Pequenas mentiras

XXV

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Sem desculpas

Enrolei uma mecha do cabelo no dedo e respirei fundo.

         Ellie tinha acabado de entrar no banheiro e me avisou que iria demorar, pois iria lavar o cabelo, ou algo assim. Então estou tentando aproveitar esse tempo sozinha para me organizar mentalmente, pensar no que está acontecendo.

Eu devo admitir que quando vi Adam na sala de jantar, tive esperanças que ele iria pedir para conversar comigo e que iria me pedir desculpas. E mais uma vez eu me iludi. A única coisa que Adam fez foi me ignorar, ficar de cara fechada e me insultar.

    — Ellie, você... — uma voz interrompeu meus pensamentos e eu paralisei quando olhei para a porta— Mary... — Adam sussurrou ao me ver.

    Ignorei a presença dele e virei meu rosto para frente, olhando para um ponto fixo na parede. Não queria o olhar, de jeito nenhum. Engoli em seco quando o mesmo parou na minha frente, de braços cruzados e com os olhos azuis curiosos.

      — Mary... Precisamos conversar — disse me olhando, mas eu continuei olhando para a parede.

     — Não! Não precisamos... — respirei fundo piscando algumas vezes.

     — Por favor! — pediu. Adam colocou a mão no meu queixo e levantou meu rosto, forçando-me o olhar. — Eu quero me explicar...

     — Explicar o que? Você me disse tanta coisa ontem, Adam. Você é um babaca. — me afastei dele e me levantei da cama, tentando manter a distância que precisávamos.

     — Eu falei sem pensar. Porra! — esbravejou.

     — Então você deveria pensar antes de sair falando merdas por aí. — me virei de costas para ele. — Mas do mesmo jeito, você beijou uma garota na minha frente... Isso... Isso doeu — a última palavra saiu quase em um fiasco de voz.

    — Merda — sussurrou para si mesmo — Nós dois não temos nada e... — o interrompi antes que ele continuasse a me ferir com suas palavras.

    Girei os calcanhares para olhá-lo nos olhos.

    — E eu sou um passa tempo para você. Tudo bem, Adam. Eu entendi! Você tem namorada, e eu sei disso mais que ninguém. Você não sente nada por mim. Não preciso que jogue tudo na minha cara novamente!  — o meu pior estado começou quando uma lágrima caiu sobre a minha bochecha e outra, mais outra, mais outra... — Você sabe que o que aconteceu ontem foi um erro. Eu trai a minha melhor amiga e isso é a pior coisa que eu já fiz... — Adam apenas me ouvia, calado e respirava fundo. — Eu vou esquecer...

     — Mary... Nós podemos chegar em um acordo... — propôs meio receoso.

     — Ainda bem que você acabou com uma coisa que mal começou. — dei dois passos para frente — Antes que eu me apaixonasse por você. — sorri falsamente para ele. — O que aconteceu entre nós, fica entre nós... Eu deveria saber que você era um perigo.

     Puxei todo ar que eu podia pelo nariz e deixei aquelas últimas palavras no ar, para que o mesmo pensasse sobre tudo e pela minha última checada nele, funcionou. Eu precisava de ar, de muito ar, e ficar no mesmo ambiente que Adam não iria adiantar nem um pouco. Ele deveria sair do quarto, mas sei que o mesmo nunca faria isso, então optei por minha saída, juntando o útil ao agradável.