Santana pode morrer. Juliano quer estragar minha felicidade a todo custo. Estou tão triste e brava, uma mistura de sentimentos, mas alias! TUDO NESSA VIDA NÃO TEM O SEU FINAL?!
Minha vida estava tão pacata, boa, totalmente resolvida. Minha atenção estava totalmente em minha família, nesse meio tempo a partida repentina de Firmino tinha me abalado um pouco. Rita está próxima de mim porém distante, com o pesamento em outro lugar.
Mas tudo estava tão bom. Tão resolvido, eu estava me sentindo a mulher mais sortuda do mundo por ter concebido o meu filho, João Basílio. Mas será que nada ficará no lugar?
Eu sempre tive dificuldades para aceitar as mudanças.
A vida não é fácil, principalmente para pessoas como eu. Sinto saudade de minha mãe, ela sim sabia o que fazer.
"[...] Tente ficar viva até lá."
Essa é a frase que mais ecoa na minha mente neste momento. Se eu conseguisse ficar viva, eu faria isso com muito gosto. Mas parece algo impossível, quando um dos homens mais deploráveis que já conheci, tenta contra mim, tenta contra minha liberdade, minha família, meu folego, o meu respirar... Viver, as vezes, parece uma constante fuga da morte, sinto meus ossos desfalecerem ao ouvir o nome de Juliano. Sinto como se ele carregasse a morte consigo.
Vou tentar convencer Santana a abandonar essa ideia.
Ele não vai ter menos honra se desistir em respeito a mim, ao nosso filho e a ele mesmo.
Por que eu sinto frio na minha alma?
Não é algo reconfortante. É algo assustador. Sentir que a morte e seu representante me rodeiam.
O que? Que som é este?
Um mensageiro? Tem uma mensagem de Juliano?
Marcando o local do duelo.
Vejo Santana preocupado e abatido.
Por que sinto a morte se aproximar? Quem cuidará de meu filho, se eu ou Santana morrer?
Viverei o resto da minha vida fugindo? Como uma presa que foge do caçador?
Por que me persegue tanto? Querendo tirar meu direito...
De viver...
Palavras poucas expressão o sentimento que sinto em minha alma.
Já que minha alma faminta por esperança, come meus pensamentos e meus argumentos.
Logo se alimentará dela mesma, até se findar.
Oh minha alma, por que é tão insaciável?
A ponto de tomar toda a minha esperança, gota a gota.
E se alimentar do meu amor pela vida?...
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À FRENTE DE SEU TEMPO
Historical FictionVamos Voltar. Deste exato momento, até o final do Século XIX. Para ser exata, Março de 1888. Ano da Abolição. Vamos observar, viver, e sentir a vida de Amaya, uma escrava negra que foi agraciada pela vida e condenada pela sua posição social, pelo se...