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A segunda feira chegou e Nathan continuava odiando o mundo como se nada tivesse mudado.

Era uma segunda nublada em que chovia para um caralho logo de manhã, mas Nathan, com todo o seu privilégio de dirigir e ter um carro, mal notou a chuva até chegar à faculdade. Mesmo assim, ele ainda estava de mau humor por que normalmente Nathan saía de casa movido pelo o ódio.

Era a vitamina predominante no seu corpo.

O mundo não deveria ter virado de ponta cabeça agora que Nathan conhecia a sua alma gêmea? Nada realmente mudou, a única diferença é que agora ele só se encontrava mais confuso, sabendo que sua alma gêmea não era uma garota e todas as outras coisas que esperava que seria. E também era estranho – mas não de uma forma ruim – finalmente ter a certeza que sua marca não tinha nada a ver com o seu pinto.

Nathan ainda não respondeu o pedido de amizade Miguel. Não por ter esquecido ou por não ter pensado sobre. Pelo o contrário passou o final de semana inteiro preso com o celular, e nem saiu mais depois da sexta feira (tirando as ocasionais passeadas obrigatórias com Brutus, em quais não encontrou Miguel de novo).

Na realidade ele só não sabia o que fazer.

Não sabia que mensagem mandar, já que não sabia o que queria. Seria apenas amigo de Miguel? Ou tentaria ter algo romântico com ele? E conseguia? E Miguel queria? Os dois deveriam tentar ou simplesmente deixar para lá? Eles sequer funcionariam?

Antes que conseguisse entrar em outra espiral de pensamentos não produtivos, alguém bateu forte no vidro do seu carro.

Em vez de abaixar o vidro, Nathan abriu a porta e desceu. Isso obrigou Roger a fazer o mesmo, da forma mais desastrada e socialmente ansiosa que só ele conseguia para algo tão bobo.

"E ai, Nathan!" Caio, um dos caras do time de basquete, exclamou. Ele não era muito diferente do padrão de engenharia: Branco, alto, musculoso pelo o basquete, com traços medianos que faria boa parte das pessoas o considerarem bonito.

Eu não vou descrever os outros figurantes do time ou de engenharia aqui, por que acredite, eu estaria apenas copiando e colando narração.

"E ai namorada do Nathan." olhou para Roger.

"Caio!" uma das meninas no grupo grande de Caio exclamou. Ela parecia familiar, mas Nathan não conseguia lembrar-se do nome dela por nada. "Deixa de ser rude com o menino. Que desnecessário."

Nathan não precisou olhar para a cara de Roger para saber que ele estava com a expressão de um cachorro abandonado. Puta que pariu. Nathan defendeu Roger a vida toda, mas estava muito cedo para isso em uma segunda feira.

"Mimimimi," Caio fez uma imitação terrível da menina, expondo a pouca quantidade de neurônios que ele possuía. "é só uma piada Milena, que chata."

"Ignora ele." Renan interviu com um sorriso cheio de dentes e a cara de fuinha drogada que ele tinha. Renan sempre estava calmo, o que fazia parecer que ele estava sempre brisado. Era o único entre os amigos de Caio que Nathan gostava (foi Renan que evitou os dois quebrarem a cara um do outro e serem expulsos do time de basquete várias vezes). "O Caio fez cosplay de garotinho popular e valentão de high school 'no Halloween e nunca mais parou."

"Ei! Vai se fuder!" Caio exclamou para Renan, que o ignorou com sucesso. O bando deles riu. Nathan só conseguia pensar que ele e Roger iriam se atrasar e isso chamaria muita atenção.

Não era possível um cara do tamanho de Nathan entrar discretamente em uma sala.

"Você vai para a aula, Nathan?" Milena o perguntou simpática. Ela tinha uma altura mediana, com um corpo mediano, cabelos castanhos, pele branca e rosto mediano. Era assim que Nathan a via, como uma média. Nada mais.

Naaah. Nathan pensou de forma inteligente. Dica: Essa negativa não foi direcionada à pergunta que Milena acabou de fazer, pois Nathan não consegue ligar menos para qualquer coisa que ela diga para ele. Eu disse que ele era misógino.

"Vou, óbvio."

"Ih cara, sai dessa." Caio entrou na conversa novamente. "O Lesminha passa lista. Vem ficar com a gente."

Nathan revirou os olhos. O professor não passava lista nenhuma, mas ele que não iria dizer. Caio merecia ficar desesperado, pelo menos um pouquinho. Ele era supostamente um adulto, então deveria lidar com as próprias faltas.

"E ficar fazendo o quê?" Nathan questionou.

"A gente vai vender os ingressos das Basqueteiras." Caio apontou para os garotos da sua república, e para as garotas que namoravam esses garotos, menos Milena. Ela era amiga de alguém e claramente não se encaixava no bando de Caio. "Vem com a gente, seu vagabundo, pelo o time!"

Correção: Pelos os garotos da república de Caio que também jogavam basquete e faziam essa festa ridícula para conseguirem dinheiro para os jogos universitários – sim, os atletas pagam para jogar, mesmo que não seja uma grande quantia comparado com o resto do público.

Como os jogos universitários seriam na cidade que viviam naquele ano, o preço que teriam que pagar estava mais baixo. Pois se tivessem que jogar em outra cidade, seriam obrigados a pagar alojamento junto com os jogos e as festas – óbvio que ninguém ia comprar um pacote sem festa. Essa opção nem existe!

Nathan ouvia tanto que ele fazia pouco pelo o time. Apenas por que ele não era fascista sobre o basquete, como Caio e o resto do seu grupinho era.

"Eu não." ele deu um sorriso sarcástico. "Não quero que me confundam com gente de república."

Exatamente como queria, o comentário rendeu vaias altas e puro escarcéu. Essa foi a chance que Nathan conseguiu para fugir dali com Roger. Então Milena exclamou, correndo em sua direção:

"Me espera. Eu vou também." quando ela o alcançou, lhe deu um sorrisinho tímido.

"Ai que nojooo Milena! Dá logo para ele!" Caio exclamou, fazendo Milena corar e se encolher, claramente desconfortável. O bando de Caio, um por cento mais sensatos do que ele, percebeu a reação da garota com a brincadeira e deu uns cascudos em Caio por isso, o tirando do estacionamento.

Roger deu um sorriso amarelo, mas solidário para Milena.

"Relaxa. No apocalipse o tipo do Caio vai morrer primeiro." ele a consolou. Nathan olhou feio para o nerdão, enquanto Milena ria de nervoso. "Que foi? É verdade! Ele deve pedir ajuda para a babá para amarrar os tênis."

"Mas quem disse que a gente vai ficar vivo?" Milena retrucou arqueando as sobrancelhas. Roger e Nathan trocaram um olhar: Ela tinha um bom ponto.

"Eu posso garantir que esse cara aqui não sobrevive um dia." Nathan disse pegando Roger pela a nuca e o incomodando até a morte. "E ele vai acabar me matando."

"Saiba muito bem que eu li o Protocolo BlueHand duas vezes!" Roger exclamou ao finalmente conseguir se livrar do agarre brincalhão do melhor amigo. "E eu me sacrificaria por você, porra." murmurou com bico.

Milena riu e Nathan também, mas ele preferiu não continuar com a conversa.

Por que ele faria o mesmo e até mais por Roger, e o babaquinha não precisava saber. Ninguém precisava saber. 

Peixes Fora do Aquário (✔)Onde histórias criam vida. Descubra agora