Capítulo 6- Mariana /Pedro

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Mariana

—Você e o bonitão do Pedro fizeram o quê? —Luiza grita assim que entramos no carro.

Respiro fundo, enquanto olho para o pai da Lorena, acenando para mim, da porta do bar. Prendo o cinto de segurança e sorrio para ele.

—Na verdade, nós não fizemos o que você está pesando...E eu juro, não foi por falta de vontade da minha parte, porque minha amiga, esse cara me faz perder a cabeça —confesso, ainda sentindo o meu coração pulsando acelerado.

—Então está querendo dizer que ele...? — Luiza me olha como se eu acabasse de contar que Pedro é um extraterrestre.

—Não! —interrompo-a. —Ele também estava a fim, só que pelo visto, Pedro Motta Assunção tem alguns fantasmas que o perturbam, então, enquanto a gente se beijava eu notei que ele não daria continuidade, então, eu recobrei o meu juízo e decidi que era a hora de ir embora.

Minha amiga continua a dirigir e sem dizer mais nada, apenas move a cabeça de um lado para o outro.

—Eu não entendo...Juro que não entendo... —reclama para si mesma, mas eu também posso ouvir.

—Talvez eu esteja enferrujada... —digo, antes de cair na gargalhada.

Luiza também ri, mas em meu quarto, enquanto eu troco o meu belo vestido por pijamas com estampas infantis, as cenas de loucura da Silvia e também como Pedro agiu depois, e tudo causa uma grande confusão dentro de mim.

Deito-me em minha cama e de olhos fechados relembro todas as sensações causadas por ele. O toque de sua pele, o calor de seu corpo e o sabor de seus beijos.

Pela primeira vez um homem mexe comigo assim, tão intensamente, no entanto, contra tudo o que ele trás de bom, existe o seu luto, além da responsabilidade que ele parece ter com a Silvia e isso me parece bastante coisa.

—Acho que é melhor deixar isso pra lá, dona Mariana...Ficou tanto tempo sem um namorado e agora quer embarcar numa história cheia de complicações? —aconselho a mim mesma, antes de pegar no sono.

Pedro

A Mariana deve estar me achando um louco. Depois daqueles beijos eu simplesmente travei, talvez por ter percebido que ela é mesmo diferente das outras mulheres. Delicada, educada e também sedutora, isso eu não tenho como negar. No entanto, o meu passado costuma me assombrar, e acho que por causa da Silvia, tudo de ruim que vivi naquele orfanato pareceu mais vivo do que nunca.

Como eu poderia ter ido além, aqui, dentro deste escritório onde aquela maluca tinha acabado de dar mais um de seus escândalos?

Sem contar que a Mariana merece muito mais...Ela não é esse tipo de garota que só busca uma aventura e, só eu sei o quanto tive que me segurar para não tomá-la aqui mesmo, sobre a minha mesa.

Diante de tanta confusão, passo a madrugada toda em um duelo interno. Por vezes pensei que era mesmo melhor não levar a história com a Mariana à frente, como se alguma coisa me dissesse que eu não sou bom o bastante para ela, só que quando eu cogito tirá-la da minha vida, um buraco parece tomar conta do meu peito.

— Algo me diz que dessa vez você está ferrado mesmo... — sussurro a mim mesmo, enquanto viro de um lado para o outro em minha cama.

Ainda perdido nas lembranças daquela pediatra dona dos olhos mais bonitos que eu já vi, o choro da Lorena me faz voltar do transe, o que é bom de algum jeito, porque quando estou ocupado cuidando da minha bebê, nada mais me perturba.

Bem cedo, antes mesmo de seguir para a academia, ligo para a floricultura de um grande amigo meu.

— André... Pode pegar o que tem de mais bonito, não importa o preço... — aviso entre um gole e outro de café.

Era para ser assimOnde histórias criam vida. Descubra agora