Capítulo 35- Mariana/ Silvia

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Mariana

Estou deitada e sinto  meu corpo  petrificado, tento levantar os meus braços, minhas pernas, mas não tenho controle sobre nenhum movimento, e isso inclui abrir meus olhos.

Minhas pálpebras parecem pesar toneladas, por isso não consigo saber aonde estou, mas é um lugar frio.

À beira do desespero, tento gritar, no entanto, minha voz não consegue sair, minha respiração se torna ofegante e eu temo sufocar.

O ar parece cada vez mais escasso, meus batimentos aceleram com rapidez, o medo aumenta e tudo o que quero saber é o que está acontecendo comigo.

— Mariana, você precisa se acalmar. — Ouço uma voz feminina, doce e ecoada, que parece ter lido meus pensamentos.

— Quem é você? Como sabe meu nome? — questiono-a e não reconheço minha própria voz, tamanha sua fraqueza.

— Pode me chamar de Íris... — Ela parece mais próxima. — Estou aqui para te ajudar. — Toca meu braço e sua mão é quente, tanto, que consegue aquecer todo meu corpo.

Em meio a tantas incertezas, sinto que posso confiar nela, mesmo sem conseguir vê-la, sou tomada por uma paz aconchegante.

— Sabe me dizer o que houve comigo? Aonde estou? — Volto às perguntas.

— Não se lembra de nada? — ela indaga, enquanto segura minhas mãos, puxando-as e fazendo-me sentar.

Movo minha cabeça de um lado para o outro, ao notar que meus movimentos estão de volta, tento novamente abrir os meus olhos e fico feliz por conseguir.

Preciso piscar algumas vezes, estamos em um lugar muito claro, há uma luz atrás de Íris, tão fluorescente que impede que eu consiga ver seu rosto.

Sentada em minha frente, consigo identificar uma silhueta esguia, coberta por um vestido longo e bege.

— Essa luz...Não podem diminuir a intensidade? — reclamo.

Ouço-a suspirar.

— Deveria estar feliz por ela brilhar com tanta força, isso só mostra o quanto você é querida e o quanto clamam por sua recuperação — diz ela, com uma ponta de mistério.

Junto as sobrancelhas e desvio meus olhos para onde repousam suas mãos sobre as minhas.

Flashes de um acidente começam a surgir e meus pensamentos, como se fossem memórias de um filme ou novela aos quais eu tenha assistido. Uma perseguição, muito medo e finalmente um grande impacto. Sou capaz de ouvir o som do ferro se amassando e do vidro se estilhaçando.

De repente um rosto surge, eu reconheço seu olhar e toda a maldade que nele mora.

— Silvia...Ela tentou me matar... — murmuro. — Meu Deus! O Pedro... Ele deve estar muito preocupado. —Tento sair de onde estou, mas sou impedida pelo toque delicado de Íris.

— Você ainda não entendeu o que aconteceu, não é? — questiona-me, com um sorriso generoso no rosto.

Pisco repetidamente enquanto seu questionamento ecoa em meus pensamentos. À princípio não entendo sua pergunta, mas um segundo depois tudo começa a fazer sentido e, se eu não estiver sonhando, é bem provável que eu esteja...

— Morta? Eu estou morta? — sussurro, ao mesmo tempo em que olho tudo ao meu redor. Desesperada, começo a caminhar e a sensação de leveza me faz crer que a resposta para minha pergunta é sim, mesmo Íris não a tendo confirmada. — Santo Deus...Eu não posso acreditar que isso está acontecendo...

Era para ser assimOnde histórias criam vida. Descubra agora