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Quem acordou Nathan foi a dor.

Todos os ossos do corpo doíam. Todos. Ele grunhiu baixinho, sentindo-se um lixo completo enquanto forçava o corpo a sair da posição que causara toda a dor desde o começo.

Nathan dormiu em cima da escrivaninha.

Eram quatro horas da manhã de um sábado, faltando um dia para os jogos universitários. A contagem ficava cada vez menor e menor e, por razões óbvias, Nathan transbordava estresse, com dificuldades para nadar no mar que se formava.

Parecia que tudo se acumulava rápido demais, mesmo quando já havia adiantado um par de coisas para poder se focar apenas em jogar bem durante o feriado de três dias. Quase como mágica, sempre aparecia mais para ele fazer.

Não ficou surpreso ao perceber que desmaiou por exaustão por sete horas sobre os braços, sentado em um espaço pequeno que ficava menor por conta do tamanho. Podia muito bem ter morrido durante o sono, assim poderia descansar o suficiente e não teria que lidar com as consequências ao acordar depois.

Como os mesmos movimentos de um zumbi, tudo que conseguiu foi cambalear no escuro do quarto até a cama e se jogar sobre o colchão macio. Não sabia quem era, não sabia o quanto estudou e o quanto não havia estudado, não sabia nada.

Se lhe perguntassem no momento se a Terra era plana, Nathan só teria capacidade de dizer: "O que é plana? Por que uma Terra seria plana?"

Tudo que distinguia, por questões físicas, era o estresse e o cansaço e não fazia ideia como iria dormir novamente para acordar mais tarde e voltar a estudar.

E não possuía a opção de não estudar.

Nathan cobriu os olhos com o braço, fechando-os em seguida, com as costas esticadas sobre o colchão. Apreciou o fato de não ter roupas o incomodando naquele momento, pois não conseguia dormir com nada além da cueca.

Tinha plena consciência que não adiantava apenas ficar deitado de olhos fechados esperando o sono, pois enquanto estivesse estressado e irritado daquele jeito não iria dormir até relaxar.

Ficando mais incomodado por segundo, vasculhava a mente em procura de algo que o relaxasse. Só queria poder aproveitar a própria cama sem precisar pensar em nada. Será que isso era pedir demais?

Inconscientemente, sua mão livre parou sobre a parte mais baixa do peito, sobre a virilha. Iria continuar parada no mesmo lugar, até Nathan ter uma ideia.

Na verdade, não tinha forma melhor (e mais rápida) de relaxar.

Nathan acabou se questionando quanto tempo se passou desde a última vez que se masturbou ou comeu alguém.

Ok, masturbação era um pouco mais recente, mas sobre transar... Era a primeira vez na vida adulta que esquecia completamente da vida sexual, com uma facilidade incrível que realmente não esperava por.

Bom, não era possível resolver o segundo agora, mas o primeiro era completamente viável...

Afinal, o maior problema de Nathan sempre foi a energia acumulada. E essa energia dobrou com o tanto de coisas que esteve pensando naquele final de semestre, para além das suas obrigações comuns. Conseguiria silenciar as crises existenciais pelo tempo que durasse.

Nathan respirou fundo ao tirar o braço sobre os olhos e encarar o teto branco do quarto por um instante, embebido no completo silêncio dentro da sua casa durante a madrugada, antes de fechar os olhos mais uma vez e se concentrar em se dar um pouco de prazer, algo raro nos últimos dias.

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