Juliano estava no seu escritório tarde da noite. Lustrando seu revólver, de uma forma lunática. Já estava de noite, e Ângela subiu para chamá-lo para Jantar:
- Juliano, O jantar está pronto está tudo na mesa, as crianças e eu estamos te esperando... - Ângela interrompe as próprias palavras ao ver o que Juliano fazia.
Juliano levanta a cabeça para olha-lá, enquanto continuava a limpar o revólver. Que era de seu falecido pai, Carlos Oliveira.
- Por que você está limpando esse revólver, Juliano? - Disse Ângela mais séria entrando dentro do escritório de seu marido.
- Eu já irei descer para jantar meu Amor, agora por favor, saia e feche a porta quando sair... - Sorriu ele cinicamente.
- Juliano... O que Você fez?... - Indagava ela, falando cada sílaba pausadamente, se aproximando de Juliano.
Juliano olhou para ela, sorriu, guardou o revólver no bolso, e foi até ela:
- Por favor querida, não é correto atrapalhar um homem, e invadir o espaço dele deste jeito... Dessa e fique com as crianças, eu já vou... - Disse ele pegando o queixo dela levemente.
- Me diga logo sem devaneios Juliano. - Olhou Ângela séria para ele.
Juliano passou as mãos pelo cabelo, sorriu, e logo afirmou:
- Você me cansa as vezes com sua petulância Ângela... Você não era assim. - Ele se aproximou novamente dela. - Eu desafiei Santana para um duelo.
- UM DUELO?! - Disse Ângela surpresa e receosa.
- Não se preocupe meu Amor, eu vou garantir a morte de alguém... - Ele gira Ângela pelo braço a abraçando por trás. - Nem que seja a daquela escrava, de corpo curvilíneo. De corpo farto que teve filhos com Santana só para me provocar... - Dizia ele com desejo e ódio na voz.
Ângela imediatamente se vira, e dá um tapa no rosto de Juliano, ela logo se assusta por ter tido tal ato de coragem:
- Tenha respeito quando fala de outras mulheres perto de sua esposa! - gritava ela já com o rosto vermelho de raiva e medo
Juliano ri, levanta o rosto. e pega Ângela pelos cabelos, puxando e a torturando:
- Quem você pensa que é? Me dando um tapa na cara? Faça isso mais uma vez e você verá! - Disse ele tirando a mão dos cabelos de Ângela. E passando para seu pescoço. a enforcando até ficar roxa.
Juliano ria enquanto Ângela implorava para que ele parasse com tal agressão, ele só parou quado viu seus filhos na porta vendo tal cena, jogando ela no chão, quase com o rosto roxo e sem ar:
-DESÇAM AGORA! - Gritou Juliano.
As crianças correram e ele olhou para Ângela tentando pegar ar no chão de seu escritório:
- É melhor você estar apresentável pro jantar...
Ângela se levantou arrumou seu cabelo, tocou em seu pescoço, e em meio a lágrimas, ela escrevia uma carta para alguém especial...
°•∆•°
Santana não jantou, não saiu do salão principal, ele estava tão atônito e aflito. Por que aceitou aquele duelo?
- Santana... - Chamou Amaya entrando na sala.
Santana se levantou rapidamente, tentando disfarçar a expressão de tristeza e preocupação:
- Amaya!... Você já jantou, meu amor? - Disse ele se aproximando de Amaya.
Ela se aproximou do pobre abatido.
- O nosso filho já esta dormindo, acabei de amamentar... - Amaya se aproxima ainda mais de Santana, tocando a mão de leve em seu rosto.
Santana segura a mão de Amaya que esta em seu rosto, fecha os olhos,e suspira fundo:
- Cancele esse duelo. Acredite, sua honra não será menor por cancelar... Não vá duelar, eu te peço. Vá amanhã e diga que não fará parte disso. - Disse Amaya abraçando Santana.
Santana abraçou a ela fortemente.
- Está bem. - Sorriu ele enquanto caia uma lágrima de seus olhos.
Amaya e Santana continuaram abraçados, como se eles soubessem que uma hora eles não conseguiriam estar juntos, eles não queriam se desgrudar.
A noite era fria e serena, noite de deapedida e de decisão. Em um lado um casal com a vida ameaçada, de outro lado uma esposa que escrevia uma carta para seu amante, pedindo ajuda e proteção. Ajuda... Para matar aquele que ela chamava de marido e esposo.
Noite de despedidas e noite... de decisão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
À FRENTE DE SEU TEMPO
Ficção HistóricaVamos Voltar. Deste exato momento, até o final do Século XIX. Para ser exata, Março de 1888. Ano da Abolição. Vamos observar, viver, e sentir a vida de Amaya, uma escrava negra que foi agraciada pela vida e condenada pela sua posição social, pelo se...