"Vamos, saia! Sai escrava!"
É assim que começava o dia de Amaya, com novos hematomas e cicatrizes espalhados pelo corpo, mas sua integridade intacta.A integridade de Amaya ia muito mais além de sua virgindade, mas por ela lutar. Lutar pelo seu "Não" ser respeitado. Luta de muitas mulheres até hoje.
De manhã, os Oliveiras se arrumava e tomavam seu café da manhã sentados a mesa. O quarteu abria cedo para a escrava Amaya sair e ser acorrentada com os outros. Nada mudava. Nada de especial.
Fernando continuava a escoltar os escravizados.
°•∆•°
Juliano se levantou da cama, colocou seus calçados, olhou para a penteadeira de seu quarto e viu a luz do sol entrar pela janela.
Ao olhar para o espelho viu o reflexo de Ângela seminua se cobrindo com os lençóis:- Ju-Ju-Juliano! - Chamou ela por ele, ainda cobrindo sua nudez com o lençol.
Juliano sem nenhuma Expressão,se virou para ela com um olhar frio.
- Sei que você está fazendo de tudo por Amaya, se for compra-lá, Compre! Quem sou eu para impedir... Mas ela vai ser minha escrava, minha mucamba. - Tentava ela impor algo para seu marido.
Juliano se virou de costas, tocou na maçaneta da porta e a abriu, antes de sair ele disse:
- Eu espero por esse dia a muito tempo, e não vai ser ninguém que vai ficar no meu caminho. Nem você, nem Santana, nem ninguém.
E assim ele saiu do quarto.
°•∆•°
Na casa de Santana também não era diferente, já bem cedo ele colocou seu uniforme, seu chapéu, pronto para o que aconteceria:
- Firmino, Rita, Bom dia! - Cumprimentou Santana aos dois que já estavam acordados.
- Hoje vai ser um grande Dia! - Falava Rita.
- Sim, eu estou acostumado a roupa de escravos, mas está roupa é muito confortável. - Disse Firmino ajeitando seu paletó.
Santana sorriu.
- Esse paletó era meu quando jovem, agora não cabe em mim, porém, caiu perfeitamente em você Firmino! - Afirmou Santana alegremente.
- Bom, vamos deixar de prosa e vamos tomar um café delicioso que fiz, vamos? - Perguntou Rita, que também estava trajada em um vestido lindo, cor-de-rosa.
Todos concordaram e foram tomar café.
°•∆•°
A cidade estava movimentada, muito movimentada, tinha muito mais guardas do que o trivial. Depois do incidente, claro que haveria mais guardas. Os fazendeiros escravocratas se aproximavam e desciam de suas carruagens acompanhados de suas respectivas esposas:
- João Felício. Escravo forte, de Lavoura. - Anunciava O capitão do Mato.
Faltava dois escravos na frente de Amaya, que estava triste, acorrentada de cabeça baixa. Juliano a observava de longe, só ela importava para ele. Ele não tinha descido da sua carruagem, ele observava de longe, igual a um lobo. Ele se movimentou quando viu Amaya dar o primeiro passo, para ser leiloada. E Santana ainda não estava as vistas...
- Agora a razão de muitos estarem aqui, Amaya. Vem! Vem! Escrava! - Gritava arduamente o Capitão puxando Amaya pelo braço.
Juliano saltou da carruagem, e foi andando rapidamente. Chegou perto da plataforma onde os escravos leiloados ficavam. Sorriu com uma felicidade imensa e sorriu:
- Dou uma fortuna por essa escrava! - Afirmou ele puxando o pé de Amaya para a sua direção.
No mesmo instante Santana atirou de longe perto de Juliano, o fazendo assustar e assim recuar:
- Você, Sinhô Juliano... -Dizia Santana com Deboche - Pode comprar qualquer coisa, menos escravos, com o seu dinheirinho sujo.
Santana cuspiu nos sapatos de Juliano.
- Santana... - Suspirou Amaya com um sorriso.
Juliano olhou para Amaya e se aproximou de seu rival.
- Sempre soube que você era baixo...- Provoca ele.
Santana passa pelo que lhe referiu palavras, sobe na plataforma aonde Amaya estava, sorri para ela. Tira o documento que estava em seu bolso. Propagando a tal lei contra a escravatura. Que tinha sido aprovada e assinada um dia atrás.
- Não pode ser... - Dizia Juliano desacreditado. - É mentira!
- Ah Meu caro, é a mais pura verdade da coroa. Todos estão livres agora! - Gritava Santana, junto com o apoio de 7 guardas armados.
Rita e Firmino chegaram no local, a cavalo. Todos se espantaram. Quando finalmente soltaram todos os cativos, eles desceram de seus cavalos e abraçaram Amaya que finalmente estava livre. Juliano olhou para cima e ficou indignado:
- Rita, SUA IMUNDA! DESÇA AQUI SUA VAGABUNDA! - Gritava o louco.
Rita apenas ignorou a ordem de Juliano, que a puxou pela saia. Santana sem perder tempo, apenas desceu rapidamente e empurrou Juliano, fazendo ele Cair na lama, e se sujar. Juliano enfurecido, apontou a arma para Santana, quando Fernando interviu finalmente prendendo-o.
Santana deu a ordem de prende-lo na antiga cela de Amaya. Após isso acontecer ele mandou um beijo para Amaya em sinal de despedida, ele montou em seu cavalo. E foi junto dos guardas libertar os escravos da região. Isso durou um dia todo.
Um dia se passou, Juliano estava preso. Todos reunidos na casa de Santana. Firmino, Amaya,Rita, Ângela, Fernando, Santana e Cabeça. Todos rindo e bebendo felizes. Amaya estava com um dos seus antigos vestidos, serena e linda. Quando toda a conversa acabou, todos foram para suas casas, menos Firmino, que foi junto de Ângela para a Fazenda dos Oliveiras.
- Não acredito que você está aqui e vivo... - Dizia Amaya ao tocar delicadamente o rosto de seu amado.
- Senti sua falta. Do seu cheiro... De você. - Sorria Santana. Ele estava muito feliz.
- Finalmente... A sós? - Perguntava ela com malícia.
Santana apenas sorriu correspondendo. E os dois foram subiram juntos para terem...Pela primeira vez... A sua noite de amor...
EAAI? O QUE ACHARAM?
JULIANO PRESO? FINALMENTE!
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À FRENTE DE SEU TEMPO
Historical FictionVamos Voltar. Deste exato momento, até o final do Século XIX. Para ser exata, Março de 1888. Ano da Abolição. Vamos observar, viver, e sentir a vida de Amaya, uma escrava negra que foi agraciada pela vida e condenada pela sua posição social, pelo se...