Daora o sentimentalismo do último capítulo, mas agora quem estava paralisado era Nathan.
Roger acabou decidindo que iria ao restaurante após tomar o remédio para ansiedade e passar algum tempo ruminando embaixo da pilha de roupas com seu pintinho.
Dessa forma, o restaurante os encarava da esquina, ambos dentro do carro de Nathan após terem acabado de chegar. O ambiente claramente mexicano, até um pouco estereotipado, era belíssimo com várias velas em tons quentes e terrosos, com pessoas rindo e comendo na parte externa e móveis de madeira clara contrastando com a cor turquesa das paredes.
"Nathan, a gente chegou." Roger piscou confuso para o melhor amigo.
"Sim," Nathan respondeu entre uma respiração, sem mexer um músculo. "eu sei."
"Cara, por que nós dois estamos agindo como se estivéssemos indo para a guilhotina? Eu tenho certeza 'que não era isso que a Dupla do Pinto queria quando nos chamou." Roger exclamou.
Nathan acabou rindo de nervoso. Ele encontrou Roger sorrindo (também de nervoso) ao olhar para ele, percebendo que tentava animar ambos com as piadas ruins de sempre.
"Eu acho que se qualquer um dos dois ouvir você os chamando assim, a gente é expulso na hora."
"Mas a gente também é uma Dupla do Pinto. Então a gente pode."
Nathan respirou fundo enquanto reunia o máximo de coragem possível. Nem mesmo o basquete, quando precisava jogar contra times bons e intimidantes, o deixava tão nervoso dessa forma. Bom, pelo menos quando entrava para jogar sabia o que precisava fazer e que era bom naquilo...
"O nosso tempo de amarelar 'tá acabando." Roger avisou, olhando um relógio imaginário no pulso. Nathan grunhiu.
"Obrigado, Roger. Foi exatamente para isso que eu te trouxe, 'pra você encher a porra do meu saco." resmungou enquanto finalmente saía do carro. Roger não se importou nem um pouco, porque sem Nathan ele não conseguiria entrar.
Chegaram à esquina do restaurante e entraram sem encontrar nenhum funcionário na entrada ou fila. A primeira coisa que viram lá dentro foi um memorial embutido a parede com prateleiras dedicado à Frida Kahlo e seu marido, com fotos, pinturas e caveiras mexicanas adornando as prateleiras.
A segunda coisa, primeiramente ouvida e depois vista, foi uma tocando ao vivo. Havia um pequeno palco dentro do restaurante com uma banda e uma cantora alta e esguia, com cabelos armados e crespos castanhos emoldurando o rosto negro de traços belos e amplos, olhos amendoados.
Corazón, tú sí sabes quererme como a mí me gusta
Soy la flor encendida que da color al jardín de tu vida
Corazón, tú sí sabes quererme como a mí me gusta
Por favor no me dejes que soy valiente en corresponderteCasais dançavam juntos à frente do palco, de diversas idades e diversos gêneros. A boca de Nathan caiu ao reconhecer uma garota muito, mas muito bonita entre eles.
Note que normalmente garotas não chamavam a atenção dele.
Ela tinha cabelos longos lisos e negros, contrastando com a pele muito branca, olhos cinzentos e um sorriso gentil nos lábios vermelhos em formato de coração. Dançava de forma divertida e brincalhona com o seu parceiro, não vendo mais ninguém.
Existiam alguns casais que tornavam possível reconhecê-los instantemente como almas gêmeas. Como se fosse possível ver faíscas de eletricidade entre os dois quando interagiam. Exatamente como a garota bonita e o seu parceiro um pouco mais alto, talvez um centímetro apenas, de pele negra, olhos e cabelos grandes, cacheados e armados do mesmo tom mais escuro e profundo de vinho, que misturava-se com marrom. Mas o garoto era definitivamente ruivo.
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Peixes Fora do Aquário (✔)
HumorNathan Breno Duarte Maldonado, ou Maldotado como costumam chamá-lo, vive em um mundo em que todos possuem uma alma gêmea e a denominação disso está escrita no seu pulso como a primeira frase que vai ouvir dessa pessoa. Nathan cresceu complexado com...