Porém isso está distante demais, um sonho quase inalcançável. Eu faria de tudo para buscar sua constelação favorita e se ela quisesse ir em alguém lugar do mundo para ver o pôr do sol mais bonito, eu daria um jeito. Eu faria de tudo por ela, tudo para que as coisas fossem certas para ficarmos juntos, mas era complicado e difícil.

      Eu resolvi conversar com a minha mãe sobre ir para uma clínica de reabilitação e ficar lá de vez, para me consertar e dar tempo para ela pensar. Mas a minha mãe era teimosa e disse que eu teria que dar atenção para a faculdade. Então eu decidi ir passar uma semana só para saber como era e fiquei maluco lá dentro. Eu não consegui dormir mais de 7 horas em todos esses dias, eu estava tomado de pensamentos ruins, pensando que talvez, eu devesse deixar a Mary e ir embora para outro lugar, Canadá talvez. Mas eu ainda não estava nesse nível ainda.

      As drogas já estavam em mim há muito tempo e estava sendo difícil supera-las tão rápido, sem ter a Mary comigo, me dando forças para continuar. Foi apenas o começo para mudar por ela, e eu continuaria mudando até a Mary perceber que eu poderia ser uma boa pessoa.

      O nosso último beijo me fez lembrar que valia a pena lutar por Mary e seu amor, se eu quisesse me arriscar, uma vez na vida, seria por ela. Quando as lágrimas dela ficaram em meu rosto, foi o suficiente para os meus olhos lacrimejarem e eu observar ela passando pela maldita porta e me deixando, e dali, foi a última vez que pude olhar para ela sem precisar observá-la.

O Adam de dois meses atrás me chamaria de fraco e riria de mim por estar completamente apaixonado pela Mary. E isso me assustava, a maneira como ela está me mudando em pouco tempo.

A Ellie sempre me conta da Mary e disse que ela está cada vez melhor, menos chora e se decepciona. Eu posso ter minhas brigas com a minha irmã, mas nesse momento ela está sendo muito útil em tentar nos unir novamente. Ellize disse que quando viajei para a Califórnia com a família da Hanna no dia de ação de graças, quando a Mary soube, chorou até dormir no colo dela. Também soube que de raiva, a mesma deu um soco na parede e machucou um pouco a mão, e isso acabava comigo. Era horrível ver que eu acabava com aquela garota mesmo estando longe, mas eu ia mudar aquilo. Não poderia mais ficar me exibindo com a Hanna pela faculdade e recebendo dinheiro do meu pai, sendo que o meu bem precioso estava ganhando rachaduras. Eu sei que prometi continuar com a Hanna um ano inteiro, mas nem fodendo que isso iria acontecer.

Observei Hanna passar batom nos lábios enquanto se olhava em um espelho que ela carregava na bolsa.

— Eu quero terminar! — digo rapidamente, sem muita cerimônias.

— O que? — ela virou o rosto para mim e eu dei de ombros.

— Eu disse que quero terminar esse namorinho de merda. — olhei novamente para rua e respirei fundo, esperando seu escândalo.

— Como assim, Adam? Você não pode fazer! Não é sobre nós, e sim sobre nossas famílias. — disse histérica e eu revirei os olhos, ficando calado. — É por causa dela, não é?

— De quem? — franzi a testa ainda olhando para a rua e virei o volante.

— Da Mary Angel, óbvio! O que ela está fazendo com você, Adam? — perguntou jogando seu batom em mim. — Eu não aceito isso! Você não pode terminar comigo por causa dela.

— Posso, como já estou fazendo. — dou um sorriso de lado e olho para ela, que respirava fundo várias e várias vezes.

— Ela não é tudo isso que você pensa! A Mary se faz de santa, mas no fundo ela não é. — Hanna nega com a cabeça. — Uma hora ou outra ela vai perceber que você não vale a pena... — a corto.

— Então, eu vou fazer com que cada momento que tenhamos, valha a pena. — Hanna se calou e eu podia ouvir ela se remoendo por dentro.

Aquele silêncio estava me incomodando. Quando Hanna ficava em silêncio, boa coisa não era.

— Você não acha que vai acabar a magoando, Adam? — sorriu maliciosa.

— Eu não vou magoá-la. — digo rude e seguro mais o volante.

— Você VAI magoar a Mary. — enfatizou a palavra e virou o rosto para mim. — Você acha que ela não vai descobrir do vídeo, Adam?

Paralisei na hora e tive que parar o carro no encostamento. As palavras de Hanna me causaram arrepios e eu fiquei um pouco desesperado.

— Como você sabe do vídeo? — cerrei os dentes e respirei fundo.

— Eu peguei o seu celular enquanto você dormia, quando fomos para Los Angeles, e vi a sua conversa com o Lyan... — Hanna continuou com o seu sorriso armado e isso só estava me irritando. — Você é sujo, Adam. Você está achando que é melhor que o Lyan, mas está enganado, ele vai acabar com a Mary no final.

— Cala a boca! — digo baixo, segurando mais forte no voltante.

— A verdade dói, amorzinho. — fez beicinho. — Pode ter certeza, se eu não posso ficar com você, a idiota da Mary também não. Uma hora ela vai saber a verdade e não vai ser da sua boca. — sorriu mais uma vez.

Respirei fundo e soquei o volante com raiva. A Hanna não faria isso, ela não seria maluca. Eu não poderia perder a Mary sendo que eu mal a consegui de volta.

— Sai do meu carro... — sussurrei e ouvi Hanna rir. — SAI DO MEU CARRO! — gritei socando mais uma vez o voltante e ela riu mais alto.

Hanna pegou a mochila no banco traseiro e eu apertei o botão no volante, abrindo a porta para ela. A mesma saiu do carro e eu fechei a porta de volta.

E eu estava mais que perdido, sabia que Hanna acabaria contando para a Mary e iria estragar tudo.