- Amaya!
Chamava da sala de visitas da casa grande, Helena Oliveira, senhora e dona de Amaya.
- Senhora? Me desculpe, eu estava recolhendo a mesa do café.
- Chamei sim, Colha as flores mais lindas do Jardim, meu filho volta hoje depois de sua faculdade de direito lá nos Estados Unidos.
- Sim Senhora, Ouvi dizer que não há mais escravidão nos Estados Unidos...
- Sim, uma verdadeira Loucura! Espero que meu filho... - Olhou Amaya de alto á baixo - Não venha com ideias abolicionistas! Credo! Ter um filho a favor dos negros!
Amaya abaixou a cabeça.
- Não fique assim Amaya, Tu és minha protegida... Agora vá!
- Sim Senhora.
Amaya sai com uma cesta delicada para pegar as flores. Saindo pela porta dos fundos passando pela cozinha.
Amaya.
Amaya tinha 18 primaveras (anos) era cativa, mas tinha a inteligência e doçura igual á qualquer pessoa da corte.
Usava vestidos bufantes, cheios de renda e babados que lhe davam um jeito angelical.
Neste dia, Amaya usava um vestido bufante simples branco, que lhe cabia "como uma luva"
Ainda "Moça" nunca foi tocada por um homem, feitor ou senhor. Pois sua senhora a protegia.
Enquanto isso, dentro da carruagem na entrada da fazenda dos Oliveiras...
- Juliano, pare com essas idéias tolas! Parece que piorou quando voltou!
- Pai, eu sempre falei que os escravos eram pessoas! Sentem, tem alma!
- Deixe de falar abobrinhas! Sua mãe vai ficar desapontada com tais tolices!
Juliano e Seu pai chegaram á entrada da casa grande, aonde Helena e Amaya os esperavam.
Juliano e Amaya trocaram olhares.
- Seja bem vindo meu amado filho, meu marido também! Venham, a mesa está pronta.
Carlos de Oliveira, o Pai de Juliano, levantou os olhos e olhou Amaya de alto á baixo com um sorriso malicioso nos lábios.
- Como senti saudades Mãe! Ah como é bom respirar os ares Brasil!
- Digo o mesmo. - Helena abraça o filho. - Amaya Depois de comer na cozinha, recolha a mesa!
- Sim Senhora.
Juliano, alto de cabelos escuros de olhos claros, tinha 22 primaveras (anos), inteligente, culto, desde pequeno mostrava ter uma outra opinião sobre os escravos, era o que ele tentava demonstrar...
Quando viu Amaya no mesmo instante pensou em sua mãe Francisca. A única que lhe deu amor e afeto de verdade.
O maior desejo de Francisca era a liberdade de Amaya. A filha que ele repudiava. Mas mesmo assim ele, muito pensativo, decidiu fingir uma simpatia com Amaya. E tomou a decisão de dar a ela á liberdade, mas ele recuou com seu pensamento... Será que ela deveria ser livre?
Os Oliveiras estavam sentados a mesa, todos comiam menos Juliano...
- Filho... Coma alguma coisa! A comida está muito boa.
- Deixe de besteira Garoto... Helena, acredita que ele quer dar a alforria aos nossos escravos! - Disse Carlos, enfiando mais uma colher da deliciosa comida de a mãe de Amaya fez.
- Não me dê esse desgosto Juliano!
- Vou me retirar... Não estou com fome agora... Francisca!
Francisca, mãe de Amaya entrou na sala de jantar.
- Guarde minha comida, depois comerei... Vou respirar um pouco.
Depois de todos comerem e irem fazer a sesta, Juliano correu para a Cozinha aonde procurava por Francisca.
- Mãe! Mãe! Que Saudade mãe! - Dizia ele bem baixinho com uma voz doce, igualzinho como falava quando criança.
- Arre, como meu filho está Bonito! Cresceu, já é um homi formado! - Disse Francisca abraçando Juliano e fazendo carinho em seus cabelos.
Com um largo sorriso no rosto por ver seu filho de criação novamente.
Ah, ele era mais filho de Francisca do que de sua mãe de sangue. Juliano, filho branco dos cativos negros... Era como era conhecido na senzala.
- Olá... - Disse ele indiferente.
- Que bom que retornou Juliano.... - Sorriu Amaya.
- Sinto o mesmo. - Disse ele dando um abraço em Amaya.
Amaya retribuiu o abraço.
- Mãe, trás a comida que eu pedi para guardar? - Falou Juliano á Francisca.
- Sabia que meu menino estava guardando a comida pra comer com a minha fia... - Disse Francisca toda radiante.
- Você vem mais tarde no salão da casa grande Amaya? - Disse Juliano colocando a colher na boca.
- Pra quê? Não me diga que...
- Por favor Amaya! É para comemorar minha chegada!
- Vai estar tarde...
- Por favor... - Disse Juliano se aproximando de Amaya.
- Tá. Eu canto a música que você gosta.
Juliano sorriu.
- Te encontro Depois da batucada... - Disse Juliano indo em direção da senzala.
Depois que Amaya se retirou ele pode deixar de fingir seu afeto por ela...
VOCÊ ESTÁ LENDO
À FRENTE DE SEU TEMPO
Historical FictionVamos Voltar. Deste exato momento, até o final do Século XIX. Para ser exata, Março de 1888. Ano da Abolição. Vamos observar, viver, e sentir a vida de Amaya, uma escrava negra que foi agraciada pela vida e condenada pela sua posição social, pelo se...