Depois da conversa Amaya saiu pra fora com sua cesta de flores aonde foi surpreendida por Carlos Oliveira.
- Como está nesta tarde Amaya?
- O senhor me assustou...
- Você treme como uma ovelha em perigo, e sabe quem eu sou nessa historinha?
Carlos prende os braços de Amaya nas costas da mesma, apertando com força:
- Eu sou o lobo que não vai deixar sobra de ovelha nenhuma para os abutres. - ele sussurava em seu ouvido enquanto apertava seus pulsos.
Carlos Oliveira chamava seus escravos homens de abutres (urubus), por comerem o resto que achavam entre as panelas sujas da casa grande.
- Senhor, Enlouqueceu? - Disse Amaya soltando seus braços brutalmente e fazendo posição de auto defesa.
- Não se rebele sua escrava nojenta! Te espero no celeiro depois da batucada dos infelizes. Se não for, vou chicotear sua mãe até a pele dela descolar dos ossos! Ouviu bem?!
Carlos saiu.
Amaya voltou ao seus afazeres, com medo do que esperava Depois do jantar da casa grande.
-°•∆•°-
Chegou a noite e era jantar na casa grande.
- A comida está cada vez mais deliciosa, Amaya, parabenize sua mãe por mim.
- Parabenizar uma escrava? Helena... Você não é mais a mesma.
- Escravos bem tratados são mais fiéis, tem como exemplo Amaya, que nunca me desobedeceu.
- Espero que continue assim... - Disse Carlos olhando Amaya de alto á baixo.
Juliano percebendo o olhar do pai, e a expressão triste de Amaya, percebeu algo.
Mais tarde começou a batucada,cativos felizes cantando canções da África, e no meio dançando escondido, estava Juliano dançando junto com Amaya.
- Até que você dança bem... Para alguém da casa grande. - Disse Amaya á Juliano em tom de brincadeira.
- Né? Hahaha.
Depois da batucada, Carlos estava no celeiro louco atrás de Amaya, mas Amaya estava no salão principal da casa grande.
- Vai vem cá Amaya, não vou deixar nada acontecer! - Disse ele fingindo Simpatia. Um ótimo ator.
- Ah obrigada... - Disse ela em tom de alívio.
- Por favor Amaya, Canta. Você vai ver, meu plano vai dar certo.
Amaya começou a cantar.
" Dos lírios mais lindos, das mais diversas riquezas na terra.
Nada se compara á Liberdade dada á uma pobre cativa, que nasceu livre mais é cativa pela lei dos homens...
Aos seres humanos e indivíduos vendidos como objetos, mas eu sei que tem alguém diferente perto de mim,
Pois está á frente de seu tempo..."Nesta mesma hora Helena viu que seu marido não estava na cama e desceu para o salão principal, e ao mesmo tempo, com todo fervor e ódio Carlos saia do celeiro com uma chibata na mão:
- POR QUE NÃO ESTAVA NO CELEIRO COMO EU ORDENEI ESCRAVA IMUNDA?!
- O QUE DISSE SENHOR MEU MARIDO?
Silêncio na sala, Amaya estava sentada ao lado de Juliano. Carlos se assustou com a voz de Helena que tinha ouvido tudo.
- Amaya, Por que estava cantando? E por que meu marido te esperava no celeiro?
Amaya se Calou.
- Fala. - Disse Juliano seco.
- Vosso marido queria se encontrar comigo pela noite, minha senhora. E eu estava cantando porque vosso filho pediu para que eu cantasse.
Carlos se aproximou para bater em Amaya mas Juliano entrou na frente e protegeu Amaya.
- Amaya, A partir de hoje, você e sua mãe dormem no quarto dos fundos, dentro da casa grande. Senhor meu marido não terá o acesso a chave. - Ordenou Helena.
- Juliano... Devia estar em seu quarto!
Todos fizeram conforme Helena ordenara.
E o dia amanheceu na casa grande, e todos da fazenda souberam o que havia acontecido.
A família Oliveira estava em tensão, Carlos decidiu levar seu filho para uma visita á casa de seu compadre Barão, para talvez com isso arrumar um casamento para Juliano, e talvez expandir seu Engenho de Café:
- Juliano, Hoje você vai comigo a casa do meu compadre.
- Para que finalidade meu pai? - Juliano tomava uma xícara de café.
- Arrumar um bom casamento para você meu filho, você fica por aí correndo atrás dos urubus! Tem que andar com pessoas de boa índole! - Sorriu Carlos se sentindo Superior.
Juliano ficou em silêncio, mas em seguida falou.
- Eles são INDIVÍDUOS MEU PAI. -
Ele falou se contendo.Helena limpou a boca com o guardanapo e se virou para Amaya:
- Amaya, vamos junto com o senhor meu marido.
- Sim Senhora. - Respondeu ela sem nenhuma entonação.
Depois do café ter terminado e todos estavam se preparando para sair.
Juliano foi á cozinha procurando Amaya:- Amaya, está aqui?
- Sim Sinhôzinho Juliano. O que foi?
Amaya estava com um lindo vestido azul bufante bem bonito.
- Eu Espero que me veja como um amigo Seu... Ou até um irmão... - Disse ele, sentindo totalmente o contrário.
Ela somente deu um largo sorriso.
Os dois se abraçaram.
E dê longe, escondido estava Helena observando tal cena...
Ps. Talvez tenha um probleminha de espaçamento, me desculpe por isso.
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À FRENTE DE SEU TEMPO
Historical FictionVamos Voltar. Deste exato momento, até o final do Século XIX. Para ser exata, Março de 1888. Ano da Abolição. Vamos observar, viver, e sentir a vida de Amaya, uma escrava negra que foi agraciada pela vida e condenada pela sua posição social, pelo se...