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Nathan não esperava por aquilo.

Ele entendeu que os amigos de Miguel também estavam frequentando as festas, apesar de não perderem o tempo com os jogos de verdade – assim como boa parte das pessoas que atendiam o evento.

Diferente de Miguel, ninguém precisou obrigá-los a participar.

Mas Nathan não esperava realmente que acabaria passando a última festa com eles. Talvez ainda fosse o trauma da lanchonete falando, por mais que tenha resolvido isso. Provavelmente era a primeira vez na vida que era incluído em um grupo tão grande de amigos para comemorar algo.

Ele e Roger iam para um monte de shows graças ao gosto musical superior dos dois, muito obrigada. Mas o número de festas que foram juntos foi um total de três, e nenhuma das três foram agradáveis.

Geralmente, Nathan se misturava entre o pessoal do time, e o pessoal do time se misturava com as pessoas mais babacas da faculdade, como machos brancos de Medicina. Fazia isso por que era a forma mais fácil de ficar bêbado o suficiente até esquecer o próprio nome e assim "aproveitaria" ao "máximo".

Não daquela vez. Estava com Miguel, então também estava com Mônica, Diana, Alb, Titi, Cass, Milo, Eddie e todo o time de basquete feminino.

Poucas coisas superavam a surpresa do time de basquete feminino.

"Parabéns pela vitória, Nathan." Dandara soou sincera contra o barulho da música, Electra sorrindo como o Gato Chesire do seu lado. "Já 'tá pronto 'pra sabotar o time?"

Dandara era impossível de se ignorar com o coque alto de tranças grossas na cabeça, o top negro e curto de alças, e a calça bem folgada da mesma cor com várias correntes de prata penduradas no cinto, algumas feitas com argolas ou com uma argola em individual no final, penduradas pela extensão do colo. Ela tinha um chaveiro de prata do símbolo feminino, também o símbolo do feminismo, sobre a cintura de forma discreta e usava coturnos da mesma cor que o resto da roupa nos pés, sem se importar em sujá-los de lama.

Electra estava no mesmo nível de destaque da namorada, com o cabelo longo solto e a peônia entre as madeixas um pouco acima da orelha, usando um vestido curto também de alças que começava no baixo do busto e era de prata holográfico, refletindo todas as luzes da noite e brilhando mais do que qualquer um.

Nathan riu de nervoso.

"Sem pressão, hem?"

"Ué, isso não foi pressão o suficiente?" Dandara retrucou ao piscar os olhos de forma confusa.

A risada de Electra em seguida fez Nathan temer pela vida ao mesmo que se divertia. Era um sentimento bom, apesar de tudo. E esse sentimento bom só se ampliou quando as outras garotas o elogiaram e o xingaram ao mesmo tempo, ainda um tanto hostis com ele.

Já era um avanço enorme.

O espaço das festas era gigantesco a ponto de caber três palcos. Mas não era nada memorável, sendo apenas terreno espaçoso de terra que ia molhar e virar lamacento de alguma forma, chovendo ou não, mesmo sem caminhão de pipa – óbvio, estava de noite e por consequência estava frio.

Existiam duas tendas brancas grandes servindo de ambulatório – mais necessário do que se pensa nesse tipo de festa - e do lado de um dos ambulatórios havia o único ambiente com um teto de verdade, sem ser uma tenda, com o chão coberto de pedras. Era uma pequena praça de alimentação com preços exorbitantes.

Por fim, do lado da praça alimentação, estavam fileiras quase intermináveis de banheiros químicos separados por gêneros. Com certeza eram banheiros nojentos, mas no alto da madrugada ou até mesmo no começo da manhã, quando se está altamente alcoolizado, é possível se considerar um banheiro químico um ofurô.

Peixes Fora do Aquário (✔)Onde histórias criam vida. Descubra agora