Capítulo 12-Pedro

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Mariana me encara com ar de confusão, com o cenho franzido ela cruza os braços.

— Está se referindo ao conselho tutelar? — indaga, e eu apenas confirmo com um movimento de cabeça. — Pedro... Isso tem a ver com aqueles hematomas no bracinho dela? — pergunta-me sem rodeios.

— Não, ou melhor, agora eu já nem sei mais... — Passo as mãos pelo rosto, sinto-me exausto.

— Agora quem não está entendendo nada sou eu. Por que tiraram sua filha de você?

— Abandono de incapaz... Essa foi a alegação. — Sinto as lágrimas brotando dos meus olhos.

— Mas porque você a deixou sozinha? Pedro, sua filha ainda é um bebê! — Ela se mostra indignada e isso me fere ainda mais.

— Acha mesmo que eu faria isso? Em todos esses quase onze meses, eu nunca larguei a minha filha sozinha, nem mesmo para ir ao banheiro e, para poder trabalhar, eu pago minha vizinha para cuidar dela.

Mariana parece abaixar a guarda, seu semblante muda.

— Então me fala, Pedro...Me explica direito essa história, porque tem alguma coisa que não está fazendo sentido em tudo isso.

Puxo o ar, tenho vontade de desaparecer e por um instante me arrependo de estar ali, mas quando volto a encarar a Mariana, meu coração se acalma e, por mais que eu não entenda a razão de ter ido procurá-la nesse momento de angústia, tudo o que sei é que ela me faz bem.

— Podemos sair daqui? — sugiro, desejando desesperadamente que ela aceite.

— Está de carro?

— Não...Eu vim de táxi. Não me vi em condições para dirigir.

Ela fecha os olhos rapidamente, em seguida desativa o alarme do carro.

— Entra — manda enquanto ela abre a porta do lado do motorista e toma seu lugar à frente do volante.

Obedeço-a e em instantes estou sentado ao seu lado.

— Para onde quer ir? — indaga, sem me encarar.

— Você escolhe; eu só quero um lugar calmo para conversarmos.

Ela dá partida no motor e só então olha para mim.

— São quase nove da noite e eu não posso te levar para a minha casa, então, passo a bola para você.

— Se importa de irmos até a minha casa?

Mariana estreita os olhos.

— Pedro, você não está inventando essa história só para me levar para sua casa e...

— Claro que não! — afirmo com indignação. — Eu nem estou com cabeça para isso.

— Hum... — Ela acelera. — Lembro-me de ter dito que mora perto da academia, não é?

— Duas quadras antes, na rua paralela.

— Eu te deixo lá, mas não vou entrar... Agora, pode começar a me contar.

Ela parece magoada, penso que seja por causa do beijo, cogito me desculpar, mas prefiro falar sobre a Lorena.

— Na sexta-feira, depois que saí do seu consultório, eu fui direto falar com a senhora que cuida da Lorena, eu perguntei se ela sabia como aquelas marcas podiam ter acontecido e ela se mostrou tão surpresa quanto eu, então eu liguei para a Silvia e ela me contou que a minha filha havia se apoiado no sofá tentando se levantar e, que  ao ver a pequena se desequilibrando, segurou-a pelo bracinho e isso poderia ter ocasionado as marcas.

Era para ser assimOnde histórias criam vida. Descubra agora