— Doze dias!? Como pode se casar em doze dias? — Luíza não economiza em seu surto, assim que por telefone, comunico à ela a data escolhida por Pedro.
— Se preferir, pode dizer daqui a duas semanas, parece mais tempo... — Suspiro enquanto sinto pedras de gelo se formarem em meu estômago, não vou mentir, também achei pouco tempo, mas como será apenas no civil, não precisamos mesmo esperar.
— Tudo bem...Sem crise...Vamos conseguir — minha amiga parece se auto-acalmar. — Eu conheço a dona de uma boutique que têm modelos lindos, tenho certeza de que encontraremos algo bem bonito para você e também para mim, além disso, deve haver alguma confeitaria que presta serviço para a empresa do meu pai, que possa fazer um bolo, bem-casados e alguns doces finos...Ah, tem o buffet também, por mais que seja algo intimista, precisamos de comida boa e...
— Luíza! — Levanto-me do sofá, assustada com seu planejamento descabido. — Não precisamos de nada disso, iremos apenas assinar os papéis e em seguida almoçaremos em algum restaurante.
Ela grita e quase me ensurdece.
— Ficou maluca? Acha que eu, como sua madrinha, vou deixar que um dos dias mais importantes da sua vida, se resuma em um almocinho sem graça?
— Luíza, mas...
— Não tem mas nem meio mas! — ela me interrompe. — Eu entendo que não vá fazer nada grandioso, mas não vamos avacalhar. Você vai vestir algo bem bonito, fará um penteado, maquiagem profissional, depois seguiremos para um almoço na minha casa...Ah, e tudo fica por minha conta.
Penso em negar, afinal, isso foge totalmente de como eu estava planejando o dia do meu casamento, no entanto, diante de tamanha empolgação, sinto-me desconfortável em dizer não.
— Lú... Só vá com calma — pondero. — De verdade, Pedro e eu queremos algo bem simples, só nós dois, os padrinhos, que no caso, serão você e o Bruno, além do Paulo...Porque nem com meus pais eu não posso contar. — Entristeço-me com essa constatação. — Bom, mas por falar em Paulo, o que rolou entre vocês na sexta-feira? Os pombinhos sumiram no bar do Pedro e depois você nem respondeu as minhas mensagens...
— Você me mandou mensagem ontem! — ela reclama. — Aos domingos eu mal pego meu celular, sabe bem como meu pai é chato com essa coisa de confraternização familiar.
— Eu sei, mas no sábado estávamos com a Lorena, e aí fui eu quem mal relou no celular, só o fiz para colocar vídeos da Galinha Pintadinha para ela ver. — Divirto-me.
—Tudo bem, de qualquer forma, não rolou nada, portanto, sem nenhuma notícia quente. — Ela se mostra decepcionada. — Seu cunhado deve ter alguém, porque comigo foi tipo "friend zone".
— Ah, sério? — lamento. — Eu jurava que vocês dois...
— Por mim sim, não vou nem fazer a indiferente, eu dei abertura, investidas, indiretas e diretas, mas nada...
— De repente ele é tímido — opino. — Além do mais, você é o tipo de mulher que intimida qualquer cara, ainda mais ele, que tem uma história de vida simples...Pode ser que o Paulo tenha ficado se achando pouco para você.
— Acho que não é esse o caso... — Ela estala os lábios. — Mas não vou ficar me desgastando com isso, afinal de contas, eu tenho um casamento para planejar!
Apenas encolho os ombros, conheço a Luíza há uns bons anos e sei que quando ela coloca uma coisa na cabeça, não tem quem tire.
*****
Os dias passam numa velocidade maluca e eu me sinto exausta, talvez a minha ansiedade contribua para isso, mas há também um fato novo. A audiência para o julgamento sobre a guarda da Lorena foi marcado, e será apenas dez dias depois do meu casamento.
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Era para ser assim
RomancePedro Motta Assunção é um homem que teve uma infância difícil, marcada por traumas e rejeições. Quando acredita ter encontrado a felicidade, uma tragédia marca sua vida e o coloca dentro de um grande desafio: criar sua filha recém-nascida, sozinho...