A porta escancarada da senzala mostrava que gerações nasceram com correntes nos pés. Os passos marcados na estrada de terra mostrava que um povo deixava a sua marca na história, que eles construíram o Brasil colonial até o Império. E seus decentes continuam construindo não só o Brasil, mas o mundo...
Os cabelos crespos das mulheres mostram que são de grandes rainhas...Os meses cada vez mais se passavam, Juliano foi solto para ver o nascimento de seu filho, mal sabia ele que Ângela, sua pura e amada esposa estava debaixo dos lençóis com Firmino, o que fez ela não saber qual filho era de Juliano e qual era de Firmino. Mas deste fato o esposo traído nunca vai saber.
Rita e Firmino seguiram diferentes caminhos, ele voltou para o quilombo e as vezes visitava seus amigos na cidade. E Rita vive perto de Amaya, na cidade.
Quando Santana e Amaya perceberam que ela estava grávida, deram um jeito de casar na igreja, sem que o padre soubesse (pois ela não tinha barriga ainda). Mas eles vivem felizes, até o presente momento...
°•∆•°
- Por que está aborrecido meu marido? Parou de brincar e bajular nosso filho. - Disse Ângela com uma linda menina em seus braços.
- Ah Ângela, deixe de besteiras... - Disse Juliano em um tom baixo e respeitoso, nem parecia o mesmo.
Juliano bagunça os cabelos de um lindo menino sentado no chão, que brincava com os dedos:
- Hoje é o dia em que Santana e Amaya se casam... - Diz Juliano como se ainda tivesse coisas guardadas.
- Juliano, não comece novamente. - Disse Ângela seriamente.
- Entenda, agora sou um pai de família, agora eu preciso me focar na minha família... - Juliano levanta o pequeno menino que está sentado, analisando cada curva de seus dedos. - Júlio César, meu herdeiro.
O garoto sorri sem seus dentinhos, mas logo se põe a chorar, e Ângela o pega rapidamente. juliano dá um sorriso fraco pelo incidente, e sai para caminhar e refletir.
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- Essa Fazenda nunca esteve tão..quieta. Com apenas empregados, nenhum escravo. Com crianças pequenas, brancas de bochechas gordas e rosadas. Em uma realidade em que minha carreira como advogado é... Próspera? Como. Como isso tudo aconteceu.
Ele começou a caminhar e passar pelo jardim, até observar a senzala aberta, que se tornou um novo estábulo:
- Como? Sabemos que essa chama de vingança nunca se cessou. Minha córdia tem sede. Mas eu prometo, vai ser meu ultimo feito. Fazer o sangue de Santana e de Amaya escorrer por este chão... - Disse ele solenemente antes de esmagar duas rosas plantadas perto de seus pés.
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Muitos gritavam, "VIVA!VIVA AOS NOIVOS!" grãos de arroz voavam sobre a cabeça dos recém-casados. Ambos muito felizes, mas para os dois eles já viviam como casados. Na casa dos Santanas só haviam criados, e Amaya desfilava pela casa com seus vestidos claros. Era gostosa a sensação de não ser mais escrava de ninguém. Eram puros dias de felicidade, é claro que existiam algumas brigas bobas, alguns ciumes, mas nada que os abalasse realmente.
Os dias se passavam despreocupadamente, o ano se passou e agora a República estava instaurada. Santana se afastou do exército, e ficou mais na sua família e no seu legado. Mas um dia da sua casa só se ouviam gritos:
- Força! Força! Amaya faça força e o empurre daí! - Gritava a parteira que realizava o parto do filho do casal.
O suor escorria de Amaya, só havia mulheres no quarto, uma delas era Rita. Que ajudava e dava apoio.
- Tenha paciência homem! - Dizia Firmino vendo Santana impaciente andando para todos os lados atônito.
- Eu sei mas, eu quero ela bem, E o bebê bem. Olha eu nunca fui pai!
Santana ansioso perde toda sua postura.
- Muito menos eu...- Respondia Firmino com serenidade. - Mas eu garanto que...
A fala de Firmino foi interrompida por um choro de bebê. Rita desce as escadas e diz:
- O bebê nasceu! É um menino!
Santana abraçou Firmino fortemente e subiu para o quarto aonde Amaya estava.
Amaya estava cercada de mulheres, todas sorrindo e Amaya ria e sorria, abraçando o bebê que chorava em seus braços.
Quando Santana chegou, todas se retiraram:
- Ele tem pulmões de aço! - Ria ele totalmente extasiado.
- Tem sim. - Sorriu Amaya mostrando sua imensa alegria.
- Qual nome daremos ao nosso filho? - Indagou Santana ao se sentar ao lado de Amaya na cama.
- Eu gosto de Basílio. - Sorriu Amaya olhando para Santana.
- Gostei. Eu gosto de João. - Afirmou ele sorrindo olhando para Amaya é seu filho que não parava de chorar.
- João Basílio? - Perguntou Amaya.
- Sim. - Disse Santana abraçando Amaya e o pequenos João Basílio, sem ligar para o choro do bebê.
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- Nasceu? - Perguntou Juliano a um de seus empregados.
O empregado tirou seu chapéus apertou-o na mão e sem tropeços em sua fala disse:
- Nasceu sim, E na cidade dizem que é um menino, mas ainda não conhecem o nome da criança.
- E... Ela,sobreviveu? - Perguntou Juliano olhando pelas janelas de seu escritório.
- Sim, Sim senhor.
Juliano enche uma taça de vinho. Olha para a janela, sorri e depois se vira para seu empregado:
- Ela nunca foi muito forte. Ela tinha a saúde frágil, muito trabalho. Pouca comida. Vivia ao relento. É agora é forte para sobreviver á um parto? Impressionante.
Conclui ele bebendo o vinho que estava na taça.
- Senhor, não é melhor deixa-lá, o senhor agora tem família, é bem sucedido, seu nome voltou a ser respeitado. Por que continuar atrás de Amaya? - Tentou o empregado convencer Juliano.
Juliano se virou novamente para seu empregado, com um olhar intenso e direto. Ele coloca a taça em cima da sua mesa:
- Não, não é o bastante. Olha, se for alguém que vai colocar um ponto final nessa história, serei eu, e não ela! Eu estou cansado. Não basta eu estar acima dela. Eu tenho que esmagá-la, o alvo principal é ela. Se o "Sargentinho" for atingido, sorte minha, azar dele. Agora se retire!
O empregado saiu, juliano encheu mais uma taça, e olhando pela janela, disse a si mesmo.
- Assim como bebo a taça deste vinho, a Terra deste lugar beberá o seu sangue e de toda a sua descendência... Amaya...
E assim ele bebeu o vinho todo.
É BOM DEMAIS ESTAR DE VOLTAAAAAAAAAAAAA
BOA QUARENTENA
LAVEM AS MÃOS.
COMENTEM AÍ O QUE ACHARAM
BYE
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À FRENTE DE SEU TEMPO
Historical FictionVamos Voltar. Deste exato momento, até o final do Século XIX. Para ser exata, Março de 1888. Ano da Abolição. Vamos observar, viver, e sentir a vida de Amaya, uma escrava negra que foi agraciada pela vida e condenada pela sua posição social, pelo se...