Capítulo 16- Pedro/ Mariana

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Pedro

Estamos em minha casa, no meu quarto, deitados em minha cama, minha cabeça repousa sobre as pernas da Mariana enquanto ela me faz cafuné. O ir e vir dos seus dedos embrenhados em meus cabelos, doa a mim uma calma que eu nem sabia que que existia.

Ainda assim, não consigo parar de pensar na história contada por ela, sobre os planos dos avós da Lorena.

— Eu vou telefonar para a dona Odélia...Quero saber como minha filha está. — Sento-me e alcanço meu telefone que está sobre a mesa de cabeceira.

— Pedro, eu preciso te lembrar de que não pode, de forma alguma, deixar escapar nada do que te contei, do contrário, eu posso sair prejudicada — Mariana alerta-me, e eu sei que ela tem razão.

— Fique tranquila, eu vou me segurar. — Tranquilizo-a e inicio a ligação.

Ao terceiro toque ela me atende e antes mesmo de que diga qualquer coisa, ouço o som da minha filha resmungando ao fundo. É impossível não me emocionar.

— Boa noite, Pedro — a mãe de Fernanda diz de forma seca.

— Boa noite, dona Odélia... Eu estou ligando para saber como a minha princesinha está.

— A Lorena está muito bem, a Sabrina veio ficar um pouco com ela e as duas estão se divertindo.

Sabrina é a prima mais nova de Fernanda, ainda não tem dezoito anos, mas é muito responsável, além de adorar a minha filha.

— Hum... E ela não tem chorado? Imagino que sinta a minha falta... — Olho para a Mariana que gesticula para mim. Sei que ela teme que eu fale demais.

— Olha, Pedro...É claro que ela sente sua falta, mas como eu disse, minha neta está bem, recebendo atenção de todos, sendo alimentada e protegida, então, fique tranquilo que aqui ela não corre perigo nenhum. — Dispara a falar e eu sinto diversas indiretas deferidas a mim.

— Sei que estão cuidando bem dela, assim como eu também sempre o fiz —respondo irritado.

— É o que está dizendo, mas logo saberemos se a juíza pensa assim. — Odélia parece querer me provocar. Acho estranho, porque nunca antes tivemos essas arestas e, a impressão que tenho é de que ela quer mesmo me ver perder a linha.

Puxo o ar e tento me restabelecer, não posso me deixar levar por nenhuma provocação.

— Eu entendi...De qualquer forma, diga a minha filha que eu a amo — peço, tentando engolir o nó que se forma em minha garganta.

— Sabe que ela não entende ainda, então não adianta eu dizer. — Continua me tratando com frieza.

Têm tantas coisas que quero falar para ela, inclusive que a Fernanda ficaria decepcionada com a forma como ela está agindo comigo, mas prefiro me calar, sei quando estou no meu limite e esse é o momento.

— Obrigada por me atender. — Tento parecer gentil. —Passar bem, dona Odélia.

Assim que desligo, atiro o meu telefone ao chão e enfio o rosto dentro das minhas mãos. Emito um urro abafado, tentando sufocar a dor que me consome.

Faz dois dias que estou sem ela, mas parece ser uma eternidade.

— Chore, grite, extravase como achar melhor...Mas quando terminar, eu vou estar aqui para te ouvir, te abraçar e fazer o que estiver ao meu alcance para que essa situação termine de maneira favorável para você. — Marina se aproxima de mim e fica seus olhos nos meus.

— Como a Silvia teve coragem de armar essa para mim?

— Ela não tentou falar com você, depois que a procurou?

Era para ser assimOnde histórias criam vida. Descubra agora