XXVIII

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Queridas desculpas

O jantar foi o mais agradável possível. Lyan era muito divertido e me contou um pouco de sua família que era originada da Itália e quase todos eram italianos, menos ele e suas irmãs mais novas —na qual eram gêmeas —, e ainda descobri que ele falava fluentemente italiano.
Contei também um pouco sobre a minha família, mas somente o básico. Conversamos também sobre sabores de sorvetes e o sabor preferido era de chocolate assim como o meu.
Temos muitas coisas em comum e isso é bom, muito bom, e fora que nos damos muito bem.

No final da noite, Lyan me levou para casa contando um pouco sobre seu gosto musical, e era o nosso único ponto que não tínhamos em comum. Ele gostava mais de músicas clássicas — o que me surpreendeu bastante. O meu gosto musical não combinava muito comigo, para ser sincera, eu amo qualquer música que envolva o Blackbear — e esse meu lado pareceu assustar Lyan.

Depois da conversa toda, nos despedimos apenas com palavras e entrei para a minha casa. E esse foi o resumo da minnha noite.

Mexi impacientemente no meu cabelo olhando para o relógio. Ja eram 7:43am e a entrada da faculdade era às 7:30am. Eu estava esperando Hannah que disse que estava chegando e pediu para eu a esperar, e isso já fazia 20 minutos.

Eu esperaria mais 5 minutos, mas o professor vai me esganar se eu chegar mais tarde. Antes que eu me vire para o corredor, avisto a silhueta de Hannah na esquina e ela ainda estava acompanhada. Eu os acompanhei com os olhos até eles chegarem até mim.

Comecei a ficar euforica quando Adam me analisou, de cima abaixo, com o seu típico olhar prededor que fazia qualquer menina delirar, mas eu estava tentando não se tornar uma daquelas garotas, o que já estava ficando tarde demais. Seu sorriso desapareceu assim que percebeu o jeito que eu o olhei: fria e magoada.

Se Adam soubesse o furacão que ele era, ficaria orgulhoso e seu orgulho aumentaria quando visse o que ele está me tornando: a típica traidora que chora na madrugada mesmo depois de um encontro maravilhoso com um cara perfeito.

Hannah arqueou as duas sobrancelhas e sua testa enrugou. Ela me conhecia tão bem para saber que eu estava incomodada com o namorado dela? Acho que não...

— Desculpe o atrasado, mas tive um imprevisto — ajeitou os fios de cabelo bagunçados.

E foi a minha vez de arquear as sobrancelhas e ficar perdida. Hannah olhou para o lado e suas bochechas morenas coraram e ai eu notei o seu "imprevisto". Claro que ela teria que ter uma transa matinal com o seu belo namorado, era típico de qualquer casal. Eu que fui idiota de esperar e perder a metade da minha primeira aula para esperar que Adam a comesse, talvez se ela soubesse que a testa dela pesa mais que seus brincos de diamantes, ela não estaria tão envergonhadinha.

Meu corpo gelou na hora e foi ali que me dei conta do que acabou de acontecer na minha mente. Os meus malditos pensamentos... Por que eu estava pensando aquilo dela? Por que? Qual era o meu problema?

Olhei para Adam que me encarava, esperando a minha reação de tristeza, o que não aconteceu. Se ele achava que eu iria ficar com lagrimas nos olhos por isso, ele estava muito enganado. Pelo contrário, eu alternei o olhar entre o belo casal e abri um sorriso malicioso, eu poderia enganar qualquer um com aquele sorriso.

— Só vocês dois mesmo — neguei com a cabeça, fingindo um riso. Puxei todo o ar que eu podia e retornei a ficar séria e encarei o rosto do ashworth — Acho melhor eu ir para a minha aula. E vocês deveriam fazer o mesmo, já que o prédio de direito é longe.

Hanna apenas sorriu sem mostrar os dentes, meio sem graça, e concordou com a cabeça.

Dei dois passos para trás e me virei dando alguns passos devagar e ouvi murmúrios vindo deles, algo como: " A Mary está estranha..." " Esquece isso, Hanna. Ela não deve estar em um dia bom" e mais algumas coisas que não pude identificar, pois acelerei os passos.

Ótimo! A Hanna me troca pelo maravilhoso e "fiel" namoradinho dela e mal responde minhas mensagens e eu que estou estranha? As coisas tem mudado tanto nos últimos dias que até o clima parece não gostar de mim, será que o problema sou eu? Ou das pessoas ao meu redor? Que porra estava acontecendo?

Olhei pelo vidro da porta da sala e Aysha acenou para mim assim que me viu e aproveitei que o professor escrevia no quadro e abri a porta devagar, logo entrando na sala.

— Deve ser impressão sua, Mary — Aysha disse dando de ombro.

— Não é, ela não é mais a mesma Hanna — olhei para a mesa à minha frente.

Estávamos no refeitório, almoçando, já que eu não queria sair para almoçar e muito menos Aysha. O Refeitório central estava bem barulhento hoje, muitas pessoas decidiram ficar por aqui, mas nenhuma delas era Hanna, Lyan ou a Ellie, pelo que notei, ninguém da turma de direito estava aqui... Mas não era da minha conta.

Levei uma garfada de uma comida até a boca e acabei por sujar a minha blusa BRANCA, limpinha e passadinha. Revirei os olhos e a risada escandalosa da loira tomou meus ouvidos. Fiz uma cara de irritada e tentei passar o guardanapo na mancha, mas piorou mais e isso serviu de lição para mim. Aysha ainda ria do meu desastre, me tirando mais uma revirada de olhos.

— Eu vou no banheiro tentar tirar isso aqui... —apontei para enorme mancha que formou no tecido.

Aysha apenas disse um "okay" entre seus risos e eu sai de perto dela, me afastando o mais rápido possível daquelas mesas antes que alguém visse o que eu tinha feito.

Depois disso, posso ter certeza que o desastre é o meu melhor amigo.

Tentei esfregar mais uma vez a mancha antes de entrar no banheiro, e foi falha a tentativa. Minha testa e meus braços bateram contra algo e eu cambaleei para trás um pouco atordoada. Passei a mão sobre minha cabeça e olhei para cima, vendo Adam parado e me analisando. Seus lábios estavam entreabertos e seus olhos presos no meu.

Tudo que eu não queria era esbarrar com ele, eu não queria o ver, talvez nunca mais. Se Adam sumisse seria ótimo para eu colocar a cabeça no lugar e minha vida voltar ao normal, sem graça e sem caras tatuados fumantes.

Dei um passo para o lado pretendendo passar, mas Adam foi mais rápido que eu imaginei puxando o meu braço para que eu entrasse no banheiro. Tentei lutar para que ele me soltasse, mas como ele era mais forte que eu, nada aconteceu. Fiquei parada sem reação o observando fechar a porta.

— Que porra você está fazendo, Ashworth? - me pronunciei e franzi o cenho. Adam me deixava com os nervos a flor da pele.

— Se eu pedisse para conversar, você iria fazer drama e iria me xingar — disse como se fosse óbvio.

Claro que eu iria o xingar e fazer drama, eu tinha motivos para isso, para dar meia volta e fingir que ele não existe.

— Mas eu não quero conversar! - inclinei meu corpo para tentar sair, mas Adam me impediu com as mãos.

— Só me escuta por um momento, Mary. Juro que vai valer a pena — seus olhos obteram um brilho na qual deixava o azul mais intenso.

Dei alguns passos para trás e bati contra o mármore frio da pia. Cruzei os braços e o encarei. Sera que eu deveria ouvi-ló? Eu estava sendo infantil demais, mas eu sabia que ele iria usar a lábia dele para tentar me convencer de alguma coisa. Eu tentaria não cair no jogo sujo dele, tentaria ao máximo. Adam queria se explicar, e eu deixaria, mas tinha em mente que eu não era obrigada a perdoar suas humilhações e seu comportamento medíocre.

— Mary, eu queria te pedir desculpas, desculpas mesmo. Eu quero que me perdoe por tudo, por ter sido um babaca com você desde o começo. Porra... —sussurrou baixo o xingamento e fechou os olhos com força — Você é uma garota legal e inteligente que fez eu assistir a porra de um filme de romance clichê. — se aproximou de mim. — Eu não sei o por quê de eu ter falado aquelas coisas de você, eu falei da boca para fora, Mary...

— Isso não explica nada. É a sua opinião sobre mim e eu não posso mudar. — abaixei o olhar.

— Se arrependimento matasse... — Adam sussurou muito baixo, quase inalcançável dos meus ouvidos.

— Terminou de falar?- ergui a sobrancelha.

Adam estava achando tão simples assim? Me pedir desculpas e que tudo ficaria bem... Não era assim que as coisas funcionavam.

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