Pedro
Aproveito a brecha que tenho na academia e corro até a joalheria de um aluno meu, que acabou se tornando um amigo. Assim que contei para ele sobre o meu casamento relâmpago, Norton me enviou o catálogo de suas peças mais bonitas e eu gostei muito de um modelo criado por um designer famoso.
Claro que eu não sabia disso quando as escolhi, mas o valor das peças foi justificado por isso e, como para mim, o importante é dar o melhor para Mariana, não pensei duas vezes.
Quando ele me ligou mais cedo dizendo que eu poderia ir buscá-las, eu fiquei muito feliz, afinal de contas, vou pedi-la oficialmente em casamento e as alianças serão de suma importância.
Assim que recebo a caixa revestida em couro vinho, a abro e, pessoalmente, as joias parecem ainda mais bonitas, principalmente a de Mariana ,que tem diamantes cravejados. Imagino que ficará linda em sua mão delicada.
Sem poder perder tempo, faço o pagamento e volto direto até a academia, meu dia está cheio e eu ainda quero ver se consigo ver a Lorena nem que seja escondido, a saudade está me matando.
Estaciono meu carro na vaga que é reservada para mim e assim que desço, me deparo com o Bruno para do em minha frente.
— O que foi que aconteceu, cara? — Preocupo-me, uma vez que sua expressão é a de quem está em choque.
— Pedro...Você... Cara... — ele balbucia palavras desconexas, mas não consegue formular uma frase sequer.
Imaginando que algo bem ruim tivesse acontecido na academia, corro para dentro dela, buscando encontrar um fato que explique o estado de Bruno.
Nada.
Aparentemente tudo está normal, alguns alunos seguem com seus treinos, enquanto outros conversam no meio do salão. A única coisa diferente de quando saí, é a porta da minha sala que, eu tenho certeza que deixei fechada e agora está aberta.
Sem mais, caminho rapidamente até lá , seguido por Bruno.
Assim que que entro, me deparo com duas pessoas, uma delas é Mariana e a outra, um homem que está de costas, eu não o reconheço. Ela também parece assustada e eu continuo sem entender nada.
— O que está acontecendo aqui? — questiono-os, completamente perdido.
Mariana desvia os olhos para mim e depois parece varrer o outro homem, dos pés à cabeça e, como se tivesse lido os meus pensamentos, ele se vira para mim e assim consigo entender a razão de estarem tão aturdidos.
O homem sou eu, ou melhor, alguém igual a mim.
Sem conseguir raciocinar, caminho vagarosamente até ficar bem próximo a ele que, assim como eu, também parece em estado de choque.
Olhamo-nos em análise, nos encaramos como estivéssemos de frente para um espelho.
Nenhuma palavra é dita, o silêncio impera, ao menos externamente, porque por dentro eu grito querendo entender como posso estar diante de alguém parece ser um clone meu ou, algo mais provável...Um irmão gêmeo.
— Você é...?
— Eu sou o Paulo Vargas, seu irmão — ele me interrompe para explicar o que eu já imaginava.
— Eu juro que achei que isso fosse uma brincadeira — Mariana se coloca ao meu lado, perplexa, e é só então que eu volto a ter consciência de sua presença.
— Olha, eu sei bem como você deve estar se sentindo e se quiser, eu venho outra hora — ele finalmente fala e sua voz também é igual a minha.
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Era para ser assim
RomansaPedro Motta Assunção é um homem que teve uma infância difícil, marcada por traumas e rejeições. Quando acredita ter encontrado a felicidade, uma tragédia marca sua vida e o coloca dentro de um grande desafio: criar sua filha recém-nascida, sozinho...