- Fale logo Pedrinho! E baixo de preferência...
- Daqui a dois dias Amaya! - E Pedrinho piscou com seu olho esquerdo de forma que só Amaya entendesse.
- Só isso? - Perguntava Amaya insistente.
- Não, olha presta atenção. - Disse o adolescente olhando nos olhos de Amaya - Juliano... Amanhã... Feira... Barraquinha de Frutas... Na Cidade... De Manhã... Pós café da manhã...
- Porque fala assim? - Perguntou Amaya intrigada.
- Ora, óia aí quem tá nos observando! - Disse Pedrinho apontando para a criada que ouvia a conversa.
- Estou me certificando que ninguém vai fugirá! - Disse a criada olhando com raiva para Pedrinho.
- Agora vá, Tome. - disse Amaya estendendo ao garoto um punhado de uvas na mão.
- Obrigado Amaya! - Disse Pedrinho correndo desvairado pelo campo escuro
Entre olhadas e o silêncio preocupante, Amaya se despediu da criada com um aceno de cabeça.
°•∆•°
O dia amanheceu, e depois do café da manhã, Amaya correu para avisar Santana sobre o que havia acontecido...
- Quando?
- Hoje.
- Aonde?
- Cidade, Barraca de frutas na feira.
- Você sabia o que ele queria? - Disse Santana já fardado e arrumado para ir trabalhar.
- Não Senhor. - Olhou distante Amaya.
- Com todo o respeito Amaya, mas eu não gosto de vê-lo atrás de você... - Disse ele colocando o seu chapéu.
- Tudo bem senhor Santana... Tenha um bom dia e não se aborreça. - sorriu Amaya fracamente.
Santana sorriu e agradeceu gentilmente fechando a porta, descendo escadas e montando rapidamente no seu cavalo.
Quando Amaya fechou a porta, a criada veio falar com ela:
- É Amaya... Quando vai falar a verdade?
- Eu falarei tudo! Eu juro! Mas Primeiro deixe eu ajudar meus amigos! Depois eu mesma me entregarei!
- Eu espero mesmo! - Disse a criada saindo da sala.
Amaya respirou fundo, sentou em uma cadeira da sala e abaixou a cabeça nervosa. Agora era ela por ela...
°•∆•°
- Eu espero muito Juliano, que se esforce amanhã! - Disse Helena enquanto arrumava seu filho.
- Me esforçar? Ângela me deixa com tédio! - Disse ele se afastando de Helena.
- Hoje é o seu último dia de noivado! Amanhã já é o seu casamento! Esperei por isso por tanto tempo... - Dizia Helena com um olhar encantador.
- Pois eu não! Mas pelo menos ela tem dinheiro... - Disse ele arquitetando algo.
- Finalmente mostrou quem você é... Igualzinho ao seu pai! Com licença! - Disse Helena que após saiu com toda fúria.
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À FRENTE DE SEU TEMPO
Narrativa StoricaVamos Voltar. Deste exato momento, até o final do Século XIX. Para ser exata, Março de 1888. Ano da Abolição. Vamos observar, viver, e sentir a vida de Amaya, uma escrava negra que foi agraciada pela vida e condenada pela sua posição social, pelo se...