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Você, e quando eu digo você, eu estou me referindo diretamente a quem lê, exatamente como a provocadora que eu sou quebrando essa história o tempo inteiro com meus próprios comentários. Eu sei que você se diverte, pois se não, não teria chegado tão longe.

Mas então, você vai ficar surpreso se eu te dizer que o time de Dandara venceu os jogos universitários? Acho que não, né? Afinal de contas, com a personalidade forte daquelas garotas e a determinação que foi citada tantas vezes aqui, faz sentido.

Vai ficar surpreso de verdade com o fato que Nathan as assistiu todos os dias. E torceu por elas intensamente ao lado de Miguel, Milo e Eddie. Ele nem poderia esconder mais àquela altura: Era fã delas. Elas o lembraram o quanto o basquete era divertido e enriquecedor, mesmo que só pudesse assistir.

As vezes era o melhor que poderia e deveria fazer: Assistir e apoiar outras pessoas.

Depois da vitória das garotas, Nathan tinha uma conversa marcada para depois dos jogos universitários com a professora do curso de música que era casada com o treinador. Ela não gostava dele, porém gostava menos ainda do time de basquete e da Atlética do campus.

Então era perfeita para apoiar a saída de Nathan do time em nome da causa do time feminino. E, mais do que só apoiar, espalhar entre a faculdade e fora dela, com visibilidade o suficiente. Electra e Nathan planejaram isso juntos, com a garantia que daria certo graças ao troféu das meninas. O primeiro troféu de um time feminino dentro do campus deles.

Com certeza a Atlética ia pegar fogo nas semanas seguintes dos jogos universitários.

E Nathan ajudaria com a gasolina sem pensar duas vezes, mesmo sabendo que iria muito bem pegar fogo também.

Agora tudo que faltava era o seu time ganhar também.

Nathan pingava suor e não era só de exaustão física e dor.

Sempre se esforçava em não desesperar quando focado em ganhar, principalmente nos jogos universitários. Nada daquilo realmente importaria depois que terminasse a faculdade.

Mas o esforço era sempre derrotado ao se lembrar que aquele seria o seu último jogo no time. Ele precisava fazer a experiência valer, precisava se superar. Esteve fazendo isso várias vezes nos últimos dias, o basquete não poderia ficar de fora.

Aquele time precisava sentir falta dele quando saísse. Melhor, sentiriam medo por não o ter mais no time.

Sem que percebesse, também suava frio por conta da pressão psicológica que criava dentro da cabeça.

"E aí Maldotado. Cresceu um bocado desde o ano passado, hem."

Nathan respirou fundo ao ouvir perfeitamente um dos babacas do time rival e finalista como o dele. Apesar de toda aquela familiaridade grotesca, Nathan não fazia ideia quem era e também não queria.

O último jogo, o jogo decisivo, ainda estava para começar e Nathan e o babaca encontravam-se inclinados no centro da quadra, esperando o juiz começar o jogo próximos demais para o gosto de Nathan.

Era por conta da proximidade desagradável que poderia ouvi-lo perfeitamente contra o rugido da arquibancada naquele momento de tensão, misturado com os sons da bateria que parecia tocar no mesmo ritmo do coração de Nathan, pulsando dentro dos seus ouvidos.

"Fico me perguntando quanto disso aí é esteroide." o babaca continuou, e Nathan apenas grunhiu, sem acreditar o quanto aquele juiz estava demorando para começar a porra do jogo. "Seu namorado já sabe que 'tu usa?" isso fez Nathan finalmente olhar para o babaca, dar a reação que ele queria. O infeliz riu. "Ou ele que é o traficante? Faz sentido. Mas fala aí mano, desde quando tu é viado? Vou te falar, é meio estranho um japa desse tamanho dando a bunda, mas acho que o seu pinto era muito pequeno 'pras garotas né?"

Peixes Fora do Aquário (✔)Onde histórias criam vida. Descubra agora